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Pelo fim da oligarquia

Protesto que pede democratização do clube foi censurado pela polícia militar, no jogo contra o Botafogo

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Oligarquia, do grego oligarkhía, significa “governo de poucos”. É a forma de governo em que o poder político está concentrado num pequeno número pertencente a um grupo, família, partido ou corporação.

É o que acontece hoje no Esporte Clube Vitória. E contra isso luta o grupo Vitória Popular, formado por jovens sócios-torcedores de arquibancada. Politizados, eles ganham cada vez mais destaques pelos protestos que realizam no Barradão.

Mas nesse domingo, na derrota diante do Botafogo, eles foram surpreendidos pela apreensão, por parte da polícia militar, de uma faixa com a frase título desse texto: Pelo fim da oligarquia.

Os policiais dizem se basear no artigo 13-A, inciso quarto, do Estatuto do Torcedor, que diz que os torcedores não podem “portar ou ostentar cartazes, bandeiras ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo”.

“Evidentemente, racismo, xenofobia, ou qualquer tipo de preconceito devem ser combatidos exemplarmente – como, inclusive, ocorre na Europa, onde a discriminação nos estádios é algo frequente. Assim como o racismo, calúnia e difamação são outros crimes que devem ser punidos. No entanto, os protestos realizados pela torcida do Corinthians neste domingo em nada ferem a liberdade de expressão que deveria ser regra em um país democrático”, escreveu o site da revista Veja em acontecimento semelhante no Itaquerão, em Sao Paulo.

O anseio dos integrantes do Vitória Popular, no fundo, é equivalente ao de muitos que acompanham o Vitória: sentir-se parte do clube. O desejo, no entanto, está no caminho contrário ao que é discutido entre os pseudos donos do clube, que atualmente brigam entre si pela implantação de um estatuto que favoreça seus próprios interesses.

Ou seja, brigam para manter a detestável fama de elitismo que o Vitória possui e afastá-lo cada vez mais de sua torcida – que por sua vez, desesperada por um alento, acaba ressuscitando líderes do passado como possível salvação.

O torcedor não quer mais apenas vibrar com as vitórias e sofrer com as derrotas. O torcedor quer e merece saber o porquê desse resultado. Ele quer ter acesso aos balanços financeiros do clube, quer entender porque o elenco não é melhor qualificado, quer sugerir onde deve ser a prioridade de investimento durante o planejamento anual, enfim, o torcedor quer fazer parte do clube.

Pelo fim da oligarquia, o Vitória Popular garante não se calar. O grupo precisa do apoio de quem pensa da mesma forma. Não é hora de desfazer o Sou Mais Vitória. É hora se unir para em dezembro iniciar uma nova história no Esporte Clube Vitória.

A luta pela democracia é árdua, mas é nobre. E se as arquibancadas de cimento do Barradão estão reféns de leis do tal futebol moderno, esta coluna do Arena dispensa contradições e amplifica o protesto censurado: Pelo fim da oligarquia.


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