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Rejeição se destaca em debates sobre a eleição no Vitória

Discussões entre torcedores destacam mais pontos negativos dos candidatos do que, por exemplo, suas propostas.

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Foto: Montagem/Arena Rubro-Negra

Restam pouco menos de um mês para as eleições que definem os novos dirigentes do Esporte Clube Vitória. Por enquanto, sete nomes já surgiram como cabeças de chapa de conselho deliberativo e conselho diretor, acirrando a disputa entre os concorrentes e seus eleitores.

O fato curioso é que, embora seja um pleito que ocorre dentro do mundo do futebol, o clima é muito semelhante às disputas político-partidárias do Brasil contemporâneo, onde a rejeição aos candidatos e seus apoiadores lideram os argumentos entre os votantes.

Das quatro chapas pré-confirmadas à disputa, três já anunciaram os dois principais nomes, respectivamente para o conselho diretor e deliberativo. Vitória Cada Vez Mais Forte, com Raimundo Viana e Pedro Godinho; Vitória de Todos Nós, com Ricardo David e Christóvão Rios; e Vitória do Torcedor, com Ivã de Almeida e Paulo Catharino Filho;

A chapa Vitória Gigante, última a dar as caras para a disputa, ainda não divulgou nome para a presidência do clube. O grupo aposta em uma reedição da dupla Paulo Carneiro e Walter Seijo no comando, respectivamente, da diretoria de futebol e do conselho deliberativo.

A maioria dos concorrentes já trabalham nas redes sociais para a divulgação de propostas, mas o que motiva o debate entre os eleitores é justamente as manchas das fichas de cada um. Por conta do estatuto que rege o clube, obrigatoriamente todas as chapas precisam ter membros que já integraram outras gestões.

No caso de Raimundo Viana, atual presidente, a gestão negativa no futebol, que pode inclusive render o terceiro rebaixamento da “Era Alexi” no Vitória, é o principal ponto de críticas da torcida. Viana faz parte do grupo que comanda o Leão desde 2006, liderado pelo ex-presidente Alexi Portela Jr.

Outro que também pertence a esse grupo é o candidato Ricardo David. Diretor estatutário do clube no mandato de Carlos Falcão (2014), David rompeu com o grupo atual, onde dirigia o marketing, e montou chapa própria para as eleições. Seu envolvimento com os antigos aliados é questionado por concorrentes e eleitores contrários.

Na chapa de oposição, há rejeição a nomes que compõe o grupo, como os dos ex-presidentes Adhemar Lemos Jr e Jorginho Sampaio, como também ao candidato à presidência, Ivã de Almeida, que embora mantenha a coerência ideológica ao disputar pela terceira vez uma eleição contra o grupo de Alexi, deixa dúvidas sobre sua capacidade administrativa.

Por último, a dupla Paulo Carneiro e Walter Seijo são as figuras onde a distância entre apoiadores e odiadores se torna mais distante. São típicos oito ou oitenta. Carneiro e Seijo foram responsáveis pela ascensão do Vitória nos anos 1990, mas pagam um alto preço por ter deixado o clube na Série C em 2005. Soma-se a Carneiro um processo judicial contra o próprio clube e um envolvimento profissional com o maior rival do Vitória na Bahia.

Carneiro também responde pelo seu perfil centralizador, que embora tenha trazido bastante conquistas ao rubro-negro ao longo dos seus mais de 15 anos como gestor, não dialoga com o principal desejo da torcida, que sonha em ter um clube aberto, democrático e participativo. A propósito, a reformulação do estatuto é a principal bandeira de todas as chapas.

A diferença entre uma proposta e outra é a forma como essa abertura do clube deve acontecer. Uns defendem eleições diretas para presidente do conselho diretor com a candidatura de torcedores recém-associados. Outros defendem filtros, como um período de associação. Para uns, políticos devem exercer cargos. Outros pensam o contrário. Tem chapa que defende um Barradão melhorado, moderno, mas sem grandes investimentos. Outros planejam uma Arena Multiuso.

Pode parecer, no fim, que as chapas prometem a mesma coisa em vozes diferentes. Mas o torcedor precisa tomar cuidado. Analisar todas as propostas minunciosamente e escolher aquela chapa que fará realmente a transformação que o Vitória precisa. E lembrar-se que se não há opção além da farinha do mesmo saco, melhor pensar na feijoada que irá recebê-la.


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  1. Seria bom que todos os torcedores lesses esse texto e se conscientizassem das opções que temos. Principalmente o penúltimo parágrafo. Acho que é indiscutível que o principal são as eleições diretas. E também acho coerente que pra ser candidato seja necessário um tempo mínimo de associado. Quanto a uma Arena Multiuso, isso é utopia antiga. Talvez, quando um dia o clube conseguir se estruturar de forma consolidada, possamos pensar de fato nisso.