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Até que ponto a Arena Fonte Nova é melhor? Como o Barradão pode melhorar?

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Se tem uma coisa que nós torcedores do Vitória sempre nos gabamos foi de ter nossa casa, nosso estádio, nosso santuário, nosso Barradão. Ultimamente nosso ego inflou mais ainda depois de também termos uma “casa de recreio”, um estádio pra brincar de vez em quando. Mas, até quando isso é bom? Até que ponto esse desfrute da Arena Fonte Nova vale a pena?

Depois do sucesso que foi o jogo contra o Mogi Mirim (goleada, festa nas arquibancadas), muitos torcedores saíram defendendo a ideia de jogar mais vezes lá, inclusive dizendo que pra jogos de meio de semana seriam sensacionais, por diversos motivos. Vamos desmitificar alguns desses e em outros, ver alguma maneira do Barradão “aprender” ou seus dirigentes fazerem um esforço para isso:

TRÂNSITO: esse é um dos principais motivos para que prefiram jogos lá. A ótima localização, centro da cidade, variedades de vias e caminhos para chegar e sair. Ônibus que vão a quase todos os cantos da cidade e agora o metrô. Diferente do Barradão, que tem duas ou três vias no máximo, transporte público escasso (não só para o torcedor, mas para a população que mora na região). Bem verdade que ambos engarrafam em dias de jogo, mas como os órgãos encaram e trabalham nesses locais, é de uma diferença imensa. Se no Centro há pessoas ainda de uma classe abastada que precisa chegar logo em casa e ninguém em sua porta, na região de Canabrava é diferente onde o caos de carros e ônibus impera, o que nos leva a:

SEGURANÇA: este quesito é talvez o motivo principal, o que pode haver algum mito. Se a insegurança existe no entorno do Barradão, ela também existe em Nazaré. Se os problemas sociais vagam por Canabrava, via Regional e São Rafael, eles também vagam pela Ladeira da Fonte, Ladeira do Pepino e Cova da Onça. Há relatos de assaltos e até homicídios nos arredores do Barradão, após algum jogo, onde meliantes aproveitam o engarrafamento para agir. Entre Nazaré e Dique, não é muito diferente, quando por exemplo um jogo terminar tarde e ter que encarar um Dique deserto para pegar ônibus (e nem mencionei o fato de que for de carro ter que conseguir vaga em local movimentado e não seja multado).

VIOLÊNCIA: este motivo poderia se encaixar no anterior mas preferi separar para tratar de um assunto: a briga entre as organizadas rivais. Os arredores da Fonte Nova é “território hostil” para os torcedores rubro-negros, pois muitas organizadas (ou ramos) do time rival tem sua sede próximo, até para facilitar na logística e tudo mais. Isso pode ser um prato cheio para que tanto organizadas de lá quanto de cá se enfrentem como nas épocas das guerras bárbaras, brigando por território. O último jogo (terça, 15) teve um ocorrido antes do jogo, onde torcidas do Vitória e do Bahia se enfrentaram na estação do metrô do Campo da Pólvora. E partindo desse pressuposto, ocorrências como essas podem acontecer nas oportunidades que o Vitória jogar contra outro time lá, infelizmente.

ESTRUTURA: não dá para comparar as estruturas, pois a Arena Fonte Nova representa o futebol moderno, novos conceitos de assistir a um jogo, acústica aumentada, vários eventos acontecendo no mesmo horário, tecnologias como os telões, mas ainda tem muitas deficiências. Uma delas são as catracas, onde de tanta tecnologia que tem nelas, ainda dão problemas e “panes”, atrasando o torcedor e criando tumulto. A venda dos ingressos é outro grande problema do estádio, onde não há comunicação para o torcedor sobre preços e formas de pagamento, além de “acabarem” os ingressos sem nenhum aviso prévio. O Barradão é ainda aquele estádio à moda antiga: o espetáculo deve estar em campo e não fora dele. O aconchego de um estádio pequeno, onde sentar no concreto e se agarrar no alambrado ainda fazem parte da cultura e folclore do torcedor brasileiro. Para manter uma estrutura nesses moldes, é caro e talvez por isso, a demora em modernizar nosso estádio venha se arrastando (ou nem aconteça). Defendo a modernização do Barradão, a sua estrutura, mas sem perder esse aconchego e a mística de um alçapão.

FINANCEIRO: é a outra parte vista como “vantajosa” para  jogar na Fonte. Independente da renda após o jogo, geralmente os valores já são acertados e adiantados, mas como toda negociação, pode mudar essas formas. No Barradão, toda a renda é do Vitória, afinal, casa própria todo lucro é nosso, mas uma renda oriunda de uma média de 7 mil torcedores por jogo (número pífio) sendo que desses muitos já são sócios, já contribuem financeiramente. Na Fonte Nova, essa média mais que dobra, portanto o dinheiro destinado ao Vitória acaba sendo um pouco maior do que jogar na própria casa (um pouco maior pois parte do dinheiro já é descontado para manutenção, pessoal, tudo envolvido antes e durante o jogo). Para que o Barradão reverta isso, é necessário uma média maior de público, um número maior de sócios e para que isso aconteça, os quesitos já citados acima sejam revistos.

GRAMADO: um fator marcante, a diferença de gramado entre os estádios. No jogo contra o Mogi, vimos o potencial do time, a rapidez e a velocidade que foi imposta e a tempos que a torcida não via. Já no Barradão, o gramado não deixa essa velocidade acontecer, prende a bola e deixa o jogo um pouco mais lento. Por isso a pergunta: onde está o gramado padrão Fifa que foi colocado no Barradas? Tantos treinos no estádio de Pituaçu para “descansar” o gramado e ainda continua ruim, sem uma manutenção apropriada?

Os quesitos acima são só alguns dos que consegui e achei de destaque para confrontar a escolha entre os estádios, podem haver outros (e há), mas os deixo para vocês leitores colocarem e debaterem. Não fiz distinção se desejo um ou outro, ambos tem suas vantagens e desvantagens, mas achei importante desmitificar algumas coisas que podem ter passados despercebidos diante a euforia que foi o sucesso (“aha, uhu, a Fonte Nova é nossa!”). Porém, há um último quesito que gostaria de encerrar e talvez, demonstre a minha escolha.

CARGA HISTÓRICA: se há algo que o Barradão tem e muito, é história. São 29 anos de muita emoção, de futebol com suas alegrias e tristezas, de gols e gritos. Todos esses fatores, aliado aos suores do gramados com as lágrimas das arquibancadas, criaram a mística que envolve todo o Barradas. A arquitetura que lembra a letra C, de Campeão, é algo único e marca registrada, com as árvores que finalizam as extremidades das arquibancadas, o barranco que serviu de repouso para torcedores que não conseguiam ficar mais perto, tamanho era o formigueiro de gente que lotaram em finais de Baiano, rodadas de Brasileiro e Copa do Brasil. As lindas festas que fomos protagonistas e espectadores ao mesmo tempo, como o “Barradas em Chamas”. O medo e o respeito dos adversários ao entrarem em campo e sentirem a energia que emanava das arquibancadas e brotava do gramado, lembrando um coliseu da Roma Antiga, afinal, não havia um leão: eram milhares de leões, rugindo fortemente, declarando que ali era a sua casa, seu território e provavelmente o adversário não sairia vitorioso de jeito nenhum.

Que me desculpem os saudosistas pela Arena Fonte Nova, mas a história que ela tinha, pra mim, ficou no passado. A carga histórica dela foi-se junto com a implosão. E o nosso Barradão, se Deus quiser, permanecerá de pé sempre, destacando-se entre os monumentos épicos da cidade. Pois até do céu, vemos a imagem do leão imponente, rugindo e imbatível.

 


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7 COMMENTS

  1. Me perdoe Diogo Lima acho que começamos a é rescrever a história da fonte nova e começamos bem 5 X 1.
    Um estádio como a fonte nova não pode ser desprezado. É uma outra opção.
    Observo também a quantidade de lesões musculares no time do Vitória ao longo dos campeonatos, que tem feito o time perder jogadores importantes, acredito que o gramado pesado do barradão contribua.
    Apesar de tantos pontos a favor da fonte nova o barradão é um patrimônio do clube e deve sim ser melhorado podendo tirar como exemplo a arena do Palmeiras, mas o Vitória deve também buscar parcerias e cobrar do governo do Estado e da prefeitura de Salvador apoio a seus projetos sendo uma delas a tal via expressa e os terrenos próximos ao Barradão.
    Só apartir do momento que as melhorias necessárias forem feitas aí sim pode- se deixar a fonte nova.

  2. Naum
    vejo maiores problemas em jogarmos na Arena51, desde que esses jogos
    sejam em virtude de situaçoes excepcionais como aconteceu recentemente
    na reforma do gramado ou quem sabe, futuramente, numa reforma nas
    dependências das arquibancadas (ou algo do tipo), no intuito de melhorar
    e agregar valor ao BARRADAO e consequentemente ao ECV.

    Outra
    situação possivel, seria a Arena51 oferecer ao Clube uma compensação
    financeira satisfatória q compensassem e justificassem a troca. Quando
    digo satisfatória, teria q ser algo bem superior ao que oferecem aos sem
    teto. Como acredito q isso naum venha acontecendo ou seja possivel de
    acontecer, naum consigo ver motivaçoes suficientes para mudarmos de casa
    por migalhas, desprestigiando e depreciando o BARRADAO q foi e eh nosso
    divisor de aguas…

  3. Barradão – é nossa casa, lindas recordações como a rua onde passamos a infancia mas a comodidade e a qualidade de vida nos leva a morar mais perto do trabalho, da segurança e do lazer.

    “Nossa” Fonte nova – Nós perdemos a maré da copa, poderíamos ser os donos do estádio da copa, naquela localização central, nos moldes do negocio que o palmeiras fez para ter sua arena, o complexo do Barradão deve valer uns dezenas de milhões na permuta. Construiríamos não somente um estádio mas o principal centro de convenções/hotel e ginásio da cidade.

    Pituaçu – O caminho ideal para o vitoria seria vender o barradão e comprar todo o complexo do estadio de pituaçu onde já foi investido mais de 70 milhões pelo gov. Para um COMERCIO, localização é tudo. Na principal pista da cidade, futuramente com o metro na porta é incomparável.

    Tudo que poderia ser construido na nossa-fonte-nova poderá ser construido em pituaçu. No rebatizado complexo já há campos extra que poderiam virar reais campos de treinamento. Basta olhar no maps e ver as dependencias extras do estadio, piscina e tudo. até cobertura total o estadio poderia ter.

    • Pituaçu tem um grande problema, ele é protegido por leis ambientais por estar dentro de um parque público. Fazer obras ali dentro é complicado se não for de responsabilidade pública. Resumindo é uma carta fora se não for algo de interesse público.

      • Olhando no googleMaps da pra ver que existem edificações que fazem parte do complexo do estadio. Quase 10 edificações numa “peninsula” envolvida pela lagoa e 2 campos de treino.

        Assumindo essa questões ambientais como problema, reforma dos campos existentes para o profissional e derrubaríamos essas edificações afastadas pra fazer mais uns 3 para a base, Sem derrubar uma arvore. Ao invés daquele prédio dos vestiários, 2 prédios prédios de 7 andares com a hotelaria, refeitórios, academia e administração do clube.

        Reintero que o amado barradão é inviável para acesso e investidores e que o ponto comercial deve estar perto e acessivel ao publico comercialmente ativo.

  4. Questao seguranca (estacionamento) se vc quer ser irregular e por na rua pra pagar menos do q a fonte, use uma forma alternativa, 6 reais shopping pegue um metro e seja feliz e esteja dentro das normas, ou entao arque com multa e nao chore depois…
    Violência, nao deveria discutir isso… Esta sujeito a isso em ambos estadios. Dia 15 como citado nem classico foi e teve problema, assim como ja vi outros problemas no barradao…
    Financeiro, a media de publico barradao/fonte nova vem sendo vista claramente jogo após jogo, nao sei se 40/60 imposto pela fonte vale mais a pena q 100% do barradas numa media de publico q é 50% a menos.
    Enfim, gosto do barradao pela carga historica pelo fato de poder assistir um jogo em pé em paz, la é nossa casa, fato… Mas tambem nao vou mentir q a comodidade da fonte é um fator q influencia muito (vias de acesso, meios de transporte, 6 reais de estacionamento, metro, e engarrafamento 0, no meu caso) e a media de publico faz provar q nao é apenas eu q penso dessa forma.