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Série “A melhor base do Brasil” parte 2: a defesa não é mais a mesma

Na segunda parte da série, vamos ver que não revelamos mais defensores como antes. E por que os reservas tiveram mais chances no time de cima do que os titulares?

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No texto passado, a primeira parte da série “A melhor base do Brasil”, expliquei o que trataremos nesses textos e com isso, comecei por aquele que comanda as táticas e ações: o técnico.

Hoje, veremos a defesa. Quando foi a última vez que revelamos um bom goleiro? Ótimos zagueiros? E os laterais então, cada vez mais escassos no futebol atual? Novamente tomando como base a triunfante geração de 2012 e relembrando outros nomes, veremos onde pode estar o problema.

GOLEIRO: pergunte a um torcedor qual foi o último bom goleiro que revelamos. A maioria talvez responda Felipe, que teve boas passagens por Corinthians e Flamengo e hoje atua pelo Figueirense. Alguns outros pode citar Fábio Costa. Há também quem cite Juninho (hoje goleiro do Red Bull Brasil) e os nostálgicos se refiram a Dida, vitorioso em sua carreira. Mas e hoje? No time sub-20, tivemos Gustavo, o jovem que viria a ser nosso grande goleiro no futuro. Com passagens pelas seleções de base, sendo capitão em competições internacionais. Por que ele ainda não vingou?

Atualmente ele faz parte do elenco profissional, porém machucado, mesmo antes não soube aproveitar as oportunidades, não passou segurança quando foi solicitado. O que é normal para um jovem, mas pra quem é impaciente, isso não é bom. Há quem defenda a possibilidade de emprestá-lo, para ganhar mais experiência. As boas contratações para o gol também dificultaram a vida do jovem na titularidade (exceto Douglas e Renan), mas ainda é um cara que pode vingar.

ZAGUEIROS: se tem uma posição que o Vitória revelou durante os anos 2000, foi a zaga. E ótimos zagueiros como David Luiz (há quem o ache estabanado até hoje, mas é jogador de Seleção), Wallace (campeão mundial pelo Corinthians e hoje no Flamengo), Anderson Martins (hoje curtindo a vida no Oriente Médio), Victor Ramos (indas e vindas pelo Vitória, hoje atuando pelo Palmeiras) e mais recente Gabriel Paulista (hoje no Arsenal e convocado para Seleção). Mas justamente depois desse último, não conseguimos revelar mais nenhum, ou revelamos e não tivemos paciência?

No time campeão sub-20, a zaga titular era Josué e Raphael Fontes: o primeiro está integrado ao elenco profissional mas nunca tem oportunidade nem de ser relacionado aos jogos e o segundo, mais desconhecido da maioria dos torcedores, também está desconhecido seu paradeiro, sem clube ao que parece apesar de hoje ter em torno de 23 anos apenas. Reserva nessa equipe, estava Matheus Salustiano que, com uma contusão de Raphael Fontes durante a Copa do Brasil sub-20 de 2012, assumiu a titularidade e caiu na graça da torcida que acompanhava os jogos, devido a sua raça e um certo faro de gol. Graça essa que logo foi embora quando subiu pro elenco profissional: com o nervosismo natural de um garoto, falhou algumas vezes e justamente em um BaVi, o que foi a deixa para a torcida pegar no pé e “barrar” ele do time. Chamado de “caneludo” e “bicudeiro”, nunca mais teve oportunidade de jogar como titular, apesar de algumas vezes ser relacionado. Seu estilo lembrou de outro zagueiro formado aqui e que muitos ainda guardam na lembrança como ruim: Junior Tuchê.

E uma dúvida surge: por que logo o reserva teve mais oportunidades do que os titulares dessa safra? Não se espante se a resposta for “manobra de empresário” ou coisa similar.

LATERAIS: eis um dos grandes problemas não só do Vitória, mas de todo o futebol brasileiro. A posição mais difícil de achar e revelar jogadores bons. Quando o leão rubro-negro revelou pela última vez bons laterais? Pra mim, só Rodrigo (da geração de 93) vem na lembrança, mas com certeza tivemos alguns razoáveis (como Fernandinho).

Todos os nossos laterais parecem que não aprendem o fundamento básico da posição: saber cruzar. É quase unânime que nossos laterais não sabem ir à linha de fundo e cruzar certo na área. No time de 2012 pelo sub-20, tivemos Dimas pela direita e Iuri pela esquerda, ambos fazendo um ótimo campeonato e a torcida pedindo para que subissem de categoria logo. Mas o que o Vitória fez? Emprestou-os. Dimas foi para o Botafogo daqui, jogou o Baiano de 2013, depois foi emprestado para o ABC, Jacuipense e hoje está no Confiança de Sergipe, emprestado claro. Iuri seguiu o mesmo caminho até o Botafogo-BA, depois foi para o Bahia de Feira e hoje atua pelo Operário Ferroviário do Paraná. Nessa mesma equipe, os reservas eram Guilherme e Mansur.

Adivinha quem subiu pro elenco profissional e teve chances? Pois é, os reservas novamente. Guilherme ainda está, porém sequer teve chance de jogar, já Mansur usou e abusou das chances que teve. Desde a conquista do título sub-20 (que chegou a ser titular após contusão de Iuri), ficou no elenco de cima até esse ano, quando foi negociado com o Atlético-MG. Alvo de piadas constantes da torcida que, passou da raiva para o humor, sempre foi questionado e contestado, mesmo com vários treinadores que passaram, nunca evoluiu seu futebol. Hoje, ainda temos Romário que está encostado e não joga mais pelo clube, outro que poderia ter uma ótima carreira.

Diante disso, vemos que apesar de termos a fama de ser a melhor base, de ser uma fábrica de jóias, ainda temos muito o que melhorar. Sabemos que tem muitos “empresários abutres” que forçam seu cliente a jogar logo no time principal, evidenciando que o talento nem sempre é requisito básico para jogar, haja vista que os reservas tiveram mais chances que os titulares.

Paciência por parte da torcida é fundamental também para que a carreira desses meninos decolem, não adianta colocar uma pressão enorme em cima de um garoto de 20 anos, ele não será o “messias” para salvar o time. Pois, ao mesmo tempo que revelamos, podemos estar queimando esses jogadores.

Lembrem-se que teremos a terceira parte da série, onde falaremos do meio-campo que poderia ter sido genial, mas não foi.


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4 COMMENTS

  1. Josué tá se recuperando de cirurgia e só deve voltar ano que vem, a zaga titular daquele ano era Raphael Fontes e Clayton (capitão do time inclusive), Mansur era o titular da posição, titular inclusive do profissional. Mas mesmo quando Mansur tava no profissional, o titular vinha sendo Gabriel Araújo, lateral que veio do Cruzeiro.
    A zaga Salustiano e Josué teve mais chances por que foi a que ficou marcada como zaga campeã, por ter jogado as finais daquele ano.