Sofrimento, reza, aflição… Alegria, choro, emoção. A torcida do Vitória passou por uma verdadeira mistura de sentimentos na tarde deste domingo. Mais de 21 mil torcedores fizeram uma festa lindíssima no Santuário rubro-negro.

O Vitória vive um momento delicado no Campeonato. Começou a rodada no Z4, time há cinco jogos sem vencer, torcedor apreensivo… Tudo começou bem, com o gol marcado por “Di Marinho”. A alegria se tornou frustração e agonia em minutos. O Furacão fez jus ao apelido e virou o jogo com dois gols de Pablo. Em um deles com colaboração de Euller, que chorou demais após a falha. O torcedor vaiou “sem miséria”.

Poucos minutos antes do fim do primeiro tempo, Argel Fucks substituiu Flávio por Sherman Cardenas. O treinador jogou o jovem volante literalmente na “cova dos leões”. O técnico escolheu um bode expiatório para ser sacrificado e compensar a besteira que fez ao escalar um atleta que é segundo volante de origem como meia. Jogador de futebol é fominha. Se vacilar, até de goleiro ele quer atuar. As vaias e os xingamentos deixaram o garoto abatido. Combalido, Flávio Medeiros sentiu o golpe no campo de batalha e foi a lona.

Foto: Marcello Góis/Arena Rubro-Negra
O jovem Flávio estava desolado após ser substituído antes do final do primeiro tempo Foto: Marcello Góis/Arena Rubro-Negra

É sempre bom lembrar que por característica, a paciência do torcedor rubro-negro é seletiva aos crias da base e inesgotável com os forasteiros como Diego Renan e Kieza por exemplo, que há tempos mostra um futebol abaixo do esperado, fora sua nítida insatisfação.

O torcedor tem todo o direito de vaiar quem ele achar que deve, só que a nossa base merece mais respeito e principalmente, carinho. Lembrei da brilhante atuação do “pai véi” Zé Welison, que foi um monstro principalmente na etapa final. Marcou, deu combate, ajudou nas jogadas de ataque. Reconhecimento, qual?

Veio o segundo tempo e o time mostrou mais garra pra buscar o empate. Muito vaiado, Zé Love saiu para a entrada do menino David. O cria da base ressurgiu das cinzas como uma fênix. Roubou uma bola no campo de defesa, iniciou o contra-ataque e terminou fazendo o gol de empate, queimando a língua dos críticos e corneteiros.

No momento do gol, me chamou a atenção essa jovem torcedora. Ela estava ali, solitária, antes agarrada ao alambrado e olhando pro campo e não resistiu. A emoção lhe tomou conta e ela foi as lágrimas. Ela era o reflexo do torcedor naquele momento. Um fio de esperança surgiu em meio aos altos e baixos daquela dramática partida.

Foto: Marcello Góis/Arena Rubro-Negra
Foto: Marcello Góis/Arena Rubro-Negra

Um mito roubou a cena. Em uma tarde iluminada, o endiabrado e diferenciado Marinho criou mais oportunidades. Na terceira chance, ele foi letal. Contra-ataque rápido, drible desconcertante em Paulo André e finalização indefensável para o campeão olímpico Weverton. Golaço. A nação foi ao delírio.

Marinho sendo ovacionado pela nação Imagens: Marcello Góis/Arena Rubro-Negra

Me lembro daquela célebre frase do goleiro Marcos, pentacampeão Mundial em 2002 com a Seleção Brasileira, quando ainda jogava no Palmeiras: “Pode chamar o Manchester United para jogar lá no Barradão que eles vão tomar pressão”. E a profecia se fez como previsto.

O Barradão pulsava com os 21 mil leoninos apaixonados apoiando. O 12º segundo jogador mais uma vez fez valer a sua força. A mística do Santuário estava ali. O próprio adversário reconheceu isso. Em entrevista a esse que vos redige, o autor dos dois gols do CAP, o atacante Pablo elogiou tanto Marinho (inclusive pediu ele na Seleção, abre o olho Tite) quanto a linda festa da torcida. Quando Kieza, Zé Love e parte do time não resolvem, Barradão e Di Marinho fazem o contrário. Vale a musiquinha: Eu, eu, eu, caiu na Toca…

 

 


Deixe sua opinião

1 COMMENT