Uma das principais pautas que movimentam o futebol brasileiro neste início de 2016 é a intensa disputa entre a Rede Globo e o grupo Turner, detentora dos canais Esporte Interativo, pelos direitos de transmissão de TV fechada de alguns clubes para o Brasileirão a partir de 2019.

O fato é que os contratos que estão em vigência são válidos até o ano de 2018 e as emissoras se adiantaram nas negociações, tendo em vista a tentadora proposta do Esporte Interativo que promete maior e mais democrática divisão de cotas entre as equipes da primeira divisão nacional.

Atualmente o Vitória recebe  R$ 35 milhões anuais, valor que é definido pela Globo de acordo com a audiência de cada clube. Nessa lógica, por exemplo, Corinthians e Flamengo recebem quase o quíntuplo desse valor, ou seja, R$ 170 milhões cada um, o que torna a competitividade discrepante.

As cotas de TV do Campeonato Brasileiro da Série A em 2016. Arte: Fred Figueiroa/DP/D.A Press
Reprodução/ Blog de Cássio Zirpoli, Diário de Pernambuco

A proposta do Esporte Interativo era nove vezes superior a oferecida pela Globo, chegando a cerca de R$ 550 milhões anuais, repartidos entre todos os clubes na seguinte configuração: 50% igualmente, mais 25% por audiência e 25% por critérios de colocação e desempenho na competição.

Mas, antes mesmo de conhecer essa proposta, o Vitória fechou renovação de contrato com a Globo no fim do ano passado, com valores ocultos, respeitando clausula de confidencialidade do contrato. “Fomos um dos primeiros a assinar esse documento. Consideramos a Rede Globo uma grande parceira e consideramos que a operação foi vantajosa para o Vitória e para a Globo”, disse o presidente do rubro-negro, Raimundo Viana, a um programa de rádio de Salvador.

O acordo, segundo algumas fontes, foi preferido por conta de um empréstimo da ordem de R$ 40 milhões por parte da emissora global, a ser descontado a partir de 2019, e que também prevê redução de 25% na cota de TV aberta. A cifra, ainda segundo as fontes, é de interesse da diretoria que possui empréstimos a pagar e um elenco para montar, visando a Série A de 2016.

Embora a precipitação, o Vitória ainda pode ser beneficiado com o atual contrato assinado. É que em meio as proposta das duas emissoras concorrentes, o São Paulo Futebol Clube impôs a Globo a revisão da distribuição de cotas como fator determinante para sua renovação. E conseguiu – além de favoráveis R$ 60 milhões de luvas.

A contraproposta conquistada pelo tricolor paulista faz com a Globo pague R$ 500 milhões anuais, sendo R$ 40 do valor igualmente entre os 20 clubes da Série A, 30% por audiência e os outros 30% por desempenho. O valor pode variar para mais ou para menos em relação ao recebido atual pelo Leão da Barra, mas promoverá uma equivalência financeira entre os clubes nesse sentido.

Além do Vitória e do São Paulo, Corinthians, Atlético-MG, Cruzeiro, e Sport também acertaram suas transmissões com a emissora do plim plim. Já Atlético-PR, Coritiba, Bahia e Santos fecharam com o Esporte Interativo. Os outros clubes permanecem negociando.

No caso do rival do Leão, R$ 40 milhões foram recebidos como luvas, premiação pela escolha – o mesmo valor que foi adiantado pelo rubro-negro. A cota anual depende das negociações da emissora, que busca fechar com pelo menos oito clubes. Grêmio, Internacional e Fluminense são exemplos de equipes que permanecem em intensa negociação.

A divisão de emissoras detentoras da exclusividade na transmissão dos jogos de algumas equipes pode trazer a tona um problema já vivido no passado, inclusive pelo próprio Vitória. Em 1999, por exemplo, 16 das 22 equipes estavam fechadas com a Globo, enquanto os outros 6 recusaram a proposta, incluindo o Leão, na época presidido por Paulo Carneiro, acertando no fim com a ESPN.

Na ocasião, segundo o blog de Cássio Zirpoli, do Diário de Pernambuco, “não houve unificação dos canais, com 96 dos 231 jogos da primeira fase sem exibição na TV fechada. Isso correspondeu a 41% do calendário”.


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