Ah, Vitória…
Nascido em um local privilegiado de Salvador, ao redor da nobreza e aristocracia da cidade, veio ao mundo com sotaque inglês, mas logo se viu que deveria ser popular adotar o baianês. Chegou com força no mar, como a esquadra inglesa que seus criadores imaginavam, mas foi na terra, no chão, que deveria fazer história e perpetuar seu nome.
E foi assim que te vi…
Te vi vestir um manto branco e preto, depois adicionar o vermelho. Os historiadores dizem que era por causa de tingimento, tecido, mas prefiro acreditar poeticamente que o vermelho representa o sangue, que mesmo vestido nos lembremos que sempre teremos essa paixão, esse vermelho.
Te vi juntar o pessoal pra “pegar o baba”, chamar todo mundo pra criar um torneio. Te vi ser campeão, te vi ser bi campeão. Te vi se conformar com isso. Mas te vi crescer em outros esportes: vi seu pavilhão sendo erguido em cima de canoas do remo, nos braços dos nadadores. Era preciso mais.
Te vi ficar pra trás na terra durante muito tempo. Foi então que sua flâmula tremeu, quando um vesgo, um baixinho e um mulato do olho claro ergueram seu escudo para, não só a cidade, mas o Brasil ver e ouvir seu canto de glória. Estamos vivos!
Te vi ficar pra trás de novo, até chegar um nigeriano que, com sua força e rapidez, ergueu o escudo novamente. Ficamos pra trás novamente e então veio o questionamento: viveríamos assim eternamente? De momentos isolados?
Foi então que te vi com a ideia de ter uma casa, num lugar totalmente remoto, onde todos ignoravam e até largavam o que não mais queriam ou não mais lhes prestava. Mesmo assim, te vi ali, sendo representado por inúmeros anônimos levantando bloco, carregando areia, suspendendo e construindo um dos nossos maiores sonhos: a nossa casa, o nosso local, o nosso Barradão.
Então te vi sendo erguido por um baixinho com nome de rei, carregando, mesmo com número inferior, numa batalha. Te vi conseguindo uma virada na vida. Se era a sorte mudando, eu não sei, mas te vi querendo conquistar mais, conquistar o país. Tentamos com nossos meninos, que criamos em nossa casa. Tentamos de toda forma, mas falhamos. Te vi cair. Te vi cair e não podíamos fazer nada. Afinal, todos caímos.
Mas foi lá no fundo do poço que te vi querendo voltar. Foi lá que fizemos um pacto: “se chegamos até aqui juntos, subiremos juntos. Nunca vou te abandonar.”. Te vi subir. Te vi subir cada vez mais. E juntos vamos tentar subir mais e mais. Queremos tudo.
Portanto, já te vi em muitas situações nesses seus 119 anos. Com certeza veremos em mais outras mais, mas não importa se seja boa como já foi, ou ruim como está. O que importa é que estaremos juntos buscando sempre o melhor. Quero te ver cada vez mais alto.
Parabéns, Esporte Clube Vitória!