“Certa feita, de todas as possíveis e impossíveis perguntas que já haviam me feito, ouvi uma que me deu vontade de gritar a resposta pra todo mundo ouvir: ‘Por que logo o Vitória? Por que não gostar e tatuar o escudo do Corinthians, do São Paulo, do Flamengo, do Fluminense que são mais conhecidos e possuem títulos? Por que logo esses times da Bahia?’ De verdade? Achei que fosse dar um murro na cara do(a) dito(a) cujo(a), mas como Deus me segura nos melhores ‘momentos UFC’ da minha vida, eu parei, respirei fundo, beeeeem fundo e respondi: Por que você ama sua mãe? Você à escolheu? Ou simplesmente a ama por ela ter lhe dado os melhores momentos da sua vida, por ela ser única? (Neste instante eu acho que falei da mãe dele(a) porque na verdade queria xingá-la muito.)
Parei no ar por alguns milésimos de segundo e consegui notar o quanto, mesmo depois de ter me tatuado, o meu amor por um time de futebol pode ser tão grande, já que eu havia comparado com o amor de mãe. Foi aí que eu fiquei em silêncio e não conseguia mais responder, não conseguia pensar em algo que eu conseguisse explicar como eu me sinto quando eu chego no Barradão horas antes do jogo começar; bebo com meus amigos, dou muita risada, danço, brinco e me preparo psicologicamente pra mais uma batalha contra o time rival, contra a arbitragem, contra a imprensa, afinal, com o Vitória é sempre CONTRA TUDO E CONTRA TODOS. Aí, faltando uns 10 min. pro jogo começar, pego o meu cartão do SMV (Sou Mais Vitória), sou revistada pela policial, a catraca gira e aí, meu amigo, o meu coração dispara, mesmo sendo o jogo mais bobo do universo. Os passos até a escadaria são os mais rápidos possíveis, e ao avistar OS IMBATÍVEIS eu começo a me arrepiar por dentro, começo a sair do chão, começo a cantar – acho que só quem é torcedor de ESTÁDIO entende o que eu tô tentando explicar agora. Chegar até eles é uma fração de segundos, mas quando eu chego e escuto o canto, escuto a batida, escuto o ‘BORA VITÓRIA’, ‘NEGÔÔÔÔ’. P#$% que pariu!!! Os pelos dos braços arrepiam, o coração acelera, a torcida grita ‘SOLTA O LEÃO’, os jogadores entram em campo, o hino começa a tocar e o árbitro apita o início do jogo. Daqui em diante, até terminar os 90 min., eu não sei mais explicar o que eu sinto e só vai me entender quem frequenta um estádio de futebol e quem é realmente apaixonado pelo seu time.
— ‘Psiu! Ei, Jacqueline, tá aí?’
Foi assim que eu ‘acordei’ e respondi: O MEU AMOR PELO VITÓRIA É INEXPLICÁVEL, IMENSURÁVEL, INIGUALÁVEL! O amor pelos seus 114 anos, pelos seus próximos 100 e pelos próximos até a eternidade, mesmo que nem eu e nem ele estejamos mais nesse mundo. Pode estar na primeira ou em qualquer das divisões ou nunca mais voltar ao campeonato brasileiro. Pode disputar a última divisão do estadual; baba de rua. Mesmo assim, abatido, esquecido, apagado, vou admirar, amar, torcer. E tentarei de alguma forma encontrar a cura para a ‘doença’.
Como diz Chicó: ‘Não sei, só sei que ‘é’ assim’.
Acho que a pessoa saiu com cara de bunda porque não entendeu e não sentiu o que eu senti durante esse filme que passou pela minha cabeça de TODOS os jogos que já acompanhei o Vitória.
Pois bem, infelizmente, não consegui responder o que ela queria ouvir, mas sou feliz, FELIZ DEMAIS por ser rubro-negra, por ser VITÓRIA, por amar o FUTEBOL!
Aos que entendem, um salve. Aos que não fazem nem ideia do que é isso, ainda dá tempo de sentir uma das melhores sensações do universo.
SRN”
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Jacqueline Andrade é estudante de Direito e tem 23 anos, mas, sobretudo, é uma fervorosa rubro-negra conhecedora da emoção do Vitória e Barradão. Ainda, não gosta de torcedor que “não sai” do rádio, segundo ela.
Este texto transmite, sem tirar e nem pôr, a opinião de mais um torcedor, a fala, o grito, a razão, por mais louca ou sem sentido que seja, de uma massa rubro-negra.
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Foto: Arte / Arena Rubro-Negra