“Aquele que não tiver nenhum pecado que atire a primeira pedra”. Foi com essa frase que, segundo a bíblia (João 8:3-11), Jesus Cristo livrou a pobre prostituta de ser apedrejada. Longe de mim querer comparar a saga de Ney Franco no Vitória a história da prostituta mencionada no texto bíblico mas, trazendo para os dias de hoje, eu pergunto: quem sou eu para criticar um técnico por ter saído do Vitória para receber aproximadamente duas vezes mais no Flamengo, clube que é tido como a galinha dos ovos de ouro por muitos. Sem falar que é o time queridinho da Rede Globo e, de quebra, coloca qualquer jogador perna de pau em evidência.
Sim, também lembro que ao sair do Vitória, Ney levou com ele o diretor de futebol Felipe Ximenes, recém-chegado ao clube. O coitado nem teve tempo de esquentar a cadeira. Da mesma forma lembro que Ney tentou levar alguns de nossos jogadores. Por azar nosso, ele não conseguiu levar Willian Henrique.
Mas então eu pergunto, não vale segurar todo orgulho e trazer Ney? Ele já conhece 90% do elenco, é conhecido da diretoria e dos torcedores, além de impor respeito aos adversários. É claro que pode não dar certo e levar o Leão à segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Aliás, com a 19ª colocação a vaga, a da série B já temos garantida e o que vier daqui pra frente é lucro.
Por coincidência ou destino (para quem acredita), assim como em 2013 Ney assume o rubro-negro baiano em situação ruim na tabela e chega com o time da Toca do Leão na 18ª rodada. Certo que ainda enfrentaremos, neste domingo (24), o Figueirense em partida válida pela 17ª rodada, mas o “novo” treinador só assume o grupo na próxima semana, estreando justamente contra o Flamengo, seu ex-clube (digo estreia no Brasileirão, pois antes Ney enfrenta o Sport pela Copa sul-americana). Prato cheio para o professor se vingar de quem fez “corpo mole” enquanto esteve na Gávea.
Não posso afirmar que a culpa de Ney Franco ter saído do Vitória pode ser atribuída ao presidente Carlos Falcão, pois ninguém garante que ele permaneceria no clube se estivéssemos, na ocasião, em situação favorável. Mas eu posso garantir que se o cartola leonino tivesse trazido um técnico de série A, ao invés de Jorginho, não estaríamos na beira do abismo.
Conversas de bastidores dão conta de que foi muito difícil convencer Ney em retornar. Tanto foi que Falcão chegou a sondar Enderson Moreira e recorreu ao professor Ney por falta de opção no mercado. Mas tinha que ser ele mesmo! Prometo que não vou reclamar quando Ney colocar Juan de meia e colocar Willian Henrique, cheio de pernas, para impor correria no segundo tempo das partidas. Prometo também que não ficarei chateado quando o Vitória estiver vencendo fora de casa e ele tirar um volante para colocar um atacante. Falando em volante, outro que deve ter ficado feliz com o retorno de Ney é Luis Gustavo, pois só agora o coitado vai jogar. Seja bem-vindo, professor Ney Franco.
Margarida Neide | Ag. A Tarde