Não é preciso se dedicar a cobertura política brasileira para estar a par do desenrolar das CPIs e demais escândalos que incendeiam Brasília. A propósito, casos como estes que são assunto em todos os cantos do país são iniciativas de grupos de oposição aos posteriores acusados e condenados. Uma atitude nobre, se, infelizmente, não estivesse recheada de interesses. Não existe almoço grátis¹, não é?
Apois, através deste ângulo observo atentamente os passos da oposição rubro-negra. Após o rebaixamento do Vitória à segunda divisão do futebol brasileiro, um grupo de conselheiros, ex-conselheiros e outros quadros com ligações ao clube se uniram para pressionar a diretoria e o conselho deliberativo por resultados e democracia. Entre os líderes estão os ex-presidentes Ademar Lemos e Jorginho Sampaio, e o secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota.
Na última reunião do conselho do clube, datada em 22 de dezembro do ano passado, as manifestações organizadas geraram uma consequência positiva. O presidente deste conselho, José Rocha, assinalou estar disposto a dar os primeiros passos à mudança no estatuto que beneficia a democracia tão necessária e desejada por quem realmente gosta do Vitória.
Essa atitude de José Rocha, por exemplo, serviu de resposta a Ademar Lemos quando, em troca de emails vazada através do Whatsapp, recusou o convite (re)feito pelo atual líder do conselho diretor do rubro-negro, Carlos Falcão, para que o seu grupo de liderados participasse ativamente da gestão com sugestões viáveis. O grupo, pelo contrário, é a favor de sua renúncia.
“Desejamos assumir postura colaborativa em relação ao trabalho que o presidente do Conselho Deliberativo pretende levar adiante em relação à reforma do Estatuto. Para levar a cabo a proposta de eleições diretas no Esporte Clube Vitória, o presidente José Rocha poderá contar com o apoio incondicional e irrestrito do nosso Grupo”, escreveu Lemos.
De fato, qualquer grupo que se organize para agir contra essa debandada que o Vitória tomou em 2014 é bem vindo. No entanto, é preciso tomar cuidado com os rumos que as mudanças podem gerar. Afinal, querendo ou não também estamos aqui falando de política. E não existe almoço grátis, não é?
¹Frase foi popularizada pelo nobel em economia Milton Friedman ao usá-la, em 1975, como o título de um de seus livros.
Foto: