O Vitória iniciou uma nova era sem a presidência de Falcão. Instável politicamente, o time de Claudinei entrou em campo concentrado diante de um adversário perigoso e favorito jogando no seu mando de campo. O resultado não poderia ter sido melhor: um triunfo e uma apresentação, se não foi a melhor tecnicamente, foi com mais vibração, algo que faltava ao time nos últimos tempos.
O favoritismo do time de Natal é explicável. Além de jogar no seu mando de campo, vem mais estável na temporada, apesar das derrotas para o Vitória. Do outro lado, Claudinei sabia que precisava jogar para garantir um empate e decidir em casa com o Barradão inflamado pela saída de Falcão. Com essa atmosfera, o jogo não seria fácil.
No plano tático, Claudinei Oliveira seguiu uma tendência de alguns times brasileiros e que ele próprio vinha trabalhando no Atlético-PR: 4-1-4-1. Com esse esquema, o time consegue subir a linhas de marcação sem perder a compactação, além de equilibrar a marcação contra o 4-2-3-1, esquema utilizado pelo América-RN. Estudioso, Oliveira procurou eliminar a criatividade do time de Natal ao marcar individualmente Cascata e os escanteios na primeira trave.
No primeiro tempo, o América/RN teve mais volume de jogo com as subidas do lateral Julinho e a entrada do meia Daniel Costa em lugar de Thiago Potiguar, lesionado. O Vitória trabalhou para marcar no seu campo e explorar a velocidade de Vander, ponteiro pela direita. Neto Baiano foi importante nesse contexto já que não se limitou a jogar entre os zagueiros. Se movimentou para criar espaços para a penetração dos meias apoiadores e ponteiros do Leão. Apesar de movimentada, a primeira etapa terminou num justo 0 a 0.
A segunda etapa revelou uma precaução aceitável de Claudinei Oliveira e uma ousadia compreensiva de Roberto Fernandes. Enquanto o rubro-negro se defendeu com um quase 5-4-1, o América-RN se lançou ao ataque para obter um triunfo importante para o jogo da volta; O time americano chegou a jogar com 4 atacantes, mas não conseguiu furar a bem postada defesa rubro-negra.
O 4-1-4-1 de Claudinei ainda faltam ajustes para o Vitória encaixar. Como já havia dito nos últimos textos, o desenho possibilita Escudero e Jorge Wagner jogarem juntos, sem perder a velocidade. A dependência do apoio dos laterais diminui, mas é preciso qualificar a equipe.
No próximo jogo, o desafio de Claudinei será maior do que somente classificar o time. Saber utilizar a carga emocional que partida terá devido ao momento do clube, fazer o Barradão ser um ponto de desequilíbrio em favor do Vitória em momentos decisivos e apagar a péssima impressão deixada na estreia serão os obstáculos que terão que ser superados por Oliveira.