O Estádio Manoel Barradas é a grande paixão do torcedor rubro-negro. Completando hoje 33 anos de existência, o Santuário é responsável direto pela guinada do Vitória à condição de grande clube do futebol brasileiro e também um marco de transformação do bairro de Canabrava e seu entorno.
Construído sobre o lixo, em 1986, em um terreno onde antes funcionava o aterro sanitário de Salvador, o Barradão trouxe para as comunidades vizinhas uma condição básica de urbanização, de reconhecimento e cidadania. Para além disso, fincou a bandeira de um clube aristocrata e exclusivista em um terreno periférico, abrindo as portas da democracia e da popularidade.
Na década de 90 o estádio ganhou o reconhecimento por ser um décimo segundo
jogador de um time que se apresentava promissor no cenário nacional. Problemas administrativos dificultaram essa trajetória na década de 2000 e 2010, refletindo em arranhões na imagem do Santuário.
Mas isso não abalou sua credibilidade diante da torcida. Mesmo na sombra de outras tantas possibilidades que surgem como “nova casa” ou “casa de praia” para o Vitória, o Barradão segue sendo a preferência do torcedor e responde a isso sempre que solicitado, como vemos nesta reta final de Série B.
Infelizmente nem todos os dirigentes pensam dessa forma e o Manoel Barradas completa mais um aniversário onde as comemorações dividem espaço com as incertezas quanto ao futuro.
A principal justificativa para a uma mudança de mando de campo é a infraestrutura ultrapassada e deficitária do equipamento. No fim da década de 80 / início da década de 90, essa também foi a desculpa para o clube permanecer na Fonte Nova. Mas ali se entendia que o estádio ainda estava em conclusão. Se 30 anos depois a desculpa e a saída ainda são as mesmas, a culpa não é do estádio, e sim de quem o administra.
Cenas como a que vimos recentemente de superlotação no recém criado setor popular, falhas em uma setorização forçada, não planejada, pequenos enfeites e armengues ao longo de tantos anos que mais prejudicam que amenizam a situação lamentável que o Barradão é exposto por seus dirigentes.
Em 2016 o vice-presidente Manoel Matos debruçou-se sobre um projeto de modernização do Santuário que não teve sequência pelas gestões seguintes. Já em 2018, Ricardo David estimou uma reforma necessária, de recuperação e adaptação às necessidades, promessa que, como muitas outras, ficou apenas no discurso.
Em 2019 o cenário ficou um pouco mais desolador quando a diretoria decidiu trocar o estádio novamente pela Fonte Nova, sem explicar, mesmo após provocações do Conselho Deliberativo, qual seriam os planos para o futuro do Barradão.
Diante dos parabéns pela ação transformadora na história de um clube e de uma região da cidade, pela magia e acolhimento que oferece aos seus torcedores, tenho certeza: Barradão dispensa e faz coro aos seus apoiadores pedindo apenas um mínimo presente: respeito.
Viva ao Barradão!