Na década 70 o ponta-esquerda Mário Sérgio se tornou ídolo do Vitória ao jogar no clube por cinco temporadas. O Vesgo que veio do Flamengo após alguns desentendimentos com o técnico Yustrich, que o achava um rebelde, fez sucesso com a camisa do rubro-negro baiano e saiu da Bahia de volta pro Rio de Janeiro pra defender o Fluminense, já na condição de prata da casa do Leão, pois mesmo tendo sido revelado pelo clube da Gávea foi na Boa Terra que ele se encontrou com o seu futebol.
A década passou e Mário somou importantes passagens, pelo Grêmio e por clubes paulistas. Já calvo e com a barba crescida, Mário Sérgio era fisicamente diferente do Marão rubro-negro dos anos 70 que tinha os cabelos longos. Sem mais delongas, o Vesgo chegou ao ano de 1987 com bastantes títulos somados e uma carreira de dar inveja. No ano anterior havia passado por um clube suiço e acabara parando no tricolor. O Bahia que o contratara já havia jogado quatro jogos na Copa União daquele ano e não havia conquistado um triunfo sequer. Mário foi escalado pro jogo contra o Goiás que aconteceria no domingo, 4 de outubro, na Fonte Nova, oito dias após a derrota uma derrota do Bahia em 2 a 1 para o Coritiba. Desde a sexta-feira que antecedia a partida ele já pensava em pendurar as chuteiras, e contara ao volante Serginho que não aguentava mais jogar sob vaias. No dia do confronto contra o esmeraldino foi Zé Carlos quem fez o gol da primeira vitória do Bahia no campeonato daquele ano. No intervalo, Mario aos seus 37 anos chegou no vestiário, agradeceu aos colegas de equipe e anunciou sua despedida de futebol sem mais nem menos.
O ídolo rubro-negro pensava em ser treinador de futebol no Japão, mas em revés prosseguiu na Bahia, e em 1988 tornou-se o técnico do Vitória. Dissera a imprensa: “Praticamente iniciei a minha carreira de atleta aqui no Vitória. Decidi a de técnico começar no mesmo lugar”. Mário assumiu o clube após uma indiscreta passagem de Valmir Loruz, que viria a ser protagonista no Leão poucos anos depois. Em uma de suas entrevistas, agora como treinador, declarou: “Não me interessa ser disciplinador, a vida deles lá fora não é problema meu”. Porém, antes de assumir na nova carreira, ele chegou a ser cotado para jogar no Santos. O alvinegro praiano ofereceu a ele dois milhões de cruzados para ele jogar com a camisa do Peixe a Supercopa da Libertadores. Sua resposta foi um não, justificara: “Levei vinte anos para fazer um nome como atleta e não vou destruí-lo em dois meses. Não tenho mais condições de jogar futebol do jeito que se joga hoje no Brasil”.
Mário Sérgio encontrou o Leão da Barra em 6° do Grupo A na primeira fase da Copa União. Ao final do primeiro turno, o clube terminou em 8° de doze equipes. Foi deste modo que assim como em sua carreira de jogador, não lhe faltaram críticas. Um radialista o criticara duramente naquele ano e foi na TV Itapuã que ele rebateu as críticas, deixando o hoje apresentador Varela ‘vermelho’. Após sua saída, Orlando Fantoni viria a comandar o Vitória e o Vesgo acabou ficando num hiato de cinco anos sem treinar nenhum clube, voltando somente em 1993 para o Corinthians.
Já no ano de 1991, o então presidente do clube, Paulo Carneiro, reinaugurou o Barradão – que havia sido inaugurado cinco anos antes -. A partida que marcou a volta do estádio dessa vez foi contra o Olímpia-PAR. Na ocasião, Mário Sérgio chegou ao gramado de helicóptero e foi homenageado na nova cancha. Foi ali que o Vesgo fez seu último jogo. O amistoso ocorreu no dia 25 de agosto, três dias antes de um BaVi e três dias após de um Vitória e Galícia. O jogo terminou empatado em 1 a 1, com André Carpes tendo marcado a favor do rubro-negro e Mário se despedindo dos gramados com uma camisa com a qual já tinha seu nome cravado.