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Em 76: técnico avisou, time cumpriu e o Vitória venceu o Flu no Maracanã

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 Num setembro como este, porém em 1976, o Vitória ia ao Rio de Janeiro para enfrentar o Fluminense em jogo válido pela Copa Brasil – Brasileirão -. Naquele mesmo ano, os craques do tricolor carioca, como Rivelino e Paulo Cézar Caju, vestiram a camisa rubro-negra numa ocasião em junho, quando ambas as equipes formara um combinado que enfrentou e venceu um combinado estrangeiro na Fonte Nova. Acontece que se o combinado ‘Vitonense’ fora somente um amistoso, o jogo pelo certame nacional era á vera.

 Até então o Vitória só havia vencido o Tricolor das Laranjeiras em duas ocasiões. A primeira vez em 1958, num amistoso, a segunda em 1971 num torneio amistoso realizado em solo baiano. Num confronto que existia desde 1923, quando ambos os escretes se encontraram pela primeira vez, o Vitória ainda não havia firmado uma vitória sua em um jogo oficial. Naquele ano especialmente, o Fluminense confiava em manter a sequência invicta diante do seu adversário baiano. Acontece que a perspicácia do técnico Elba de Pádua Lima, conhecido nas canchas como Tim, falou mais alto. 


 Apesar de ter perdido no primeiro jogo do Brasileiro daquele ano, para o Botafogo-PB, o Vitória até o jogo com a equipe carioca emendava a marca de cinco jogos sem derrotas (tendo empatado somente no clássico BaVi). O Flu não estava tão diferente. Também perdera o primeiro jogo para o Botafogo, porém o do Rio de Janeiro, mas dali em diante venceu as quatro seguintes partidas que disputou.

Manchete do Jornal dos Sports um diante antes do confronto.

 O técnico Tim não poupou esforços para lograr êxitos em solo carioca. Quatro dias antes, o Fluminense enfrentara o Botafogo-PB no Rio de Janeiro e o técnico rubro-negro fez questão de ir ver como se portaria o adversário, que naquela quinta-feira, enfiara 3 a 0 no time paraibano. Tim, nada tinha a temer, pois o Leão ainda era o líder isolado do grupo, mas ainda almejava a classificação. Ele não poupou as palavras ao dizer para a imprensa que o Vitória estava vindo para a cidade maravilhosa afim de vencer. E ele estava certo. O time rubro-negro treinou na Gávea (campo do Flamengo) com as suas estrelas argentinas que haviam figurado anos antes no futebol do Rio. O atacante Fischer, ex-Botafogo, e o goleiro Andrada, ex-Vasco da Gama. 

 No domingo, 26, mais de 28 mil pessoas viram um endiabrado Vitória abater o Fluminense por 1 a 0 no Maracanã. O onze rubro-negro na ocasião era: Andrada; Claudio, Joãozinho, Válter e Jorge Valença; Léo Sales, Léo Oliveira e Valdo; Afrânio, Fischer e Zé Júlio. Com esse elenco, o Leão da Barra demonstrou um time forte taticamente que não deu folga para o time tricolor em campo. Ainda por cima, aos 27′ do segundo tempo, o lateral do Fluminense, Rodrigues Neto foi expulso após atingir o tornozelo de Afrânio. Com um homem a mais em campo, a equipe da Boa Terra valeu-se da vantagem e aos 35′, Fischer num lance que foi bastante contestado pelos atletas do time local, ficou cara a cara com o goleiro Miguel. Com classe e fineza, ‘El Lobo’ completou pras redes e garantiu o triunfo visitante em pleno Maraca. No dia seguinte, os jornais já publicavam: “Tim estava certo. Vitória 1 a 0”. 

O camisa 9, Rodolfo ‘El Lobo’ Fischer marcou o gol da vitória contra o Fluminense. (Créditos: Jornal dos Sports)

O festejo do importante triunfo acabou sendo uma vitória pessoal de cada rubro-negro atuante naquele domingo. O técnico Tim, por ter afirmado que viria para ganhar: “Jamais imaginariam que a principal peça do nosso esquema era deixar o Rivelino livre. Porque marcar o lançador quando o lançado é que leva perigo a defesa?”. O lateral Jorge Valença, que comemorou pela volta do seu bom futebol: “Na verdade fiz algumas partidas abaixo do meu nível. Depois conscientizei-me da minha condição de jogador do Vitória e reencontrei meu verdadeiro futebol.”. E o goleiro Andrada que almejava não levar nenhum gol naquele confronto e acabou cumprindo a sua meta. Ao final do jogo, ‘El Gato’ ainda declarou: “A razão maior da grande campanha que estamos fazendo é a teimosia dos adversários em desacreditar da nossa força. E o pior é que estes vão ficar chupando dedo quando perceberem que ficamos com a ponta da Boloteca (jogo da lotérica com times de futebol). Para mim tudo isso é muito bom. Deixei o Rio quase desacreditado. Falaram do fim da minha carreira. Deram-me como um jogador de carreira encerrada. Para os que assim tem falado tenho mostrado no campo o que sou e o muito que poderei fazer”. 

Travaglini e Tim tiveram óticas diferentes do que seria o confronto. No final prevaleceu o pensamento do técnico rubro-negro. (Créditos: Jornal dos Sports)

O único que indagava após a renomada vitória era o autor do gol Fischer. O argentino há muito esperava ser negociado de volta para o futebol da sua Argentina, mas o Vitória acabou recusando uma proposta do River Plate por ele, que acabou ficando até meados do início da Taça José Américo Almeida Filho em novembro. Por fim, com o êxito da vitória sobre o campeão carioca, o Leão mais tarde classificaria-se como líder do Grupo E naquela Copa Brasil. Tudo graças a astúcia de Tim e a façanha de seu elenco.


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