Em sua música Tradição, Gilberto Gil remonta os anos 50 da Bahia como ninguém talvez tenha feito com tamanha maestria. Apesar disso, o mestre Gil não cita um importante personagem de sua época. No tempo quem governava era Antônio Balbino, o rapaz muito inteligente e muito diferente que encantava a massa não era um pongador de bonde e sim um jogador de futebol que ao invés de calça americana, usava calção branco, chuteiras pretas e camisa aberta rubro-negra.
Samuel Pereira de Mattos nasceu no Rio de Janeiro em 15 de maio de 1933. Apesar de carioca, foi no futebol paulista que ele primeiro mostrou seus dotes. Jogou no clássico Palmeiras, de Oberdan Catani e Jair da Rosa Pinto, passando por XV de Piracicaba e Fluminense, até chegar ao Vitória em 1957. Ele saiu do Rio de Janeiro para Salvador, por intermédio do diretor Paulo Dantas, que encontrou em terras fluminenses, por ocaso, o seu desconhecido futebol.
Foi dali em diante, que ele formou singelo e impetuoso quinteto de ataque com os baianos Enaldo e Teotônio, o sergipano Lia e o cearense Salvador. Mattos se encontrou na posição de centroavante e chegou marcando gols em amistosos contra o Atlético-MG e contra o Sport. Logo em seguida, foi um dos grandes, senão o principal responsável, pela conquista do Campeonato Baiano daquele ano, conquistado com um arrasador 4 a 0 e também um 2 a 0 sob o Bahia, em março de 1958.
A conquista lhe rendeu o prestígio que um bom centroavante tem quando dá liga com o seu elenco, e logo, fora um dos convocados para vestir a amarelinha junto ao restante da Seleção Bahiana na disputa da Taça Bernardo O’Higgins, no Chile. Por pouco não permaneceu na terra dos andinos quando o Audax-CHI se interessou por sua aquisição. Em vez disso, voltou para a Boa Terra e ainda participou no Vitória de 1960 de uma excursão de mais de 20 jogos pela Europa, em que jogou quase todas as partidas e se consagrou artilheiro do elenco rubro-negro com pelo menos 14 gols marcados durante os quatro meses de viagem.
Mattos ao voltar para o Brasil acabou indo para o Bahia e ainda passaria por outros clubes do futebol baiano até se aposentar de vez dos gramados pelo Redenção em 1971. Fora dos campos, não largou a Bahia e passou a trabalhar como advogado. As quatro temporadas de Esporte Clube Vitória, foram o ouro de sua carreira, em que mesmo contra a turma da vã valentia, se sobressaiu marcando gols que deram o tom rubro-negro da velha Fonte Nova, e que fizeram os torcedores de sua época comemorarem, sempre rindo e sempre cantando.
As histórias de Mattos contadas por ele mesmo estarão presentes no livro Memórias do Esporte Clube Vitória que encontra-se em pré-venda. Garanta já o seu! Acesse: www.catarse.me/memoriasdovitoria