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Albino Castro… o presidente que compôs um hino

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“Se Deus tivesse tempo para se ocupar do futebol, quantos dirigentes estariam vivos?”, esse é o questionamento do escritor Eduardo Galeano, que em seu ‘Futebol ao Sol e à Sombra’ escreveu e descreveu a corrupção dos cartolas do futebol em sua era profissional. Este uruguaio torcedor do Nacional, conheceu de perto as vantagens que os mandatários da bola podem ter com tanto poder diante de um clube. A dúvida galeanística, que possui quase um poder de afirmação, não seria uma penitência a se aplicar a alguns poucos velhos homens do nosso futebol, como é o caso de Albino Castro, o presidente rubro-negro que compôs um hino.

Albino Castro Freazza presidiu o Vitória no ano de 1969. Ele nasceu na província de Pontevedra, na Espanha, em 1926 e chegou ao Brasil aos 17 anos de idade, trazido por seu pai Ramiro Castro, um proeminente espanhol, que foi também um dos fundadores do Galícia Esporte Clube. Porém, diferente do exemplo paterno, seus passos esportivos aconteceram no Rubro-Negro. Primeiro como remador, e depois como vice-presidente do clube no início dos anos 60, na gestão de Ney Ferreira.

Diferente da personalidade forte de Ney, Albino trazia consigo outro temperamento. O que o levou a romper com a gestão rubro-negra após o caso Ney Ferreira, quando o presidente do clube foi acusado de agredir o repórter Cléo Meireles. Naquela altura, ele já era um espanhol-baiano de alta importância entre os conselheiros, sendo responsável por generosos bichos aos atletas do Leão. Empresário, tinha também uma visão profissional para o futebol, sugerindo até o uso de merchandising nas camisas, prática naquele tempo estigmatizada, porém, adotada mais tarde.

Torcida do Vitória na Fonte Nova, com faixa de apoio para Albino Castro. (Foto: Acervo Albino Castro Filho/Memórias do Esporte Clube Vitória)

Sua ascensão ao cargo de presidente, ocorreu em 1969 através de um forte apoio da torcida, com faixas que apelavam para que ele assumisse o clube. Mas diferente das gestões que ficaram marcadas por uma conquista esplendorosa ou por uma grande contratação, o curto tempo de Albino a frente do Vitória ficou lembrado pela criação de um novo hino, que hoje, é o hino oficial do clube. “‘Quando assumi a presidência do Vitória, procurei saber logo, por onde andava o hino rubro-negro. Ninguém sabia do seu paradeiro. Lutei para conseguir uma cópia, porém foi debalde. Pessoa alguma sabia o seu destino. Senti o problema e resolvi, então, para a criação de um novo canto de guerra para o meu clube. Muitos clubes brasileiros já possuíam os seus hinos e o Vitória tinha que fazer o seu”, disse ele em um depoimento.

A poesia foi escrita em cerca de cinco dias e teve sua letra musicada por ninguém menos que o sambista Panela, rubro-negro e um dos maiores nomes da música baiana. Segundo Albino, era preciso que a letra fosse curta, em linguagem acessível e a melodia deveria ser em tom maior, em escala ascendente. Assim, não demorou para o canto cair nas graças da torcida, que esgotou as cinco mil cópias feitas. O autor porém, demorou a ter o reconhecimento devido, por conta de boicotes de outros dirigentes contra o hino. O tempo passou, Albino faleceu em 1979 (data que completou 44 anos ontem), outro hino veio e o antigo se reestabeleceu como o principal. E hoje a torcida canta alto e forte os versos que dizem “Vitória, Vitória, mostra o teu valor…”.

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