Um grande poeta escreveu em uma canção que dizia: “Se eles são bonitos, sou Alain Delon”. Com nome de galã de cinema francês, um jovem capixaba despontou com a camisa rubro-negra durante os primeiros anos deste milênio. Usando de uma beleza mais bela que simplesmente a da aparência, balançou diversas redes e encantou o Brasil virando estrela, mesmo jogando de meia.
Allan Delon dos Santos Dantas nasceu em 16 de fevereiro de 1979, na cidade de Vila Velha-ES. Ainda muito jovem, trabalhava como vendedor de picolés em sua cidade para ajudar o sustento da família. Ali, era vítima de alguns rapazes mais velhos que roubavam seus picolés. Foi após breves passagens na base do Flamengo e do Vasco que ele veio para Salvador em outubro de 1995, após uma longa viagem de ônibus. A sorte não necessariamente estava ao seu favor desta vez, o talento sim. Os três dias de teste, foram suficientes para apostarem no seu promissor futebol, que resistiu apesar de ser vítima dos também mais velhos jogadores da base que não lhe passavam a bola. Após viagens internacionais representando as categorias de base, a ginga do jogo de Allan Delon se confirmou. Em 1999, fez suas primeiras aparições como profissional, jogando Campeonato Baiano, Copa do Brasil e Copa do Nordeste. Com onze gols naqueles seis primeiros meses do ano, podia-se ver que o Leão da Barra estava lapidando mais uma joia.
Mas o novo milênio veio e com ele novas chances. Em 2000, o craque de nome francês já não era o garoto da base que fugia da Casa do Atleta para algumas festas e sim o pai de família que passava as folgas assistindo televisão – inclusive a telenovela Porto dos Milagres, lançada no ano seguinte -. Focado, passou a produzir em alta. No Baiano conquistado pelo Rubro-Negro, foram seis gols seus. Já na Copa Havelange, apesar de uma fraca campanha do clube, marcou 14 gols e cravou seus pés de chuteira no hall da fama futebolístico daquele ano. Afinal, entrou em cena para aparecer e assim o fez na tarde do dia 13 de agosto, contra o líder Goiás, no Serra Dourada. Uma fulminante vitória por 5 a 4, onde marcou três vezes e se dera ao luxo de perder um pênalti.
A disputa pelas artilharias continuou em 2001, quando marcou 11 gols no Campeonato Brasileiro, em ano em que o Vitória novamente não fez grande campanha. O primeiro título do novo século – seu e do Vitória – veio com a conquista do Baianão de 2002, ano em que marcou um total de 14 gols, formando dupla formidável no ataque com o gringo Aristizábal. Algoz de grandes clubes, Allan Delon marcou poucas vezes no ano de 2003, quando passou por maus bocados. Em um assalto ocorrido no dia 27 de janeiro, na Pituba, foi atingido por um tiro no rosto e precisou operar a língua. Passado o susto, marcou quatro vezes naquele ano, entre março e maio, pois logo em seguida transferiu-se para o futebol mexicano, lá permanecendo até 2004, quando voltou para o Vitória durante o Brasileirão e novamente marcou quatro gols.
Na oitava arte que é o futebol, Allan Delon foi nos seus cincos anos de profissional no Vitória, o vilão das grandes defesas e o herói de um clube em ascensão. Ao todo, conquistou com a camisa rubro-negra, em grandes tomadas de improviso, quatro títulos baianos e dois da Copa do Nordeste, os quais a exemplar crítica que é a torcida do Leão, jamais esquece.