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Carta de uma fanática pelo Esporte Clube Vitória

Porque foi na arquibancada que eu aprendi sobre união e que abandonar é coisa de gente otária. E eu ando pelo certo.

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Placar Barradão
Foto: Tiago Caldas/Arena Rubro-Negra

Por Gabriela de Gardênia

Estimada torcida, aos poucos dias antes do meu aniversário e fazer 30 anos, ontem, 28 de novembro de 2021, foi a primeira vez que vi no Barradão um rebaixamento. Embora eu seja torcedora desde muito criança, só fui ao Santuário em 2016. Todos os jogos anteriores, ouvi pela rádio e vez ou outra assistia pela TV.

Daí, como se tornou um hábito ir ao jogo, eu internalizei um fanatismo jamais visto pela família e os mais próximos.

E com um contratempo da vida adulta, desde que foi liberado ir ao Barradas com as vacinas, eu não conseguia tempo para estar lá. Foi assim que nas últimas partidas, resolvi sentar sozinha num bar para terminar de ver os 45 minutos do segundo tempo. Não sei se desgaste do dia a dia, ou efeito do álcool, eu sei que chorei, chorei e chorei muito. Meu peito ardia, eu não acreditava no que estava por vir e não queria aceitar, pois, desde que passei a ir ao Barradão, lá se transformou também num compromisso “político”. Tudo de gestão, direção, contratação etc, me traz fascinação. Eu entendi lendo e ouvindo que meu “dever” enquanto torcedora é AMAR O CLUBE e DEFENDE-LO.

Do modo tal que estive na última eleição do conselho, vibrando pelo meu amigo, torcendo até o fim pela nossa campanha, mas que não foi dessa vez que ganhamos.

E eu, ao invés de ficar triste, me senti feliz. Não uma felicidade utópica, mas a mesma felicidade de ontem no final da partida e dentro da série c, quando olhei para o mesmo amigo da eleição e ele estava chorando. Fiquei paralisada, não sabia o que fazer e meu coração acelerado… Até que uma amiga começou a juntar todo mundo e abraçar.

Em meio a choros e abraços, a mesma amiga falava: “vamos superar, aqui é pra nos mostrar quem é que está ao nosso lado nos piores e bons momentos. Nós por nós até o fim.”

E a felicidade tomava mais ainda conta de mim. A felicidade de saber que estou no lugar certo com as pessoas certas. A felicidade de saber que o Vitória é a minha maior alegria, minha vida, minha dedicação. O Vitória é o que me estimula a querer construir algo melhor. E abraçada com meus amigos e minhas amigas, eu imaginei algo que também nunca vivi: o Barradão em chamas depois de SUBIR, NEGÔÔ!!!! VAI SER MEU MELHOR MOMENTO. MEU TRIUNFO. MINHA VITÓRIA. Em minutos dentro da minha mente, imaginei o Barradão lotado quando o Vitória sair dessa situação e pulei na festa que vai ter na frente da bilheteria…

Porque foi na arquibancada que eu aprendi sobre união e que abandonar é coisa de gente otária. E eu ando pelo certo.

Quem ama cuida.

Também, percebi que não quero mais estar sozinha no bar chorando se eu posso estar ao lado dos meus camaradas rindo de assuntos diversos.

E foi assim que encerrei a noite de ontem rodeada de amigos numa mesa de bar. E enquanto ouvia “estórias” do time, ao meu lado direito, tinha um amigo de 22 anos e na minha frente, um de 64 anos debatendo sobre as melhores contratações… até que o mais novo fala algo que arrepiou meu corpo todo:

“Não tive tempo para ter medo” (Frase de Marighella).

E é isso. Sem tempo, sem medo, apenas amor e dedicação. Ser Vitória é não jogar a toalha.

E no mais, encontro vocês ano que vem no Barradão.

Saudações RN.

Gabriela de Gardênia é torcedora do Esporte Clube Vitória.

Fala, Rubro-Negro! é uma coluna de opinião de torcedores. Seu conteúdo é de responsabilidade dos signatários e não necessariamente representa o que pensa o Arena Rubro-Negra.


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