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O desafio de ir ao banheiro feminino no Barradão

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Foto: Marcello Góis / Arena Rubro-Negra

Durante a Copa do Mundo do Qatar, no ano passado, em 2022, ficamos escandalizados por, ainda no século XXI, nos deparar com uma realidade diferente da nossa: países que não toleram a presença feminina nos estádios. Não é à toa que, nas transmissões, ficamos chocados por saber que, em algumas nações, as mulheres, como as do Irã, estavam indo ao estádio pela primeira vez.

Aqui, no Brasil, não temos esse problema, mas, infelizmente, ainda enfrentamos situações desafiadoras e desagradáveis que, muitas vezes, nos impossibilitam e nos desanimam de ir ao estádio acompanhar o clube do nosso coração. Nesse caso, podemos trazer diversos exemplos do dia a dia: falta de segurança, especialmente durante as partidas à noite, até mesmo nos transportes coletivos, situações de assédio moral, verbal e sexual dentro e fora das arenas mais modernas do país e dos populares estádios que ainda resistem. Além disso, o machismo e a misoginia ainda persistem em nossa sociedade e, diante disso, também no meio desportivo, como no futebol.

Ainda que essas expressões provenientes do patriarcado sejam recorrentes e importantes de serem debatidas, hoje, o assunto é outro: a questão do banheiro feminino no estádio Manoel Barradas, o Barradão. Não é de hoje que a pouca quantidade, a deficiência na estrutura e a limpeza são pautas levantadas por nós, mulheres rubro-negras. No entanto, ainda que promessa do Presidente do Esporte Clube Vitória, nenhuma solução ou explicação em relação às obras de expansão dos banheiros, especialmente os femininos, foram dadas. Sendo assim, nós, torcedoras, ainda passamos dificuldades para levarmos nossas parentes, como filhas, primas e irmãs, bem como irmos aos sanitários, seja antes, durante ou depois das partidas no estádio.

A reclamação e o pedido por mais banheiros não anulam a responsabilidade que nós, mulheres, precisamos ter ao utilizar os sanitários, especialmente ao respeito às filas e à limpeza do local. No entanto, acredito que, conforme haja mais banheiros, o número de filas será menor e, com isso, não será mais necessário urinar fora das cabines. Para isso, a conscientização é necessária! 

Para alguns, homens, em sua maioria, o fundamental é focar no futebol e nas contratações para que o Esporte Clube Vitória possa, de fato, voltar à elite do futebol brasileiro. E isso é o que todos nós queremos. No entanto, não podemos esquecer da torcida, o principal patrimônio de um clube, como a do Vitória, uma das responsáveis pelo retorno à série B.

O tratamento às mulheres, em relação à questão sanitária, é tão precário que, constantemente, é possível ler reclamações das rubro-negras nas redes sociais. Na maioria destas reclamações, não há nenhum posicionamento firme dos responsáveis do clube acerca desse grande problema.

Apesar disso, não abaixamos a cabeça: temos nos posicionado mais e buscado maior aproximação com o Vitória. Tanto é que, nos últimos anos, podemos notar uma presença feminina mais intensa, seja demonstrando o amor ao clube nas arquibancadas e nas cadeiras do Barradão ou por meio das redes sociais. Acontece que, para manter essa chama feminina viva e intensa, o clube precisa proporcionar uma boa experiência para nós, seja dentro e/ou fora do estádio.

Com a precariedade dos banheiros, isso não é possível já que tendemos a nos distanciar e nos afastar de casa, o Barradão, e pensar que ali não é o nosso lugar. Mas é, sim. Sempre foi e sempre será! Nosso lugar é ao lado do colossal!  

Manuella Cavalcanti
Torcedora do Esporte Clube Vitória

Fala, Rubro-Negro! é uma coluna de opinião que expressa pontos de vista de seus autores, não necessariamente semelhante à opinião deste Arena Rubro-Negra

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