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Obrigado, André!

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Por Diego de Assis,

É impossível afirmar categoricamente que um time de 122 anos só existe hoje pela passagem de figura A ou B em algum momento específico de sua história centenária.

Aliás, é possível dizer que o Vitória passou a existir pela iniciativa dos irmãos Valente e dos outros jovens do corredor da vitória que o fundaram na noite chuvosa de 13 de maio de 1899, mas nem esse feliz ato de fundação é suficientemente forte para justificar a existência desse clube além das décadas.

Mesmo assim, nós podemos fazer conjecturas, e aqui lá vai a minha: talvez o Vitória não existiria hoje como o conhecemos se não fossem 3 nomes, André, Mário e Osni. Com todo respeito aos outros 2, mas meu texto se concentra no mais rubro-negro do trio: André, o catimbeiro. André Catimba para os íntimos (e não íntimos).

E eu vos digo: talvez o Vitória não existisse hoje se não fosse a passagem de André Catimba pelo Vitória na década de 1970. Entre 1971 e 1975, Catimba marcou 90 gols com a camisa rubro-negra, sendo herói do título de 1972, que fez o Leão campeão novamente após 6 anos.

Esteve presente também na pouco comentada campanha do Brasileiro de 1974, quando (dizem os mais velhos) o Vitória teria sido operado dentro da Fonte Nova contra o Vasco da Gama e ficado de fora das finais nacionais no saldo de gol.

Esses momentos já fariam – e por justiça fazem – André um dos maiores ídolos da história do Vitória, mas a razão da hipérbole que defendo nesse texto é outra: o seu carisma.

André e o trio mágico criou uma geração de rubro-negros e rubro-negras fanáticas!

Sem André e com os anos de ostracismo no futebol estadual, talvez o Vitória não teria a força e a torcida que tem hoje.

Mas foi graça aos seus gols, ao seu carisma que uma geração de jovens na década de 1970 apaixonou-se ou aumentaram a sua devoção àquele clube tido como a segunda força de Salvador.

Uma breve história para que não me alongue ainda mais: meu saudoso pai, Edgard de Assis, me conta desde que eu me entendo por gente que André foi o seu primeiro ídolo no futebol, e que recebeu das suas mãos uma camisa no título baiano de 1972. Tal camisa há muito se perdeu numa das inúmeras enchentes ocorridas na antiga “roça do lobo” (hoje Vale dos Barris) local pobre onde meu pai e sua família humilde moraram.

O ídolo André, fez de meu pai, filho e neto de Ypiranguenses, um rubro-negro devoto, em razão dos seus gols, do seu carisma, da sua admiração pelo Esporte Clube Vitória.

Essa história, assim como toda a paixão que, claro, André não cultivou sozinho no sr. Edgard, ele passou pra mim, e passou pro meu irmão, e meus tios passaram para os seus filhos, e inúmeros outros rubro-negros e rubro-negras que viveram André, fizeram os mesmo com seus sobrinhos, seus filhos, seus netos e aqui estamos: uma geração inteira de rubro-negros, muito maior que há 50 anos atrás, suportando talvez um dos momentos mais tristes da nossa história recente, prontos para passar também essa paixão para a próxima geração.

O Vitória não existe graças a Catimba, claro, mas é inegável que ele contribuiu pra que ele continue existindo além dos anos.

Enquanto pôde e a pandemia permitiu, André frequentou as arquibancadas do Barradão, como torcedor que era.

André Catimba, um dos maiores ídolos do Esporte Clube Vitória nos deixou hoje aos 74 anos.

Deixou a existência na terra, seu nome, sua história e sua importância são eternas e feitos importantes são imortais.

Obrigado André, você é imortal!

Fala, Rubro-Negro! é uma coluna de opinião de torcedores. Seu conteúdo é de responsabilidade dos signatários e não necessariamente representa o que pensa o Arena Rubro-Negra.


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