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Por que somos contra a taxa compulsória do Conselho Deliberativo?

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Reunião Conselho
Foto: Leonardo Santiago / Arena Rubro-Negra

Por Frente Vitória Popular

A Frente Vitória Popular (FVP) ocupa menos de 20% do Conselho Deliberativo do EC Vitória, exatas 28 “cadeiras” entre as 150 ocupadas pelos conselheiros eleitos, que se somam aos vitalícios. A nossa conquista eleitoral pode parecer pequena e até inesperada, mas representou um sopro de esperança para a parte cada vez maior da torcida rubro-negra que deseja ver o nosso Clube mais profissional, transparente, democrático e popular defensor do nosso maior patrimônio, o Barradão.

Obrigar o EC Vitória a assumir que é um clube com mais de 2 milhões de torcedores (a maior parte moradora dos bairros populares e periféricos de Salvador) é tão central para a gente que estampamos no nosso nome: formamos uma frente que luta por muitas coisas, mas principalmente por um Vitória popular. Um Vitória popular significa que o torcedor que dedica parte da sua restrita renda para apoiar o Clube deve ser valorizado, acolhido e respeitado. Para além de comprar com muita dificuldade os produtos oficiais do Leão, pagar os boletos do plano de sócio ou lutar por um ingresso muitas vezes acima das suas possibilidades financeiras, ele deve também ter o direito de participar da vida social e política do EC Vitória.

Por isso nos assumimos desde sempre como “torcedores e torcedoras de arquibancada” em oposição à identidade ainda majoritária no espaços de poder do EC Vitória, que se acha “de elite”. Alguns de nós pagam sem muitas dificuldades o plano de sócio e compram os produtos oficiais, é verdade, porém muitos outros destinam parte importante das suas economias pessoais ao hoje combalido orçamento do EC Vitória. Gastamos com o plano de sócio, com produtos, com campanhas, com transporte para chegar ao Barradão em dias de jogos ou de reuniões do Conselho Deliberativo, muitas vezes vindo de outras cidades ou estados. E fazemos tudo isso porque somos apaixonados pelo nosso Clube e queremos fazer dele muito maior e vencedor do que já é.

É verdade que o EC Vitória já foi um clube predominantemente de uma elite. E que essa elite, por mais atrasada que seja, insiste em mandar no Barradão, colocando seus descendentes nos conselhos e na diretoria. Mas sabemos também que hoje é impossível sustentar um clube poliesportivo, como é o nosso, apenas contando com a colaboração dos “abnegados”, que é como ironicamente a torcida se refere a eles. Um clube grande só pode ser sustentado pela própria torcida, mesmo se ela for de baixa renda. Entretanto, qual é a forma como o nosso Clube e, em especial, a atual diretoria entendem o torcedor?

Pra começar, logo nos primeiros meses de mandato, comemoraram o aniversário do EC Vitória no Yacht Clube da Bahia e logo depois impuseram, sem muitos debates, uma taxa aos Conselheiros de R$ 1200 por ano, de forma parcelada. Obviamente comemoramos o mesmo aniversário ocupando as ruas, numa linda festa aberta no bairro do Imbuí, tudo isso antes da pandemia; e decidimos que não pagaríamos essa taxa do Conselho Deliberativo, pois isso legitimaria uma política elitista que vai contra os nossos princípios. Como seremos vistos pela torcida rubro-negra que nos elegeu se levarmos no nome o projeto de um Vitória popular e, ao mesmo tempo, aceitarmos a cobrança de taxas dos conselheiros e conselheiras? O torcedor que quiser participar da vida social e política do Clube, para além do programa de sócio, terá de pagar ainda mais? Qual será o limite dessas cobranças?

Além do mais, não havia essa previsão quando os atuais conselheiros foram eleitos. Mudar as regras do jogo no meio do campeonato, fazendo uma comparação futebolística, significaria um constrangimento aos conselheiros de menor poder aquisitivo, que seriam obrigados a renunciar à cadeira que democraticamente conquistaram o direito de ocupar e parte importante da torcida deixaria de estar representada.

Agora nos ameaçam de expulsão do Conselho Deliberativo, em um nítido movimento de retaliação por fazermos oposição à atual diretoria. O que fazemos nada mais é do que exigir que o Estatuto Social do Clube e as leis sejam respeitados. Exigimos transparência, democracia, profissionalismo e valorização do nosso patrimônio. E, em troca, somos ameaçados. Isso significa que estamos incomodando e que já não é possível nos desprezar. Que saibam também que não será fácil nos expulsar.

Frente Vitória Popular


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