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A morte de um time começa na indiferença de sua torcida

Mas apesar das tentativas, o Vitória segue firme nos braços de quem está com olhos bem abertos

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Manto rasgado por torcedor após terceira desclassificação do Vitória seguida para o Ceará na Copa do Nordeste. (Foto: Mário Pinho/ Arena Rubro-Negra)

Calma, torcedor. Diferente do que desejam os invejosos e amedrontados, o Vitória não acabou e não vai acabar tão cedo. Mas não é por falta de motivo. Os fracassos acumulados nos últimos sete anos estão criando no torcedor rubro-negro a pior das reações de um ser humano àquilo que ele ama: a indiferença.

Não é fácil convencer alguém a consumir algo que não é bom. E nisso o Vitória nem se esforça. Se dentro de campo os resultados são humilhantes, fora dele há um espetáculo de ridicularização: homens, velhos, bem sucedidos – mas nem todos, com o ego no centro da testa, brigando entre si para barganhar o poder e, pelo visto, mostrar quem consegue ser o pior à frente do clube.

As consequências dessa eterna briga de poderosos está às claras. Finanças em frangalhos, dívidas exorbitantes, planejamentos interrompidos, equipes mal sucedidas, descredibilidade e fracassos. O Vitória é um time no fundo do poço que pelo terceiro ano seguido se apega a milagres para se manter vivo na segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Que há três anos não consegue passar da fase inicial do Campeonato Baiano.

Há um reflexo claro, em números, para todo esse desmantelamento que essa turma impõe ao Vitória. Dos mais de 12 mil sócios que o clube atingiu em 2019, hoje restam apenas 4.766.

É difícil creditar tamanha redução apenas às consequências da pandemia – a considerar que os valores dos planos foram congelados e até reduzidos neste período. O nome disso é cansaço e desconfiança. Quem vai colocar o seu suado dinheiro em algo cuja destinação ninguém explica?

Pior dos que os números do Sou Mais Vitória, o cansaço e a desconfiança provocam a indiferença. A ponto do torcedor abandonar a religiosa rotina de acompanhar os jogos, de torcer e de comemorar um (cada vez mais raro) gol. É muito triste escrever o que estou escrevendo.

Mas há um fenômeno em andamento que só as teorias ocultas do futebol explicam. Pelo menos nas redes sociais, atuais arquibancadas em tempo de pandemia, e em especial no Twitter, a cada dia surgem novos torcedores que encontram coragem sabe-se lá naonde para acompanhar o dia a dia deste tão maltratado clube. É a mágica da paixão futebolística mostrando o caminho da salvação. Comemoremos.

Sobretudo porque estes chegam com os olhos bem abertos e se juntam aos resistentes 4.766 associados, que nas próximas semanas devem ecoar juntos o desejo da instauração de uma Assembleia Geral Extraordinária, a fim de, pelo menos, frear a destruição do centenário rubro-negro baiano. Informe-se e participe deste processo.

Como dizia, a morte de um time começa na indiferença de sua torcida. E ela é, de fato, real em julho de 2021. Mas o importante é que na reta oposta existe resistência. Resistência é sinônimo de esperança. A turma do ego pode até tentar, mas no fim os verdadeiros torcedores vão poder olhar para a cara de cada um destes senhores e com ironia fazer a mesma pergunta daquela conta humorística do Twitter: O Vitória já acabou hoje?

E sem perder tempo responder a própria pergunta: Não! Mas se dependesse de você, já teria acabado.


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