Início Colunas Memórias do Leão Hernández… o uruguaio que ganhou o Nordeste

Hernández… o uruguaio que ganhou o Nordeste

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Com uma trajetória histórica no futebol, o Uruguai, um dos países mais expressivos da América Latina formou ao longo das décadas diversos craques. Campeão da Copa do Mundo em 1930 e 1950, o país se tornou um gigante adormecido do esporte bretão. Mesmo no longo hiato sem novos títulos mundiais, o país vizinho não deixou de exportar craques pro resto do mundo. Como boa terra de Eduardo Galeano, que descreveu o futebol como uma viagem do prazer ao dever, deu ao Vitória nomes como Doróteo e Gustavo Fernandez. Além deles, o jovem atacante Hernández, que mesmo despontando nas terras da Espanha, veio à Bahia ganhar o Nordeste.

Nicolas Diego Hernández Gomez, nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai, no dia 05 de setembro de 1975. Apesar de uruguaio, seu futebol despontou muito longe do Rio da Prata. Foi na Espanha que deu seus primeiros passos como jogador profissional, tendo atuado pelo Valencia com cerca de vinte anos de idade e em seguida no Villareal. A vinda ao Vitória se concretizou em 1998 e o negócio que fez o atleta cruzar o Atlântico se mostrou promissor.

No Brasileirão daquele ano foi que ele fez seus primeiros gols com a camisa do Vitória. Numa sequência de quatro jogos, Hernández marcou na vitória em 2 a 0 contra o Internacional – sua estreia como titular – , no empate em 1 a 1 com o Atlético-MG, na vitória em 1 a 0 sob o São Paulo e por fim fez o gol de honra rubro-negro na derrota para o Atlético-PR por 4 a 1.

No Brasileirão de 1998, o uruguaio marcou gols em quatro jogos seguidos. (Foto: Acervo de Ubiratan Brito)

Uruguaio que era, porém jovem, o atacante certamente não viveu o fatídico ‘Maracanazo’. O tempo reservou a Hernandez, outra vivência fatídica numa final. Foi no Campeonato Baiano que o jogador celeste viu o time do Bahia não ir a campo na finalíssima no Barradão diante do Leão da Barra. Com um campeonato indefinido e outra final de outro torneio entre os dois clubes marcada para dias depois, Hernández incorporou o espírito de Gigghia e Schiaffino e deu ao rival o seu próprio ‘Barradanazo’.

Autor de gols do Vitória nas quartas-de-finais do Nordestão daquele ano, diante do Botafogo-PB e nas semifinais, em cima do Sport, foi com ele que a torcida rubro-negra vibrou no jogo de ida, enfim, o jogo da rendição. Pois se não aconteceu final do Baiano, aconteceu no Manoel Barradas a final do Nordeste. E foi com Hernandez em dose dupla que o Vitória abriu o 2 a 0 necessário para o título. Aspas pra Galeano novamente: “A bola o procura, o reconhece, precisa dele. No peito de seu pé, ela descansa e se embala. Ele lhe dá brilho e a faz falar. E nesse diálogo entre os dois, milhões de mudos conversam.”; E assim foi. No gramado do Santuário, Hernández deixou sua marca indelével na história aos 20′ e aos 34′ do segundo tempo. O placar de 1 a 0 para o rival na Fonte Nova, colocou a taça nas mãos do Vitória. Mesmo sem sua presença em campo, o hermano que se aventurou nos gramados nordestinos e conquistou a confiança de uma torcida brasileira quase meia década após o ‘Maracanazo’.

No jogo de ida da final, o uruguaio marcou os dois gols da vitória rubro-negra que garantiria o título.(Foto: Revista pôster Placar 1999)

Hernandez fez 36 jogos pelo Leão entre os anos de 1998 e 1999. Após o título do Nordeste, voltou para a Espanha onde completou a carreira jogando novamente no Valencia e no Villareal. Enfim, seja nos trópicos do Barradão ou nos ventos de El Madrigal, este uruguaio dos gramados soube também fazer seu futebol ao sol e à sombra.


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