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O inesquecível BaVi de Gilberto Gil

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Nesta semana dezembrina o título baiano de 1972 do Vitória completa 48 anos de história. Conquistado no dia 17, em um clássico BaVi disputado na Fonte Nova, o título é até hoje um dos mais marcantes da história rubro-negra por conta do trio de ataque formado por André Catimba, Osni e Mário Sérgio. Fora do imaginário vermelho e preto, esta conquista também é inesquecível para um torcedor ilustre do lado tricolor: Gilberto Gil.

Cantor e compositor, Gil fez nome nos anos 60 na Música Popular Brasileira e chegou a ser preso pela Ditadura Militar em 1968. Se despediu da Boa Terra cantando Aquele Abraço e partiu para um exílio em Londres que durou até janeiro de 1972. De volta ao Brasil, ele lançou em junho daquele ano um dos seus álbuns de maior destaque, o Expresso 2222. Foi também em junho, mas de 1991, que Gilberto Gil em depoimento para a Revista Placar declarou que seu clássico inesquecível foi o Bahia 1 x 3 Vitória do fatídico dia 17/12/1972.

De volta ao Brasil com Caetano em 1972, Gilberto Gil gravou o Expresso 2222 e acompanhou os clássicos do Campeonato Baiano. (Foto: O Estado de S. Paulo)

“Em razão da atitude hostil que o regime resolveu tem em relação a todo o conjunto artístico intelectual brasileiro, nós acabamos tendo problemas com o governo militar, fomos presos e expulsos em 1969. Eu e Caetano Veloso fomos para Londres e só voltamos em 1972. Tinha muito o que colocar em dia, matar a saudade. Nunca escondi meu grande amor pelo Bahia. Na volta do exílio, Bahia e Vitória estavam disputando o título de 1972. A decisão ficou para o mês de dezembro depois do Campeonato Nacional daquele ano.

O Bahia jogava por um empate e o Vitória tinha de vencer para provocar um jogo extra na decisão do título. Ganhou o primeiro por 2 a 1 , e a decisão do título ficou para o dia 17 de dezembro. Na época, Antônio Carlos Magalhães, torcedor do Vitória, também era o governador da Bahia, e estava na Fonte Nova. Eram dois grandes times. No Bahia, jogavam ídolos como Douglas, Roberto Rebouças, Baiaco e um goleiro argentino chamado Buttice. Do lado de lá, André Catimba, Osni, Mário Sérgio, grandes jogadores para um clássico que levou mais de 30 mil torcedores à Fonte Nova.

Logo no início do jogo estouraram uma bola na defesa do Vitória e sobrou para André no ataque. Ele ganhou de Amorim na corrida, driblou outro zagueiro, Onça, e fez o primeiro gol da decisão. Me lembro muito bem, por que sempre fui aos clássicos e aquele BaVi de 1972 foi uma das grandes depressões que eu tive no futebol. Amarguei muito aquela derrota do Bahia, e saí do estádio da Fonte Nova completamente acabrunhado.

O Vitória ainda fez mais dois gols, de pênaltis, cobrados por Osni. Já no final do jogo, Natal fez o único gol do Bahia na derrota de 3 a 1.” (Gilberto Gil)

Jornal A Tarde parabeniza o Vitória pelas conquistas do Campeonato Baiano de Futebol e de Remo. (Foto: Jornal A Tarde)

Tristeza para Gil e alegria para os rubro-negros que preenchiam as arquibancadas do velho Octávio Mangabeira. No fim das contas, um belo presente de boas-vindas para o ídolo da música baiana. Que apesar da derrota no clássico, enfim teve a presença de calor, de cor, de sal, de sol e de coração pra sentir da torcida rubro-negra.


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