Mesmo em sua era amadorista, o Vitória fez jogos bastante disputados contra equipes tradicionais do futebol brasileiro. Entre os anos 30 e 40, o Rubro-Negro conhecia pela primeira vez alguns de seus futuros adversários de nível nacional, e desta forma, aconteceu em 1946 o primeiro confronto contra o Cruzeiro Esporte Clube.
O time mineiro, anteriormente chamado de Palestra Itália e Palestra Mineiro, estava no seu quarto ano com o nome de Cruzeiro e viajou para a Boa Terra a convite do Bahia para realizar alguns jogos na capital baiana. Após vencer o Guarany por 3 a 2, os mineiros não tiveram vida fácil contra o Vitória, pois aquilo que poderia ser uma grande excursão esportiva, ficou marcada por uma confusão sem tamanho.
Os dois times se enfrentaram no dia 24 de julho, mas o imbróglio começou com a escolha do árbitro. A federação local havia divulgado em nota que em temporadas amistosas ao menos um jogo seria apitado por árbitro local. O Bahia, que promoveu a excursão, acabou não avisando aos visitantes da regra, fazendo com que o time mineiro trouxesse um árbitro para apitar a partida, como era comum na época. Por sua vez, os cruzeirenses afirmavam que a escolha do árbitro local era uma imposição.
O time do Cruzeiro negava-se a entrar em campo às vésperas da partida. A Federação afirmava que o árbitro deveria ser local e não haveria outra escolha. Quem estava sobrando no bolo, era a torcida presente, que esperava o ‘match’ apreensiva. Até que a Polícia ameaçou prender todo o time da Raposa, caso não entrassem em campo. Enfim pela pressão, os mineiros cederam, e em campo, começaram ganhando com um gol de Alcides de falta. O artilheiro Gringo, empatou para o Leão de pênalti logo em seguida. Depois, Orlando fez novamente para os visitantes, e Gringo empatou de novo para o Decano.
No segundo tempo, Jaime, Siri e Joel (de pênalti) marcaram para o Vitória e terminaram a partida amistosa com o placar em 5 a 2. Após o último pênalti, o Cruzeiro ficou com apenas nove jogadores em campo e desejava não continuar a partida. Revoltados com a arbitragem, os atletas tentaram agredir o juiz Carlos Alberto Godinho e acabaram sendo presos. No fim das contas, a vitória do Vitória foi decretada e os dirigentes do Bahia e da Raposa passaram a noite na delegacia para soltar os jogadores que além de goleados, tiveram que ver o sol nascer quadrado.
