Início Colunas Memórias do Leão Romenil… o xerife rubro-negro

Romenil… o xerife rubro-negro

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Em outras épocas, o Esporte Clube Vitória não sofria tanto com as falhas de sua zaga. Precisamente nos anos de 1960 quando o xerife Romenil comandava a defesa rubro-negra. Um jogador a frente de seu tempo que vestia a camisa em campo como um enfermo torcedor. Por sua raça e paixão exalada em campo, é considerado por muitos o maior zagueiro da história do clube.


Nascido em 2 de Outubro de 1943 no bairro do Rio Vermelho em Salvador, Romenil começou a trilhar sua trajetória no futebol desde cedo quando brincava de golzinho no Largo da Mariquita. Mas foi a partir de uma praia que Lucinha Resende (representante do então presidente do Vitória, Ney Ferreira) o levou para jogar no Leão da Barra. Enquanto não atuava pelo time, ele defendia o Bossa Nova (time reserva) enquanto a equipe titular estava de viagem. Nesta época, seu irmão Carlinhos Gonçalves também atuava no clube e já alcançara glórias no futebol baiano.

Romenil, o primeiro em pé na formação rubro-negra da década de 60.


Sua estreia veio a ocorrer em 1963 quando assentava o banco de reservas e viu Medrado sentir a coxa. Com a ordem para se aquecer do treinador Ricardo Magalhães o garoto começara a sentir a esperança de pisar no gramado. Porém o diretor Henriquinho Cardoso indagou: “O jogo é muito duro. O menino é novo, nunca jogou. Bota Touro”. O jogo era uma partida amistosa entre Vitória e Sport no estádio Mário Pessoa em Ilhéus. Envolvia jogadores de renome como os goleiros Manga, pelo lado pernambucano e Magalhães no time baiano. O jogo podia ser amigável para ambas as equipes, mas não para o rapaz proveniente da Fonte do Boi. Romenil protagonizou uma briga em campo diante da tribuna de honras e as cabines de rádio. Ele mesmo relembra: “Esta confusão não fui eu quem arrumou, mas entrei, né? Era meu time.” .

Romenil ao lado do cantor Caetano Veloso e do jogador do Bahia, Zé Otto, antes de um BaVi na Fonte Nova.


Nos sete anos em que atuou com a camisa vermelha e preta, Romenil alternava suas concentrações em vésperas de jogos. Costumava ficar de estadia na Casa do Atleta (Acupe de Brotas) ou nos hotéis Calçadas e São Bento, ambos localizados no Retiro de São Francisco. Não descartara a boemia, mas em datas próximas aos confrontos tinha como hobbie o pingue-pongue e o dominó. Também chegou a treinar com o Vitória em diversos campos, como o Campo de Periperi, Vale do Canela, Campo da Graça, na Vila Militar, Dendezeiros e no bairro de Periperi.

Em lance de disputa da bola contra o ataque do Ceará no Presidente Vargas no ano de 1966.


Por sua valentia em campo é muito relembrado não só pelos torcedores como outros atletas. O atacante André Catimba certa vez dissera: “Romenil esculachava os atacantes”. O xerife não perdeu seu espírito de jogador e já aposentado disse: “Eu sou rubro-negro danado. Sempre tive aquele amor pelo Vitória. Fico pensando… Se ainda fosse novo, eu jogava só pra ajudar.”.


Pelo Vitória ele conquistou o bicampeonato baiano nos anos de 1964 e 1965. Jogou mais de noventa partidas pelo Leão da Barra e encerrou seu ciclo já em 1970, quando fez seu último jogo no Campo da Graça. 


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