Início Colunas Memórias do Leão Sena… um artilheiro impecável

Sena… um artilheiro impecável

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(Créditos: Acervo de Ângelo Alves)

Quando fala-se de Sena, evoca-se os temores daqueles que foram adversários rubro-negros nos anos 70. Dono de um dom inato para fazer gols e ídolo de muitos torcedores, Sena infernizou a defesa dos mais variados clubes em fins setentistas. Para que o leitor entenda melhor a figura, se trata do 4° maior artilheiro da história do Esporte Clube Vitória, com 109 gols em 192 jogos. A frente dele, somente Osni, da mesma década, e os lendários Siri e Juvenal.

 Jorge Luís Sena é carioca. Nasceu no Rio de Janeiro em 25 de abril de 1953 onde foi revelado pelo São Cristovão, em seguida rumando para a Espanha onde jogou pelo Atlético de Madrid e Rayo Vallecano. De volta ao Brasil e a sua terra natal, ele esquentou banco no América-RJ por algum tempo até o Vitória trazê-lo para a Boa Terra em 1977. O clube rubro-negro sentia a ausência de Fischer e Osni que deixaram o clube após o ano de 1976 e logo no começo do novo ano trouxera o meia-direita que jogava bastante pelo miolo do ataque. 
 

Sena ganhou espaço aos poucos. Logo que chegou, o Leão jogava num esquema com dois centro-avantes, Zé Júlio e Ferreti. Mas este segundo fora negociado e ele conquistou vaga no time titular, e já mostrando serviço. Seu primeiro gol envergando a camisa rubro-negra aconteceu ainda na companhia de Ferreti, no dia de 16 de fevereiro em confronto com o Jequié, onde o Vitória venceu por 5 a 2 e o meia carioca marcou duas vezes. Seus gols não pararam por aí, continuou balançando as redes constantemente, algo que não fizera quando esteve no futebol espanhol. Por lá, foram doze meses sem marcar. No Vitória de 77, Marciano até ameaçou tomar seu lugar, mas não deu outra, e ele continuou sendo o artilheiro da equipe e do Baianão, com 18 gols. No Campeonato Brasileiro, marcou mais cinco gols em quinze jogos rubro-negros na competição. Seu contrato de empréstimo que durava até o fim do campeonato, foi renovado, mas o Decano cedeu Léo Oliveira ao América, e dessa forma o clube continuou a gozar de seus gols e ele de um revivida de seu bom futebol.

Sena em treino pelo Vitória em 1977. (Foto: Antônio Andrade/Placar)

Se 1977 trouxe ânimo para o futebol de Sena, 1978 tratou de ser um baque. Não necessariamente no futebol, mas sim em sua vida pessoal. Ele teve de lidar com a morte prematura do filho de onze meses, Luciano. Recebeu uma licença de cinco dias por conta do trágico ocorrido, e em campo já não era tão vivo e temido pelas defesas como outrora. O que justifica a ausência de seus gols em boa parte do Campeonato Brasileiro – foram só quatro naquele ano -. Em outubro, o Vitória fez uma excursão para a Arábia Saudita e Grécia e Sena retornou como vice-artilheiro. Encerrou a temporada de forma mais alegre e pronto para brilhar no ano seguinte.

Marcando um de seus belos gols num ano conturbado para si mesmo. (Créditos: Acervo de Ângelo Alves)

1979 por sua vez viria a ser um ano trágico e festivo para a torcida do Leão. Sena se consagrou como artilheiro do Baianão com 25 gols, mas o Vitória não teve a mesma sorte em levantar o caneco, pois o lance do frango de Gelson que ainda crava-se na memória vermelha e preta impediu o feito. Em jogos amistosos ele alcançou outros 18 gols. Em meio aos seus tentos, não perdia o bom humor. Em vésperas de um BaVi ocorrido em março ele disse: “Vou fazer gols no BaVi e oferecê-los de presente de aniversário para o presidente Paulo Maracajá (presidente tricolor que faria aniversário um dia depois)”. O Vitória até ganhou o clássico, mas com gol de Sivaldo. 

Ao lado de Zanata comemorando um de seus gols. (Créditos: Acervo de Ângelo Alves)

No Campeonato Brasileiro, somou forças com Zé Júlio e Sivaldo no ataque para levar o Vitória para o que seria 5° melhor campanha da história do clube num Brasileirão. O rubro-negro encerrou em 8° na colocação geral, caindo somente na terceira fase e o atleta que já não era mais um meia e sim um centroavante, marcou sete gols. Ele seguiu no Leão da Barra no Brasileiro de 1980 e só deixou o clube no início do Baianão, já em junho, quando foi para o Santa Cruz.

Junto de Wilton comemorando um gol no 6 a 1 contra o Fortaleza. (Créditos: Acervo de Ângelo Alves)

Se queixava que a torcida pegava bastante em seu pé, mesmo sendo um fazedor de gols nato. Mas sua venda para o Santa trouxe a ira da torcida, que pediu a saída do presidente Rui Rosal por conta disso. O cartola renunciou sob a queixa dos torcedores, como Alvinho Barriga-Mole, que disse: “As bananas estão muito mais caras que o passe do Sena”. Hoje em dia o craque vive no Rio de Janeiro.

Extra:
 Gaguinho, massagista rubro-negro da época, compôs uma música em homenagem aos memoráveis gols de acima. A letra está exposta na imagem abaixo.

Música composta por Gaguinho, icônico massagista rubro-negro. (Créditos: Acervo de Ângelo Alves)



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