Início Colunas Memórias do Leão Wilson… o atacante alagoano

Wilson… o atacante alagoano

1921

Em sua longa história o Vitória sempre teve a facilidade de descobrir e revelar talentos do futebol brasileiro. Desde jogadores com currículos notáveis a desconhecidos, passando por aqueles que já tinham algum realce no mundo da bola. Em meio a isso, na década de 90, surgiu na Toca um novo atacante. Novo no porte, na idade e no chute.

Wilson Manoel da Silva Santos nasceu em Maceió no dia 12 de março de 1973, época em que o CSA era uma potência local em crescimento. Cerca de 20 anos depois, em 1992, ele foi revelado pelo clube, onde ficou até o fim da temporada de 1994. Logo em sua chegada ao Leão em 1995 já pode notar as dificuldades que o time enfrentava. Após ser buscado no aeroporto por uma kombi do clube, o automóvel quebrou no trajeto para o CT, atrasando a sua apresentação. Realidade esta que contrastava com as contratações glamurosas que o clube teria dois anos depois, ainda em sua presença.

Mesmo sem muitas pompas, sua contratação não demorou a mostrar serviço. A temporada começara no dia 29 de janeiro com uma fulminante goleada em 6 a 0 no Camaçari. Dias depois, em confronto contra o Fluminense de Feira que terminou em 1 a 1, Wilson marcou o único tento rubro-negro. Não parou por aí e ainda no mesmo mês marcou o gol da vitória contra o Conquista. No mês seguinte mais dois gols, sendo um deles no dia de seu aniversário. Foi desta forma, mesclando gols quando o chute era necessário e passes quando o toque era preciso, que Wilson terminou o campeonato com uma média de dois gols por mês. No final das contas, o Vitória depois de dois anos na fila, enfim sagrava-se campeão baiano novamente.

Wilson na conquista do título baiano de 1995. (Créditos: Baú do Leão)

No Brasileirão daquele ano o clube fez uma campanha razoável, mas o alagoano deixou sua marca duas vezes. Um deles teve sabor especial, e não foi no empate em 1 a 1 no BaVi em novembro. Em setembro, o Vitória ainda brigava para não se aproximar da zona de rebaixamento, e o adversário Flamengo, com Edmundo, Romário e Sávio era um bicho feroz no caminho do rubro-negro baiano. No jogo disputado em Cariacica-ES, o time carioca assustava cada vez mais o Leão da Barra com seus lances perigosos. Porém aos 33′ do segundo tempo, um vulto com a camisa 7 invadia a área flamenguista. Era Wilson, que aproveitou a destreza da jogada conjunta do time para chutar no canto e marcar o gol salvador.

O alagoano em dia de treino em 1995. Atacante de origem, mas com bicos no meio-de-campo, Wilson não restringiu sua função ao ataque. (Créditos: Báu do Leão)

Clube campeão, defende seu título como pode. Em 1996, Wilson marcaria somente um gol na campanha que sagrou o clube como bicampeão baiano, em uma partida contra a Catuense. Foi em meio a isso que ganhou de seu colega de time e de apartamento Júnior Nagata, o apelido de ‘cara de sapo’. Devido a um antigo desenho onde aparecia o personagem da Disney, Sapulha. E mesmo com as onerosas contratações em 1997, sua participação não foi abafada na campanha do tricampeonato rubro-negro. Com quatro gols na campanha, converteu-se em um dos seis atletas que conquistaram os três títulos do primeiro tricampeonato rubro-negro.

Mas seu título de maior expressão em sua passagem pelo Vitória, quiçá de sua carreira, aconteceu paralelamente a conquista do Baianão. Naquele ano, a Copa do Nordeste voltava para ficar e foi o Vitória quem conquistou o título. A estrela do time Bebeto, tinha futebol de sobra mas valentia de menos. E acabou tendo a boca quebrada pelo zagueiro Fabão. O técnico Arturzinho então pôs Wilson em campo para enfrentar o zagueiro tricolor. Não deu outra, pois pau que dá em Chico… dá em Francisco. Num jogo truncado, o Vitória mesmo perdendo por 2 a 1 para o rival, sagrou-se campeão nordestino e deu a volta olímpica na Fonte Nova.

Wilson deixou o clube posteriormente para jogar no Camaçari, e em seguida voltou a sua terra natal para jogar no clube de berço, o CSA. Encerrou a carreira em 2005 no Murici, time também alagoano. Atualmente vive em Maceió.


Deixe sua opinião