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O Barradão é mágico

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Sempre temido pelos adversários, o Barradão é uma espécie de entidade. Mais do que um estádio, ele é considerado uma força extra, pois, mesmo em fases não tão boas, mantínhamos uma invencibilidade quando jogávamos em casa. De uns tempos para cá, perdermos tantas partidas que começamos a colocar em cheque essa verdade universal, mas, ao que tudo indica, o Barradão voltou.

Com uma sequência de derrotas em casa (e fora também), muita gente passou a ir ao estádio cabisbaixo… “A gente vai porque não tem jeito”. “Sou trouxa mesmo”. “Não posso ir de carro porque não tem como ver esse time estando sóbrio”. A realidade é que assistir aos jogos por aqui já não tinha a mesma graça, íamos meio tristes, meio que preparados para a derrota que provavelmente viria. O clima era péssimo.

Quando da Copa América, inventaram até que o estádio estaria amaldiçoado: quem treinasse lá, perderia o jogo. A suposta maldição desconsiderava que se a maioria das seleções utilizou as instalações da Toca, invariavelmente tanto as que ganharam quanto as que perderam treinaram lá (a exemplo do Brasil, que até foi campeão). O fato é que, se maldição houve, também não podemos negar que o pessoal levou consigo a zica, porque desde o retorno da Copa América, caiu no Barradão, pode encomendar o caixão! Lucas Cândido em sua primeira entrevista coletiva já expressou o sentimento de milhões e conquistou o nosso coraçãozinho ao dizer que o adversário tem que tremer quando descer aquele morro. Falar palavrão na entrevista para defender o estádio? Potencial enorme de se tornar ídolo.

O negócio é que parece que as coisas mudaram. Pela primeira vez na história deste clube (Fonte: Nova), um treinador estreeou vencendo. E sem tomar gol! Desde o técnico anterior, aliás, a sorte parece que virou e o Barradas voltou a mostrar sua força.

Cancele as rodadas antes da parada, seu juiz

Se considerarmos apenas os jogos após a parada para a Copa, o Vitória estaria na sexta posição, com 10 pontos. Foram três vitórias, um empate e três derrotas. Pela primeira vez em muito tempo, estaríamos com saldo positivo de gols (um é um número maior que zero). Só no Barradão, foram três vitórias e uma derrota (a primeira partida foi um tropeço contra o Cuiabá por um mirrado 1 x 0, pois ainda estávamos aquecendo)… Nove pontos em doze disputados? Bom retrospecto, hein?

A torcida voltou a ter orgulho do seu estádio e a confiar nessa força extra com a qual sempre pudemos contar. Tornamos a bradar, no estádio e nas redes sociais: “O Barradão voltou! O Barradão é mágico, sim! O Barradão ganha jogo!” Por algum tempo fizeram chacota com essas afirmações, mas é fato que o Leão voltou a rugir alto em sua Toca. Nosso orgulho está de volta! Entendemos que a necessidade de jogar na Arena é grande, tendo em vista a questão financeira envolvida, mas que está difícil de nos despedir da nossa casa, está.

Agora, a cada jogo, são duas perguntas.

A primeira é se vai chover. Nunca ficamos tão felizes com um anúncio de tempestade. Se antes o mau tempo era motivo de desistir de ir pro estádio, hoje é chamariz. Quanto maior o toró, maior a chance de ganharmos.

A segunda é se será o último jogo no Manoel Barradas. Embora a despedida pareça necessária e inevitável, até urgente, no nosso íntimo comemoramos quando sabemos que o próximo jogo ainda deve ser lá. Assim vamos nos despedindo aos poucos do churrasco, dos amigos, do pôr-do sol, do clima e da magia que nos faz quase invencíveis em casa… Vai deixar saudade, meu velho. Conserve seu encanto que não será um adeus, mas sim um até breve!


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