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O Barradão é meu, a Fonte Nova é nossa

Por fora estamos zoando o rival, mas por dentro parece que morreu alguém da família

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Imagem: Reprodução

É verdade, minha gente, esse dia chegou. O acordo tão esperado com a Arena, que supostamente vai nos tirar da pindaíba, foi fechado. Pela demora, acreditamos que conseguimos fechar o contrato nos moldes que queríamos, pois foi só ameaçar o processinho que as coisas se agilizaram. O rival está se doendo como nunca e já zoamos com eles até não podermos mais. Era para estarmos felizes, né? Mas o sentimento é de tristeza, como se um ente querido tivesse nos deixado. Entretanto, precisamos abraçar a ida à Fonte para que o Vitória não tenha prejuízo.

O que mais dói é que a mudança se dá basicamente pelo apelo financeiro da coisa. Não dá para não fantasiar que, se estivéssemos de fato fechados com o clube e comprássemos a causa Barradão, teríamos os supostos 500 mil mensais com nosso próprio público, sem precisar quase que nos humilhar frente ao Consórcio. A luta pela (óbvia) isonomia, se estendeu por mais de 100 dias e, para mostrar alguma vantagem, tivemos que garantir que jogaremos lá por três longos anos. Mas como ficará a Toca do Leão até lá? Se não temos dinheiro, será que alguma parte do que ganharemos por jogar na Fonte Nova será revertida em favor do nosso maior patrimônio? Nos orgulhamos do nosso estádio raiz, mas entendemos que há tempos são necessárias melhorias em sua estrutura, que não o descaracterize, claro, mas que o adeque aos novos tempos e novas demandas.

Mas antes de xingar o coleguinha que não frequentava o Barradão ou não se associou, nobre leitor, vamos lembrar que o marketing do clube parou no tempo. A comunicação, vixe, não é bom nem lembrar… O clube falhou ao não se aproximar da torcida, deixando de fazer campanhas relevantes de associação. A verdade é que, além de o time estar horrendo (logo não dava gosto de assisti-lo), o SMV não se mostrou interessante, não deu contrapartidas ou ofereceu um bom número de parceiros… Hoje quem é associado do Vitória o faz por puro amor e abnegação. Mesmo que se resuma a um pacote de ingressos, vamos lembrar que o “espetáculo” são jogos sofríveis da Série B.

Entre razões e emoções, a saída é fazer… entrar dinheiro no caixa

Só que estamos desesperados. As notícias que circulam dão conta de que não temos dinheiro que nos sustente até o fim do ano e as dezenas de contratações e dispensas precoces vão nos atormentar em forma de processos trabalhistas. Não posso afirmar, pois não vi os balanços (alô, transparência, cadê você?), mas é o que dizem. Assim, o centenário Vitória, com toda a sua tradição, buscou a Arena na pior hora possível, pois não está em condições de negociar de igual para igual.

O contrato com o consórcio hoje nem é tão bom quanto já foi: o rival, sem estádio, surfou na onda por alguns anos sem precisar apresentar maiores contrapartidas (até a imposição de número de sócios mínimo é coisa recente). Mas como estamos com o pires na mão, é possível que tenhamos vendido nossa alma nesse contrato. É a alternativa mais preguiçosa, pois temos estádio e só precisávamos de uma aproximação com o torcedor, mas… Inês é morta! A Fonte é uma realidade e teremos que nos adequar a ela.

Como não tem Barradão, vai Arena mesmo

Vamos morar em nossa casa de praia por três anos e precisamos corresponder para que o clube não tenha prejuízo. Os sócios prata receberam sua porradinha sabendo que ficarão no Super Norte (temos que tomar cuidado com a comemoração, porque se levantarmos a mão, Deus puxa). Mas precisamos avaliar, dentro das nossas possibilidades, o que faremos para ajudar o clube.

Todos os planos tem suas vantagens (além da maior e mais importante: poder votar e ser votado). O Topázio, bem, finalmente teremos um plano popular para chamar de nosso. O prata é bem barato, o rubi tem uma boa localização, o ouro não pega sol de jeito nenhum e o diamante é conforto para quem tem mais um dinheirinho na conta. O bronze segue mantido para quem mora fora ou não consegue ir a tantos jogos. Só que precisamos saber as metas para ajudar a cumpri-las. Não queremos mais cobranças, queremos ser efetivamente SÓCIOS do clube e, como tal, ajudarmos como pudermos, desde que sejamos devidamente informados do que é preciso. Alô, Comunicação! Fala com a gente! Somos aliados, não inimigos. O clube, sem os seus torcedores, não é nada.

Assim, antes de desfazer seu SMV, meu amigo, pense que o Vitória é maior que qualquer situação ou qualquer dirigente. Vamos aproveitar que a Arena 51, embora não seja nossa casa, tem boa localização e metrô na porta. Não vamos nos nutelizar, levaremos nossos costumes e esquentaremos a frieza característica de uma arena setorizada. Faremos festas homéricas, como sempre fizemos. “Estamos contigo em qualquer lugar”, diz o hino. Que seja na Fonte, sem problemas!


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