Início Colunas O Corneteiro Cornetada: o silêncio ensurdecedor que nos diz muito

Cornetada: o silêncio ensurdecedor que nos diz muito

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Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória

Antes de iniciar, vou repetir uns avisos que estão na última “cornetada”: o texto a seguir é de minha inteira responsabilidade, portanto pode não refletir a mesma opinião que os meus colegas do site Arena Rubro-Negra, já que a coluna trata da minha opinião. Outro aviso é que não se trata de absolutamente nada pessoal e sim uma opinião acerca do cenário em que estamos presenciando e de algumas falas, assim espero que não tenhamos complicações, apesar de todos serem livres para cornetar meu texto.

E relembrando o último texto dessa coluna, chega a ser engraçado (e pagar com a língua de certa forma) que o motivo tinha sido pelo fato do presidente falar demais (quando Agenor Gordilho, então presidente, demonstrava confiança exagerada e dizia que iria atropelar os times). Hoje, o teor é justamente pelo silêncio que vem perturbando e muito.

Certa vez o grande poeta Carlos Drummond disse em uma de suas primorosas obras que “mesmo no silêncio e com o silêncio,
dialogamos.” E como sempre ele estava certíssimo. O silêncio pode revelar e nos dizer muito mais coisas do que propriamente as palavras ditas.

E isso podemos aplicar perfeitamente na postura do presidente Ricardo David ultimamente. O silêncio de forma ensurdecedora vem deixando torcedores e boa parte da imprensa que cobre o clube aflitos e sem perspectiva nenhuma do que vêm acontecendo. A comunicação e o diálogo, que tanto eram elogiados e elucidados durante o último pleito, parece que sumiram e ninguém sabe como achar.

Após o fatídico BaVi do dia 18 de fevereiro, o presidente não apareceu mais em coletiva para explicar ou comentar sobre algo negativo que tenha ocorrido com o clube. Somente nas contratações durante a parada da Copa. Ou seja, só apareceu quando ocorreu algo “positivo”.

  • Derrota vexatória na Copa do Nordeste
  • Demissão do ex-diretor Erasmo Damiani
  • Derrota no Campeonato Baiano
  • Demora nas contratações
  • Fim da equipe Universo/Vitória de basquete
  • Demissão do ex-técnico Vagner Mancini
  • Demora na definição do novo técnico

Em todas essas situações, o presidente não apareceu para explicar o que aconteceu e o que está acontecendo. A letargia em definir vem aborrecendo na medida em que o tempo passa, a moral que era pouca frente à torcida (que criou alguns apelidos), está a ponto de se esgotar. E isso passa por essa omissão, a não-aparição do presidente nas situações adversas e não somente quando o “clima é bom”.

Esse silêncio poderia ser traduzido como “trabalho calado”? Poderia, se isso estivesse ocorrendo como deveria ser.

A impressão passada por esse silêncio é de estar perdido. Geralmente, no âmbito profissional (e até pessoal), é prudente termos planos secundários, afinal nenhum plano é infalível. Quando o planejamento não dá certo, não adianta somente ir empurrando até dar certo em algum momento, é necessário mudanças. E a agilidade nessas mudanças é primordial, principalmente no futebol, quem é devagar fica pra trás, literalmente.

A mais recente é a definição de um técnico. Vai efetivar Burse? Vai atrás de um técnico? Qual o perfil? São questões que todos fazem e nenhuma resposta é obtida. O técnico Burse parece que só fica sabendo que vai treinar pra rodada seguinte após o jogo anterior: “Vai segurando a onda aí”.

Essas e outras questões é que precisam ser ditas ao torcedor. E não, não é entrevista a algum veículo da imprensa (nem tampouco uma comigo ou com o Arena em si).

É falar diretamente ao torcedor. O clube dispõe de canais oficiais pela internet. Dispõe de espaço e meios para realizar uma coletiva e a responder qualquer questão (inclusive interação com o torcedor). Creio que todos pedem isso: Ricardo David, apareça e fale. Mesmo que obviedades, mas fale.


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