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Série “A melhor base do Brasil” parte 3: o meio campo genial perdeu o encanto

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falamos do comandante, falamos da defesa, agora chegou a vez de falarmos do setor mais “badalado”: o meio campo, passando por volantes e meias.

Já dizia aquela música do Skank: “o meio campo é o lugar dos craques, que vai levando o time todo pro ataque”, realmente, o time sub-20 do Vitória em 2012 só tinha craques. Mas nenhum deles se firmou no time titular, mesmo com chances ora ou outra, não souberam aproveitar. A pressão exercida em cima desses jogadores foi tamanha que isso afetou o futebol de alguns deles, sendo que até hoje alguns ainda não conseguiram mostrar o talento no “time de cima”. A carência da torcida por meias, pratas da casa, era grande, fazendo com que muitos desses subissem logo de uma vez. Vamos ver alguns deles e onde estão.

VOLANTES: naquele time, os titulares absolutos que formavam a primeira linha do meio, frente à zaga, eram Edson Magal e Gabriel Soares. O primeiro era o típico volante desarmador, o cão de guarda que protege os zagueiros e, não à toa, se tornou um dos líderes daquele time e com comparações a Xavier, volante que surgiu da Toca e é referenciado até hoje pela seriedade em campo. Hoje em dia joga pelo Ferroviária, time de São Paulo, antes passou pelo Santa Rita de Alagoas e Fortaleza, do Ceará.

Já o segundo volante, aquele clássico “camisa 8”, Gabriel Soares era tido como o novo Dudu Cearense, Fernando, jogadores que tinham facilidade em defender e atacar. Titular durante a campanha, chamava a atenção por controlar a bola e cadenciar o jogo, subiu para o time em 2013 e não vingou. Foi emprestado para o Santa Rita-AL (junto com Magal), voltou e pouquíssimas chances teve. Com convocações para as Seleções de base, hoje faz parte do elenco que está na final do Campeonato Brasileiro Sub-20 2015 (mesmo com 23 anos de idade, a CBF autoriza o time contar com três jogadores acima do limite de idade) e disponível, mais uma vez, para empréstimo.

Além deles dois, no banco ainda tinham Marcelo e José Welison. Ambos ganharam chances no time principal também e adivinhem: foram titulares em alguns jogos e foram bem. Marcelo teve uma contusão que o afastou e com isso, perdeu seu posto de titular, mas sempre vem figurando no banco de reservas e entrando em algumas partidas. Já Welison foi autor do gol do título no sub 20 de 2012, ao sair do banco e marcar. Engraçado é que o mesmo só participou dos dois jogos da final: será que tem estrela esse menino? Convocado também para as Seleções de base, “Pai Véio” (como é chamado pelos colegas) vinha sendo titular durante o ano passado, teve uma queda de rendimento já ao final do ano, mas no início desse ano teve uma contusão séria, mantendo o afastado dos gramados até hoje, com previsão de volta só em outubro.

Darlan, hoje no futebol espanhol, fez parte da equipe mas os torcedores sequer conhecem seu futebol.

 

MEIAS: agora vem o assunto mais polêmico, o mais delicado. Se hoje, o time principal vem capengando e nunca acha o “camisa 10”, na base tínhamos o craque, o gênio: tínhamos Arthur Maia. O meio campo, desde categorias mais inferiores, se destacava pela habilidade na perna esquerda, precisão nos passes e visão de jogo, por isso desde muito cedo a expectativa em torno dele era imensa, era o nosso futuro 10. Isso afetou a cabeça do jogador, carregando o fardo de ser o craque do time, revelado na base, torcida carente de craque e inquieta para vê-lo jogar logo. Foi incorporado ao time principal mesmo novo em 2010, um erro da comissão técnica em não ter feito corretamente essa transição, já o colocando em campeonato Baiano para ser o craque, o que deveria resolver tudo.

Com a impaciência da torcida e o mal planejamento, suas chances diminuíram, entrando só em finalzinho de jogo mas com a missão de resolver a partida em poucos minutos. Porém se tratava de um garoto, apesar da torcida já o tratar como experiente, a exigir mais dele. Em 2012, desceu pro sub-20 e foi o craque que sempre esperamos que fosse no principal: o maestro que regeu harmonicamente o time para o título da categoria naquele ano, eleito craque da copa. Então essa seria a hora da “Eterna Promessa” (como ficou conhecido, fato este que também incomodou o jogador, mostrado em algumas entrevistas do mesmo) deslanchar! Mas em 2013, o Vitória o emprestou para o Joinville, que depois de um início arrasador, perdeu espaço também e voltou para o Barradas. Em 2014, Ney Franco na época, o colocou em alguns jogos mas a torcida já nem acreditava mais em seu futebol. Foi para o América-RN, fez golaço à la Maradona, se contundiu e também perdeu espaço. Esse ano, foi para o Flamengo em negociação de troca com o volante Amaral. Lá no clube carioca, vinha jogando bem mas também perdeu espaço e no meio do ano, o Vitória repassou para o Kawasaki Frontale, do Japão, por empréstimo. E assim, vai a peregrinação da “Eterna Promessa”, caso em que jogador e torcida esperaram demais um do outro e ambos ficaram de mal.

Esse parágrafo ficou grande, mas merecia esse destaque. Continuando com os meias, temos ainda Mauri, polivalente que jogava de volante até ponta esquerda. Teve chances em 2014 no time principal, onde chegou atuar até de lateral esquerdo. Em 2012, foi titular em quase todos os jogos na campanha da Copa do Brasil sub-20, chamando a atenção para o time de cima. No profissional, não engrenou e hoje está com passagens marcadas para o futebol espanhol também, junto com Gabriel Soares e Darlan (ambos levados por um certo empresário espanhol com acesso tranquilo pelos corredores do Barradão).

Ainda naquele time, tivemos no elenco o meia Nathan (mas que seu nome mesmo era Dionathan) e o sul-coreano Wonbum Lee, que até hoje ninguém sabe se está: tinha sido negociado com o Tupi, de Minas Gerais. Não se sabe se está lá ou se voltou para a Coréia.

Só para esclarecer, a série tem como princípio debater sobre esses jogadores que eram craques no sub-20 e no profissional não demonstraram isso. De quem é a culpa? Mal planejamento dessa transição? Empresários que forçam a entrada de seu cliente no time principal para negociá-lo? Impaciência da torcida com os jogadores vindo da base? Ou a própria filosofia do Vitória em criar para exportar jogadores sem nem ao menos usufruir do futebol desse meninos?

A quarta e última parte vem trazer os atacantes, artilheiros natos nas bases mas no profissional só criaram dor de cabeça. Aguardem!


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