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Time que tem torcida não morre

“Mas se você achar que eu estou derrotado, saiba que ainda estão rolando os dados”

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Disseram que morri, mas vou recorrer
Imagem: Reprodução

Não está fácil a vida do torcedor do Vitória, pois vivenciamos diariamente uma verdadeira roda-gigante emocional. Parece que o fundo do poço chegou, mas a maior tristeza é perceber que ainda tem mais espaço para baixo. É complicado lidar com uma queda tão grande no orçamento, com a qualidade duvidosa do time, com os resultados sofríveis e uma gestão que parece perdida, ainda mais depois de anos de hegemonia estadual e regional. De todo modo, é necessário sermos fortes e nos conscientizarmos de que não podemos desistir do clube, porque se jogarmos a toalha, aí sim ficará difícil qualquer recuperação.

A semana do torcedor do Vitória é sempre muito movimentada do ponto de vista emotivo.

Se um dia estamos tristes porque saímos do Barradão, na outra semana nos conformamos e até nos animamos com a ideia. Na seguinte ficamos revoltados com o tratamento dispensando pela Arena e na outra somos surpreendidos com a notícia de que vamos voltar a mandar os jogos na Toca. Veja bem, não é que não tenhamos gostado da idéia, mas essa gangorra de notícias mexe com o emocional de qualquer cristão.

Frequentemente temos que lidar com situações opostas. Olha, sete jogos sem perder, agora vai! Poucos pontos nos separam do G4, ainda há esperança. Passam-se uns dias e a realidade muda completamente: são quatro jogos sem vencer, o retorno para a zona de rebaixamento e a constatação de que temos que ganhar quase todos os jogos se quisermos sair dela.

Só para citar mais um episódio do sobe e desce das emoções: no mesmo mês que sabemos que Rute, zagueira do nosso vitorioso time feminino fora convocada pela seleção brasileira, temos ciência do desmonte da equipe, da desistência de disputar o campeonato baiano da modalidade e do adeus a Rute, que parte para jogar no rival.

No que toca ao Conselho Diretor, às vezes dá impressão de que o barco está à deriva. Não parece que temos um projeto, que sabemos o que estamos fazendo. A suspeita é de que as decisões sobre o Leão são tentativas impensadas e atabalhoadas. Aí, já viu, dá desânimo, desespero, vontade de chorar. Dá mesmo. Só não pode é dar vontade de jogar tudo para o alto.

Nunca na história deste país o clube precisou tanto de nós

É preciso entendermos que, se há um momento ruim de abandonar o clube, este momento é agora. Quanto mais o Vitória está mal, mais ele precisa de seus torcedores.

E não caiam na falácia de que não podemos criticar, porque isto atrapalha o ambiente. Paz sem voz, não é paz, é medo, já dizia o poeta. Não podemos permitir que as decisões do clube se dêem ao leo, sem transparência, sem diálogo com o torcedor. Não devemos assistir calados que todos os trâmites necessários à AGE não ocorram por vontade de um grupo dentro do Vitória, mesmo que majoritário. Precisamos de união, sim, mas que este discurso não seja uma forma de calar a voz dos que discordam dos desmandos e atitudes pouco democráticas ou transparentes que partam da diretoria.

No entanto, lembremos sempre que o clube é nosso. Gestores, jogadores, todos vão embora, nós permanecemos.

Não vamos abandonar nosso clube em momento tão delicado. Vamos encher o Barradão ou a Fonte, cantar o jogo inteiro, nos associar. O Vitória nunca precisou tanto da gente. Vamos ao jogos, nada de vaiar jogador ou dirigente dentro dos 90 minutos de bola rolando (no final, são outros quinhentos…). O time também precisa de nosso suporte, de que a gente acredite neles. O ser humano precisa se sentir motivado para ter sucesso, e no final das contas, quem veste a camisa rubro-negra e corre atrás dos resultados dentro de campo são os jogadores.

Sobre a gestão, mesmo quem discorde de algumas (ou todas) as suas decisões, não abandone o Vitória, não se desassocie como forma de puni-los. Em última análise quem sofre é o clube, que já cai das pernas financeiramente. A gente precisa injetar dinheiro e ânimo no Vitória e, principalmente, não podemos perder nosso direito ao voto para tentar mudar as coisas quando nos couber, seja em uma Assembleia Geral de Sócios, seja nas próximas eleições.

Por fim, pode ser que nos salvemos da degola, pode ser que caiamos para a Série C. Não importa! De todo modo, vamos dar a volta por cima, não tenhamos dúvidas disso. Clube que tem torcida não morre e é por isso que não vamos morrer. SRN!

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A opinião expressa em artigos é de responsabilidade dos signatários e não é necessariamente a opinião do Arena Rubro-Negra.


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