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LANCES CAPITAIS E SIMBÓLICOS

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Foto: Francisco Galvão/EC Vitória

 

O desastre do Vitória em Pernambuco (mais um) foi marcado por dois lances simbólicos. Os apressados podem achar que me refiro apenas às penalidades. Não e nécaras. Claro e cristalino que desperdiçar dois pênaltis em menos de 20 minutos de jogo é um dado (in) digno de nota, especialmente porque chegamos à reta final da competição sem ter um batedor oficial. Porém, para além da obviedade, os dois lances que me chamaram à atenção também ocorreram antes dos 20 minutos, só que da etapa complementar.

Seguinte foi este. O ponteiro do relógio marcava exatamente 18 minutos quando o técnico Argel decidiu mudar a equipe. Sim, a mudança era necessária, fundamental, pois estávamos sendo derrotados por um (fraco) concorrente direto na luta contra o abismo. Acontece que no caso específico a transformação era para pior, se é que isto pode ser possível quando se vai sacar Tiago Surreal de um time. No entanto, era isto que estava estampado no rosto do cidadão que ia entrar. Vander, que já não é nenhum jogador que possa mudar assim o rumo de um jogo, demonstrava não fazer questão alguma de entrar na partida. E os poucos mais de 30 minutos em que esteve em campo confirmou o que seu semblante já denunciava. Este, na minha fuleira opinião, foi o primeiro dos dois atos/fatos mais graves na fatídica & dominical noite pernambucana.

O outro lance capital e simbólico ocorreu menos de dois minutos depois. Para tentar dar uma resposta à substituição feita por Argel, o técnico do Sport Daniel Paulista decide também realizar uma modificação, retirando Everton Felipe. Até aí, tudo bem. Seria mais um lance da guerra de estratégia dos técnicos, se a referida mudança não acontecesse sob o signo do desleixo.

 

Como assim? Assim, ó.

Hodiernamente, todo jogador que vai ser substituído entra em uma disputa corporal ou dá um pique para simular uma contusão e ganhar uns minutinhos na tradicional cera. No referido caso, porém, como a mudança teve que ser abrupta para tentar responder à ação do Vitória no minuto anterior, o jogador do rubro-negro de Pernambuco não teve tempo de simular e fingir nada. E foi exatamente aí que começou o outro ato simbólico do desmantelo. Everton, ao ver que seria substituído, começou a abaixar os meiões, na maior malemolência do mundo. E vendo que nenhum jogador do Vitória aparecia para começar a empurrá-lo para fora do campo, ele começou, preguiçosamente, a retirar as caneleiras e a caminhar despreocupadamente. E só não pegou uma rede e armou em campo até o jogo acabar porque não quis. Se desejasse, poderia dormir ali mesmo até o jogo acabar que nenhum jogador do Vitória iria incomodar.

Então, é isso. Um time que não tem um mísero atleta com sangue no olho para empurrar o adversário que faz uma cera descomunal na hora da substituição está condenado ao desmantelo. Tal fato é muito mais grave do que a perda de dois pênaltis seguidos. E mais. É o reflexo de uma diretoria que não sabe nada do que ocorre nas quatro linhas, pois também ela é totalmente apática.

Porém, antes que algum apressado diga que estou contaminado pelo irreversível pessimismo, informo logo que ainda acredito na salvação. Esta, no entanto, virá apenas da torcida, que pode dar algum ânimo a este apático time. E também pode dar uma resposta definitiva a esta casta que comanda (?) o Clube nas eleições no final do ano. Fora disso, não há salvação.


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2 COMMENTS

  1. Pensei que só eu tinha observado a desmotivação do time neste jogo, não só na substituição como nas cobranças de faltas e laterais. Mesmo quando a bola era para o Sport os jogadores do Vitória pegavam a bola fingindo que ia ‘cobrar’ a lateral para retardar o jogo e a marcação foi feita no olhômetro, os caras ficavam olhando o lance para ver o que acontecia!
    Lamentável, este time, assim como a diretoria beira a mediocridade.