Por Tiago Bittencourt
Sábado, 12 de setembro, 8h. Normalmente, eu estaria dormindo, afinal não matei minha mãe a badogada.
Neste sábado específico, mesmo sem cometer o crime contra minha genitora, estava rumando de Brasília para Goiânia com mais uma renca de uns 50 torcedores do Vitória. A maioria morava no DF, alguns vieram de Salvador.
Fretamos um ônibus, acertamos o apoio de segurança da polícia militar de Goiás, fizemos contato com o Atlético Goianiense sobre ingressos. Não somos profissionais da promoção de eventos. Há um processo de aprendizado motivado por um objetivo maior. Ninguém recebeu um centavo por isso.
Costumo dizer que o Vitória Candango não existe para assistir a jogo. Existe para congregar pessoas que compartilham da nossa cultura. A cultura de se sentir em casa, de ficar “em água”, de se juntar com os broders que são “corrente”, do “porra” no meio de todas as frases, de chamar Kanu de “Kanives”, mas especialmente de gritar “nêêêêêêêgooooooo” e usar o manto rubro-negro. Resgatar tudo isso não tem preço.
Nesse rumo, fomos a Anapolina em abril, naquele jogo de estreia da Copa do Brasil. Mas, desta vez teve um brilho diferente.
Mostramos ao clube que Brasília tem potencial. A campanha que fizemos aqui dizendo “você vai encontrar os jogadores e vai ganhar o ingresso do jogo” deu certo. Só na última semana, cerca de 10 fizeram o Sou Mais Vitória, resultando em quase 30 sócios numa ação promovida pelo Vitória. Teve gente que renovou o plano já em Goiânia, só para participar do encontro com os jogadores. O torcedor do Leão no DF é um apaixonado e hoje se sente mais forte.
Imagine o que é morar há 10, 15 anos fora da Bahia e nunca ter visto seu time do coração tão perto. Ou mesmo nunca ter tido a experiência de tirar foto com o ídolo, quiçá o elenco inteiro, mesmo quando morava no estado. Já ouvi relato de quem mora no DF há 40 anos e sequer conhece o Barradão! Dá pra medir o quanto um encontro como esse faz diferença para esse torcedor?
E a emoção de cantar parabéns ao xerife Guilherme Mattis, que fez 25 anos neste mesmo dia? Como presente, recebeu uma das 11 camisas que preparamos.
Cada sócio ainda ganhou de brinde um produto oficial: camisa de treino, calção, luvas, etc. No fim das contas, teve gente que pagou R$204 (plano Bronze com 15% de desconto no boleto à vista), ganhou ingresso, ganhou brinde, encontrou os jogadores. Retorno extremamente positivo.
OPINIÃO DE QUEM PARTICIPOU
Afonso Bulhões
“Avaliando a ação como um todo foi positiva, uma oportunidade para nós torcedores que estamos distantes do time. Poderiam oferecer produtos para a venda; ter facilitado que os não-sócios fizessem isso na hora; ter conversado com os não-sócios, mostrando a importância de se associar e ajudar o clube.”
Cássio Leão
“Achei muito bacana o tratamento que o Vitória teve com a gente. A única crítica que eu faço foi no sentido de não ter feito alguma ação lá na hora para agregar novos sócios. No mais, foi tudo show!”
Cássio Ramos
“A ação com os sócios superou as expectativas. Os sócios foram recebidos da melhor forma possível. Os atletas foram muitos receptivos, deixando os sócios bem à vontade, sendo o ponto alto da ação, e ainda houve o sorteio de excelentes brindes para todos os sócios presentes. A palestra poderia ter sido feita para todos os presentes, sócios e não-sócios, dando a oportunidade para se fazer a adesão ao plano de sócio do clube.”
Fernando Tolentino
“É claro que tudo isso deve ter tido uma repercussão favorável na atração de novos associados. Para mim, talvez o único problema, foi que vi gente fazendo conta (ingresso + brinde) e alegando que já estava no lucro. Isso pode dar a falsa expectativa de novas “canjas”, o que não sei se dará pra sustentar, para os já sócios e os novos.”
Gilmar Duarte
“Pontos positivos: Cumprimento de horário, respeito ao sócio torcedor, disponibilidade e boa interação com os atletas. Pontos negativos: Faltou uma ação mais positiva em relação ao restante do grupo no sentido de angariar mais sócios e faltou divulgação do evento junto à imprensa.”
Fernando Barbosa
“Positivo: Encontro com os jogadores; sorteio de brindes, iniciativa que nunca tive, nem quando era sócio Ouro em Salvador. Negativo: A exclusão de qualquer tipo de ação com os não-sócios. Vale lembrar que quem se dispõe a viajar pra ir ver o Vitória é um sócio em potencial. O que pode melhorar: Apresentação do plano para os não-sócios. Tem que vender o sonho nessas palestras.”
Marcus Vinicius Sarmento
“Não teve nenhum ponto negativo, a ação foi realmente incrível. O Marketing mostrou que a torcida é importante, nos deu atenção, jogou limpo na conversa em falar que precisa de associados por conta da grana. Foi de uma positividade incalculável e tenha certeza que sairão mais sócios daí.”
A carência de torcer pelo Leão num estádio faz a gente diminuir outras questões. Apesar daquele futebol modorrento apresentado, cantamos do início ao fim. Do goleiro ao centroavante, todos tiveram os nomes gritados. Parecia que o Vitória era o mandante! Aliás, teve narrador torcedor da Sardinha que admitiu que os 60, 70 torcedores do Leão cantaram mais alto no Serra Dourada.
Sábado, 12 de setembro, 22h. Estávamos de volta a Brasília. Mortos de cansados. Para a organização do Vitória Candango, sensação de dever cumprido.
Quando o técnico Carlos Alberto Parreira disse que “o gol é apenas um detalhe”, talvez ele não tenha percebido o outro sentido da frase. E o sentido é emblemático quando o cenário para entendê-lo é uma partida que terminou 0 a 0. Foi neste jogo que pudemos ser ouvidos ao gritar…
ESTAMOS CONTIGO EM QUALQUER LUGAR!
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*Tiago Bittencourt é jornalista, coorganizador da Torcida Vitória Candango (DF) –www.vitoriacandango.com.br e da Rede Vitória Sem Fronteiras –https://www.facebook.com/groups/vitoriasemfronteiras.
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