Um semestre após a primeira grande eleição na história do Esporte Clube Vitória, expectativa e euforia dão lugar à preocupação e às críticas.
Eleita em dezembro, a chapa intitulada “Vitória do Torcedor” não atingiu as metas prometidas durante a campanha, fato que gera insatisfação da torcida, sobretudo nos resultados dentro de campo.
O grupo liderado por Paulo Catharino, presidente do Conselho Deliberativo, incumbiu ao professor Ivã de Almeida a missão presidir o clube de forma transparente, e ao radialista Sinval Vieira uma gestão profissional para o futebol.
Mas após seis meses de comando, só Catharino conseguiu cumprir alguma das promessas de campanha. Reformulou o estatuto do clube e resolveu uma demanda histórica para o Vitória, que era aproximá-lo de uma real democracia.
Só que nos outros setores o barco furou. A política implantada por Sinval Vieira não trouxe os resultados esperados por todos, muito por conta de sua “filosofia atrasada”, dizem os especialistas.
As trapalhadas de gestão também pesam nessa conta. Muitas contratações equivocadas e gastos desnecessários, tanto no futebol quanto no corpo administrativo, além de posicionamentos contestáveis por parte de coordenadores e assessores, criaram um cenário de bagunça nos corredores da Toca do Leão.
E o perfil discreto e inseguro apresentado por Ivã de Almeida desde à campanha é o principal responsabilizado pela ineficácia da Vitória do Torcedor até então. Só que a falta de liderança do presidente tem explicação.
A união das oposições
A chapa vencedora foi formada pela união de grupos de oposição que tinham como principal semelhança o desejo de tirar das mãos do ex-presidente Alexi Portela e seus chegados o controle da instituição.
Portela, que atualmente é presidente da Liga do Nordeste, presidiu o Vitória entre 2006 e 2013, quando passou o bastão para Carlos Falcão, que até então era o seu vice-presidente, e posteriormente, em 2015, após a renúncia do mesmo, ajudou a eleger Raimundo Viana.
Enquanto isso, seus opositores organizaram o “Movimento por um Vitória Melhor” reunindo os grupos Vitória de Primeira, Vitória Livre, Frente 1899 e Vitória Século XXI, já visando a eleição de 2016.
O maior deles, “Vitória de Primeira”, foi liderado por quadros como os ex-presidentes Ademar Lemos Jr e Jorginho Sampaio e o atual vice-presidente Agenor Gordilho. Eles também reuniam nomes conhecidos pelo torcedor, como Albérico Mascarenhas, Fábio Mota, Érika Saraiva e Cacau.
Os outros principais grupos formados, “Vitória Livre” e “Frente 1899”, elegeram, respectivamente, figuras como o diretor de planejamento, Leonardo Amoedo e o então ex-assessor jurídico Augusto Vasconcelos, além dos integrantes do conselho de ética Felipe Ventin e Anderson Nunes.
O Vitória Século XXI é mais antigo e também integrava o movimento. Porém, com a concepção da chapa, houve divergência quanto à presença de seu principal líder, Walter Seijo, entre os notáveis. Com isso, parte do grupo desembarcou do movimento e conseguiu viabilizar o nome de Paulo Carneiro e a chapa Vitória Gigante. Mas outros ficaram e uns integram o conselho deliberativo.
Na concepção de um projeto para o Vitória, todos esses grupos divergiam em algum ponto. Porém, na iminência de qualquer nova manobra política que evitasse o bate-chapa em 2016, puseram as diferenças de lado e se uniram para formar a chapa Vitória do Torcedor, posteriormente vitoriosa.
Mas de onde surgiram Ivã e Sinval?
Ivã, que era aliado e conselheiro no grupo de Alexi, disputou a presidência do clube contra Raimundo Viana após a renúncia de Falcão e assim aproximou-se da oposição. Em meio à última campanha, quando todas as chapas pressionavam para a indicação prévia do futuro presidente do conselho gestor, Ivã se apresentou como opção para a Vitória do Torcedor, argumentando possuir o recall da última eleição, e acabou sendo o escolhido. A ideia da chapa, inicialmente, era eleger-se e então decidir entre si um nome, mas acabou vencida pela pressão externa.
Já Sinval destacou-se no rádio por sua postura crítica em relação ao Vitória. O então radialista teve uma passagem positiva pelo clube em 2006, quando montou o time que alcançou o acesso da amarga Série C. Vieira foi diretor de futebol da primeira gestão de Alexi Portela, ainda quando Jorginho Sampaio presidia o Vitória S/A. Nos microfones atraiu a preferência de uma gama considerável de torcedores. Chegou a disputar a eleição de 2015 como vice de Ivã e manteve a coerência no ano seguinte.
O racha
A ideia de democracia vendida pela Vitória do Torcedor não dizia respeito apenas à reformulação do estatuto. A gestão do clube também deveria seguir esse viés. Para isso foi criado o “colegiado”, equipe de diretores que seriam responsáveis por deliberar as principais decisões sobre todos os setores do clube. Uma espécie de parlamento, digamos. Entre os edis estão os presidentes Ivã e Catharino, os diretores Armando Libório (marketing), Gilson Meirelles (departamento médico) e Leonardo Amoedo (estatutário), além dos representantes dos conselhos fiscal, Walter Tannus, e de ética, Felipe Ventin.
Mas ainda em fevereiro, com pouco menos de dois meses de gestão, Ademar Lemos rompeu com o grupo recém-eleito. Segundo ele, a partir dali já havia discordância com a condução que os diretores davam à equipe. Alguns dizem que o ex-presidente ficou insatisfeito por não estar incluído entre os caciques oficiais e resolveu sair.
Aliado de Ademar, Jorginho Sampaio foi o segundo a deixar o clube. Em meio aos resultados ruins em campo, o então assessor especial de Sinval Vieira foi demitido ao mesmo tempo em que Petkovic era anunciado como gerente de futebol. Frustrado, Sampaio criticou a forma como tudo ocorreu e condenou a gestão do clube.
Outro que deixou o barco foi Augusto Vasconcelos. Ocupando o cargo de diretor jurídico, o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia alegou falta de tempo para dedicar ao clube diante de suas outras atribuições profissionais. O comunista é duramente criticado por parte da torcida por conta de sua vinculação ao PC do B e ao movimento sindical. Ele continua atuante no Conselho Deliberativo.
O último a desembarcar foi Sinval Vieira. Segundo o próprio, a pressão sobre o seu trabalho foi a justificativa. Além da ausência de resultados dentro de campo, estão entre os equívocos apontados pela torcida o alto número de contratações – 18 atletas -, que não corresponderam as expectativas. Pesou também a trapalhada na substituição do técnico Argel Fucks, que foi demitido na véspera da final do Campeonato Baiano. Na ocasião o diretor fez suspense para anunciar um novo treinador e no fim o cargo ficou com Petkovic, que acumularia as funções no clube. Ao sair, Vieira levou consigo o último integrante da então desfeita diretoria de futebol, seu assessor especial, Gerson Boka.
A berlinda agora ronda a cadeira da coordenadora de comunicação, Érica Saraiva. Criticada desde o início da gestão por conta das inovações no setor, a ex-apresentadora de TV está pressionada sobretudo pelo comportamento das redes sociais do clube, tidas como “ríspidas” e “irresponsáveis” por alguns seguidores. No último final de semana a coordenadora foi atacada em sua conta pessoal no Twitter, e acabou culpando na equipe, o que gerou um clima ruim e balançou sua posição no clube.
A ideia do Impeachment
Como diz o velho ditado, a corda sempre rompe do lado mais fraco. E baseado nisso que um grupo de conselheiros publicaram uma carta e iniciaram o recolhimento de assinaturas para dar entrada no pedido de impedimento do presidente Ivã de Almeida, medida prevista no artigo 36, inciso IV do Estatuto Social do Vitória, mas que requer 2/3 do colegiado.
A principio, na lista com 18 assinaturas não constavam os nomes de lideranças rubro-negras. Mas nos bastidores a movimentação deles era intensa. Em grupos de Whatsapp, por exemplo, o ex-presidente Paulo Carneiro colocava lenha na fogueira do impeachment, enquanto ao mesmo tempo procurava membros aptos para possíveis votos em uma eleição relâmpago. Mas com a demissão de Sinval Vieira os ânimos foram controlados.
Só que a pressão em cima do presidente continua. Circula pela internet informações sobre o “Movimento Diretas no Leão“, que se descreve como uma corrente que surgiu espontaneamente nas redes sociais e a partir da interação entre sócios torcedores que desejam a imediata destituição do atual Conselho Diretor, escolhido indiretamente pelos Conselheiros eleitos no último pleito do Esporte Clube Vitória, ocorrido em dezembro de 2016″ e pede a assinatura dos sócios para uma petição pública visando a convocação da Assembleia Geral e a destituição do atual Conselho Diretor. Há quem diga que o movimento está sendo orquestrado pela tal “Liga do Bem”, que seria uma parceria impensável entre os ex-presidentes Paulo Carneiro e Alexi Portela, rivais declarados. Mas há também quem garanta que não passa de “birra de conselheiros que não estão sendo atendidos”.
Enquanto isso o Vitória afunda no Brasileirão. Perdeu três dos quatro jogos disputados até então e terá na próxima rodada – diante do São Paulo, no Morumbi – à frente da equipe o recém-anunciado técnico Alexandre Gallo, cujo currículo não agradou a torcida. Para piorar, o diretor de futebol, Petkovic – que é alvo de piadas pelo acúmulo de funções no clube -, revelou no anúncio de Gallo que a escolha se deu em meio a outros 29 nomes analisados, levantando a desconfiança no planejamento atual do futebol rubro-negro.
Para quem achava que só a política brasileira seria maior ou igual a série americana House of Cards, o Vitória está aí para provar o contrário. Resta saber onde tudo isso irá acabar. Em todos os cenários, diga-se de passagem.
Resumindo: á única mudança foi o montante de dinheiro em caixa para eles usarem e contratarem jogadores indicados por um só empresário.Abram esta caixa de pandora que será melhor para o clube.Esta chapa deveria chamr de “Vergonha do Torcedor” ou Derrota do Torcedor”
O momento é preocupante, acho que os engravatados do nosso clube querido devem se unir para fazer o vitória cada vez maior, e para com essa politicagem besta que faz tanto mal a nação rubro negra; queremos título nacional, queremos ser realmente grande, pensem nisso.
Porra, falou tudo. Os “caciques” ficam um querendo mandar mais que o outro e afundando o time, é só status e dinheiro no bolso, porque cuidar do futebol e do patrimônio ninguém quer.
Um absurdo o que estão fazendo com nosso clube o Vitória e sua torcida apaixonada vivem momentos de vergonha nacional todos canais de esporte humilham nosso leão, nos torcedores precisamos nos unir e lançar. Campanha para retomar a imagem do clube que na verdade seria assunto para nosso marketing esportivo, hoje nem jogadores e técnicos querem jogar no vitoria, isso é. Muito preocupante vamos torcedor JUNTOS somos fortes unidos somos IMBATÍVEIS…
Saaabe apresentar um dossiê
Diretas já. Tem q acabar essa farra de politicos, querendo fazer politica no Vitória. Com as eleições diretas e a profissionalização acabaríamos c essa bagunça e atrapalhadas. Esse modelo de gestão via colegiado é coisa antiga e ultrapassada.