As barreiras quebradas e as expectativas para o futuro são pontos importantes desta entrevista exclusiva que Fabrício Santana, presidente e jogador do All Saints, concedeu para o Arena Rubro-Negra.
ARN: Como funciona a parceria com o Vitória? O que o All Saints ganha?
Fabrício Santana: Bom, a parceria nesse primeiro momento funciona basicamente com o Vitória cedendo a estrutura de treino, o nome e o marketing do time. E aos poucos vamos evoluindo. Com o passar do tempo vamos, com resultados, mostrando à organização do time, o empenho, mostrando que merecemos essa parceria. Honrar o nome do Vitória e avançar, ou seja, quem sabe até se tornar futuramente um dos principais times do clube, como é o futebol. Representar o Vitória nacionalmente.
Temos acesso ao Centro de Treinamento, ao Departamento Médico, também é liberado o vestiário. Então temos acesso a grande parte do CT do Vitória.
Quais as principais dificuldades encontradas pelo time no dia a dia?
Entre as principais dificuldades ainda existe a falta de apoio, de incentivo financeiro. Lidar com um time de 60, 70 atletas não é fácil. Então estamos hoje ainda atrás dos times mais ao sul do Brasil que já têm uma estrutura maior, já têm mais tempo. Também em termos de equipamentos de treinos, que nós ja estamos providenciando, logística de viagens, entre outras coisas que ainda não conseguimos pelo pouco tempo de projeção nacional que nós temos. Mas aos poucos estamos conseguindo superar isso. Só que falta realmente apoio da iniciativa privada e estadual; pública, também.
Acredita e enxerga a popularização do esporte? Em que isso tem ajudado?
Hoje a gente costuma dizer que o Futebol Americano é, se não o esporte, um dos esportes que mais crescem, junto com o MMA em termos de visibilidade no Brasil. Já temos cerca de 100 a 150 times na categoria Full Pad que é a modalidade que o Vitória All Saints joga e, como muitos veem, na liga profissional americana, a NFL. E essa popularização vem ajudando bastante justamente nessa parte de incentivo. A partir do momento que você é visto como uma organização séria de pessoas sérias, atrai investimentos, atrai pessoas interessadas em fazer parte daquele mundo.
Quais as expectativas para o torneio Touchdown? Pesa o fato de ser um time estreante?
Com certeza ser estreante tem seu peso, especialmente porque o Touchdown é um torneio que tem uma gama de times de alto nível técnico. Então traz uma dificuldade maior do que o campeonato brasileiro que nós atuamos ano passado, em 2012. Dito isso, nós conseguimos superar algumas barreiras, como uma vitória no último jogo diante do Santos. Geralmente os times estreantes no Touchdown dificilmente conseguem ganhar na primeira temporada, e nós já quebramos essa barreira. Fora que estamos conseguindo imprimir nosso jogo, estamos começando a evoluir dentro do campeonato e esperamos que venham mais vitórias. No próximo jogo, diante da Lusa Rhynos na cidade de Leme, no interior paulista, já esperamos a segunda vitória e vamos jogo a jogo pra alcançar essas vitórias.
Foram contratados jogadores e treinadores dos EUA. Como esse intercambio interfere no cotidiano do grupo?
Na realidade, nós temos um treinador escocês, especialista na liga alemã. Ele atuou muito tempo nessa liga como jogador e como técnico. Temos um auxiliar técnico dos Estados Unidos, o Kevin, e temos o jogador Kiki, além de outro jogador americano que está fazendo camp aqui no Brasil que é um ex-jogador da NFL, o Leandro Veal, que foi do Denver Broncos, Tennessee Titans, entre outros. Então é um upgrade que estamos tendo porque eles vivenciam isso, eles nasceram no país do esporte, respiram futebol americano desde que nascem, vivem dele. Trazem essa vivência, essa experiência aqui para a gente do Vitória All Saints. Então estamos tendo avanços com isso.
Ainda acontecem os tryouts? Com que frequência?
Bom, no momento, o time já está fechado para a temporada 2013. O próximo tryout externo, como a gente costuma dizer, que é para a seleção de novos jogadores, irá ocorrer em novembro. No último realizado, foram selecionados cinco jogadores, há cerca de um mês. Agora para quem quiser de fato entrar no Vitória All Saints, apenas em novembro, para a próxima temporada. Quem quiser conhecer mais, acompanhar o treino, bater um papo com os jogadores e comissão técnica, só aparecer principalmente dia de sábado na Toca do Leão, a partir das 14 horas.
Temos na cidade uma grande praça esportiva pouco utilizada, que é o estádio de Pituaçu. Existe o interesse por parte dos All Saints de jogar lá?
Existe não só o interesse, como de fato já fizemos algumas tentativas junto ao governo. Só que infelizmente, como disse anteriormente, não há uma política de incentivo público voltada ao futebol americano ainda. Então temos encontrado dificuldade de manter nosso mando de campo aqui em Salvador para nossa torcida do Vitória. Porém, temos encontrado esse incentivo em cidades do interior, como aconteceu em Camaçari. Nosso próximo jogo será dia 21 na cidade de Feira de Santana contra o Corinthians Steamrollers, mas continuamos buscando junto ao governo um entendimento para que possamos encerrar nossa temporada jogando em Pituaçu, no jogo do dia 5 de outubro, o último da temporada regular com nosso mando de campo. Estamos agora representando Salvador, a Bahia e o Nordeste todo, então nada mais justo que jogar na nossa cidade para a nossa torcida.
Foto: Gabriel Simões.