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Dilton… o jogador pugilista

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O Vitória se criou como Clube e desde sempre conviveu com diversos atletas em seus times de futebol que além de jogarem futebol, defendiam o Leão em outra modalidade. A prática foi comum entre os anos 40 e 60, com jogadores que disputavam tanto o esporte bretão quanto outros esportes como remo e basquete, a exemplo de Tinho e Umbelino. Mas ter um jogador com punhos de aço, e que não era goleiro, foi não só uma raridade como também um fato rubro-negro.

Dilton Uchôa Lacerda nasceu em 16/02/1957. Jogava nos juvenis do Vitória em meados de 1977, mas ficou parado para se enveredar pelos ringues do boxe profissional, onde foi vice-campeão brasileiro em 1978, campeão baiano em 1978-79 e campeão do nordeste em 1979. Apesar do sucesso nos ringues, voltou a jogar bola em 1979 por insistência de um cartola rubro-negro.

Dilton conquistou títulos estaduais e regionais atuando como pugilista. (Foto: Hipólito Pereira/Placar)

A pedida deu certo e Dilton passou a atuar como lateral esquerdo do Vitória, porém, intervalando seu futebol com os treinos de boxe. Em suas folgas dos gramados ele fazia questão de ir treinar na academia do professor Gilberto Oliveira junto ao também lateral Válter. As expulsões em campo lhe rendiam a má fama de jogador, mas a boa de fama de pugilismo, como ocorreu em jogo contra o Redenção quando um comentarista de imprensa disparou: “Esse rapaz deveria estar num ringue”.

Pelo Vitória, Dilton conquistou o título de campeão baiano em 1980. (Foto: Placar)

Mesmo assim, Dilton conciliou por certo tempo ambas as tarefas. Jogando futebol e praticando a nobre arte, foi campeão baiano em 1980 reestabelecendo o Leão na galeria dos títulos estaduais. Apesar das glórias no campo e no ringue, a fama de boxeador o levou tragicamente para a morte em 1984 quando foi assassinado no bar. Já longe dos gramados e batendo apenas com as duas luvas, o lateral que queria ser campeão olímpico descansou deixando um oculto legado de quem viveu entre as duas artes mais singelas do esporte brasileiro.


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