Da explosão pelo retorno à primeira divisão até a revolta e decepção do início da nova temporada só se passaram dois meses. Sessenta dias de muita contradição.
Seria difícil alongar o clima de comemoração da torcida se desde o fim da temporada passada o clube já dava indícios de que 2016 seria difícil.
A política de contratações adotada (e jamais explicada) pelo vice-presidente Manoel Matos nos fez perder importantes peças da equipe sem que houvesse substituição à altura.
Apois, isso sem considerar a lógica de que o time deste ano precisava ser melhor que o do ano passado. Não é, nem de longe.
E em vez de tentar o diálogo com o torcedor, essa diretoria parece ter optado pelo famoso “cala a boca”, através de uma série de promessas.
Entre elas está o novo Barradão, projeto que até parece ser bacana e viável, mas que foi concebido em dois meses e até então não teve os detalhes técnicos divulgados.
Só para se ter uma ideia, o arquiteto responsável pelo projeto do futuro estádio do Atlético Mineiro visitou todos os estádios do Brasil e alguns de Europa e Estados Unidos, estudando critérios de viabilidade.
Mas no discurso dos nossos diretores, dois meses foram suficientes para finalizar o projeto, que agora “só” depende de investidores.
O Sport, clube que tem se mostrado muito mais ousado e organizado que o Vitória, há 5 anos possui pronto o projeto de uma nova Ilha do Retiro, numa localização mais interessante do Recife que o Barradão em Salvador, e permanece na busca por investidores.
É tão clara a intenção da Arena Barradão no atual contexto de ano eleitoral no Vitória que nem os próprios diretores acreditam que ela saia do papel em 2017.
Talvez por isso tenham aprovado uma reforma de mais de R$ 4 milhões na estrutura atual do estádio, além de equipamentos de audiovisual
Essa diretoria se mostra tão amadora que nem ao menos consegue aplicar “cala boca” com efetividade.
Nem o tal do novo site oficial, anunciado há quase dois meses, eles conseguiram pôr no ar.
Contraditoriamente, têm obtido êxito em manobras nos bastidores para impedir que a reforma do estatuto dê voz ao torcedor na gestão do clube.
É tanta contradição que o diretor de Mercado e Comunicação do clube disse ser contrário ao modelo de cotas de TV do futebol brasileiro, mas o Vitória já renovou o contrato com a Globo desde o ano passado e está fora do tabuleiro das milionárias e vantajosas propostas que a emissora negocia junto com o concorrente, Esporte Interativo.
Ainda cabe falar da atitude mesquinha de cobrar ingresso a uma criança de 7 anos, de pagar sócio torcedor e enfrentar longas filas por causa de problemas nas catracas, entre outras muitas contradições que afastam o torcedor dos estádios e faz do Vitória um clube cada mais ao gosto desses diretores: falido, pequeno, vazio e contraditório.
No Vitória é muito cacique pra pouco índio, isso sim. Infelizmente.