Por trás do resultado importante que o Vitória construiu na partida desta sexta-feira (20), diante do Criciúma no Barradão, um ator escrevia sua história em vermelho e preto. Para ser mais exato, uma atriz. Nathália Figueiredo, médica do esporte, sentou no banco de reservas do estádio Manoel Barradas como a primeira mulher a atender a equipe profissional do Vitória.
Há cinco anos no clube, trabalhando com as divisões de base, Nathália conta que trabalhar com futebol não era uma meta, mas que se sente realizada com o lugar que alcançou nessa sexta.
“Quando eu comecei a estudar medicina do esporte eu não imaginei que iria trabalhar com o futebol. As coisas foram acontecendo, as necessidades do mercado foram absorvendo os médicos do esporte, hoje em dia a maioria dos times da Série A tem médicos do esporte em sua grade, e por coincidência ou destino eu sou de Salvador, queria voltar pra Salvador e aí casou de na hora deu estar preparada o Vitória me contratar”, revelou ao repórter Marcello Góis ao fim do jogo.
Há algumas semanas a médica foi notícia durante o jogo entre Vitória e Corinthians pelo Brasileirão de Aspirantes (Sub-23), quando atuou pela equipe rubro-negra e viu do outro lado, na equipe adversária, uma outra média mulher, Ana Carolina Côrte — que também fez sua estréia pela equipe titular, na última rodada do Brasileirão.
“Fui muito feliz na base, fique cinco anos, e aí por conta de toda a nossa situação esse ano, foi agregado o Departamento Médico da base com o do profissional e aí aconteceu essa chance, essa oportunidade. Dra Ana fez o jogo lá no Corinthians, pelo profissional, eu estou fazendo hoje aqui, na semana seguinte, e isso vai mostrando que todas as outras mulheres de todas as outras áreas, seja da educação física, seja da fisioterapia, seja da área médica, da nutrição que já é uma prática, mas significa que a gente pode sim conquistar um espaço no meio do futebol”, disse Nathália.
Questionada sobre sua manutenção no cargo pela equipe principal, a médica diz que se esforça para isso. Revelou que costuma estudar bastante e que irá participar do Pan-Americano, em Lima, e que também possui foco em outros esportes.
“Eu não paro de estudar. Estou sempre fazendo pós-graduação. No Peru vamos ter os jogos Pan-Americanos, eu estou inserida em outros esportes, no atletismo, na canoagem, outros esportes também me interessam, não só o futebol. Não se pode parar de estudar, de se atualizar. Lógico que isso acaba agregando também aqui ao Esporte Clube Vitória, me realiza profissionalmente e ajuda os atletas e quem passa por essa especialidade que é tão legal”.
Por fim, Nathália deixou uma mensagem de incentivo para as mulheres que pensam em trabalhar com futebol.
“Não desistam. Hoje em dia a gente está cada vez mais inserida no meio esportivo, cada vez mais inserida no meio do futebol, acabou aquela história de que futebol não é para mulher, futebol é para mulher sim! A gente tem competência, a gente estuda, a gente luta pra ter esse espaço de igual pra igual. Ainda existem resistências, a gente não pode negar, mas eu acho que cada vez mais com o trabalho sendo feito sério, tudo isso acontecendo, a visibilidade do futebol feminino ajuda também muito a gente, os paradigmas vão caindo e a gente vai conseguindo um espaço que outrora nunca foi pensado em ser conquistado”, finalizou.
Colaborou: Marcello Góis