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E agora é aturar o odor de naftalina…

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14 de abril de 2014. Esta data tinha tudo para ser um dia comum. Acordei atrasado como sempre, e ao descer o elevador notei que tinha algo diferente. Um forte odor de naftalina pairava sobre o ambiente. Normal, pois choveu à noite e como Salvador é uma cidade quente os agasalhos costumam ficar muito tempo sem utilização; a tendência realmente é que eles tenham o cheiro desse repelente de insetos.

A Naftalina, de fórmula molecular C10H8, é um repelente natural que já foi vastamente utilizado por donas de casa em armários e gavetas. Traças e baratas são repelidas pelo vapor que esta substância exala, sendo assim, as roupas guardadas próximas à naftalina ficam protegidas do ataque destas pragas. Isso mesmo que você pensou, essa informação foi retirada do Wikipédia.

Realmente tinha algo diferente. Mesmo sabendo que o Vitória empatou e, consequentemente, não conseguiu conquistar o título de campeão baiano para o time sediado em Lauro de Freitas, foi surpreendente a quantidade de pessoas vestidas com o manto rubro-negro. Até bandeiras em carros eu pude presenciar. Talvez seja o costume por ter ganho 14 competições estaduais entre as últimas 20 disputadas.

Realmente tinha algo diferente.  Ao entrar no elevador do trabalho notei o mesmo odor do prédio onde resido. O maldito cheiro de naftalina. A situação só foi elucidada quando ao entrar na sala notei um colega lunático fantasiado com as cores do ex-rival. Além da camisa ele levou bandeira,  gorro e a faixa de campeão brasileiro de 1988.

Realmente tinha algo diferente. Não estou acostumado a presenciar  o torcedor desse time tão feliz. O coitado festejava como louco. A camisa e os utensílios exalavam o odor da naftalina a cada passo que o rapaz dava e gritava comemorando como se fosse o último dia de vida. Concordo que a conquista de um título tem que ser comemorada, mas o rapaz não sabe nem escalar o time dele. Se tem uma coisa que me deixa muito irritado é esse tipo de torcedor.

Mas se tinha algo de diferente, parou por aqui. Só não concordo que os jogadores devem levantar e sacudir a poeira. Não temos tempo. A ideia é já juntar os cacos e repor o leite derramado sem chorar pelo que se foi.

Com o tempo vamos perceber que a rotina não será tão diferente como esperávamos. Claro que não sou ingênuo e, assim como vocês, sei que vamos precisar de um punhado generoso de competência que faltou em nossa diretoria nesse começo de temporada (assunto que será tratado em outro texto). Mas nada muito complicado, pois superar o pessoal que utiliza o repelente de insetos não é uma tarefa das mais difíceis.

Enquanto isso vamos aturar com paciência, pois confesso que o odor da naftalina realmente é insuportável.


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