Há quem goste. Há quem não goste. Mas, pelo jeito, no Vitória, pouco se mudará, dando um bom espaço ao continuísmo que a diretoria está pretendendo solidificar a cada ano e gestão.
Pelo menos foi essa a mensagem que passou o recém-eleito presidente do Vitória, Carlos Falcão, em entrevista ao site iBahia. Para alguns torcedores, o continuísmo pode ser uma chave para o sucesso do clube, começando pela tentativa de manter boa parte dos jogadores titulares deste ano, mas para outros, pode ser entendido e praticado como comodismo, imutabilidade e falta de inovação, o que também poderia afastar o time da capital dos seus maiores desejos.
Enfim, não se sabe ao certo o que pretende o novo mandatário rubro-negro, entretanto também não se distanciamos da teoria de que é possível tal continuísmo, não apenas pelas palavras ditas por Falcão, mas ainda pela presença da mesma gestão e também do ex-presidente Alexi Portela.
Quando questionado, Falcão aparenta um pouco o perfil do seu antecessor: comedido nas palavras e defendendo a famosa política “pés no chão”.
Contratações
Sobre a política de contratações da diretoria, o continuísmo se apresenta, embora ainda assim o termo “ousadia” se faça presente, indicando, quem sabe, uma leve mudança de pensamento da gestão.
– Segue a mesma [política de contratações]. A Assembleia e o Conselho estão votando na continuidade de um projeto. Se esse projeto se mostrou vencedor, é isso que iremos fazer. Nós não seremos irresponsáveis. Ousadia sem responsabilidade é maluquice. E nós não iremos fazer isso. Temos interesse de manter nossos principais atletas e só faremos isso se for saudável ao Vitória – revelou o gestor ao iBahia.
Barradão
Uma coisa que tem sido constantemente indagada pelos torcedores é onde o time jogará em 2014. Mesmo tendo seu próprio estádio, o Vitória terá de escolher entre Fonte Nova ou Pituaçu para mandar alguns jogos da próxima temporada, pois seu Santuário, o Barradão, ficará sob poder do COL (Comitê Organizador Local) em virtude da Copa do Mundo. Certos torcedores preferem que os jogos sejam realizados em Pituaçu, seja envolvidos pela raiva, por causa do remoto ocorrido com o escudo parodiado do time, ou envolvidos pela consciência, pois é sabido que jogar na Fonte Nova é bem mais caro.
Falcão não elimina a Fonte Nova, mas também afirma gostar da ideia de mandar jogos em Pituaçu:
– O Vitória pretende jogar em Pituaçu. Essa é a nossa ideia. Não procurei ainda a SUDESB, nem Bobô, porém entendo que só faremos isso no momento em que os recursos estiveram assegurados pela Fifa (em torno de R$ 400 mil). Faremos os jogos de menor apelo em Pituaçu e outros de maior apelo na Fonte Nova – afirmou.
Todos sabem que para se chegar no Manoel Barradas é necessário um certo sacrifício, afinal a localização do estádio e a acessibilidade ao mesmo são um tanto drásticas. Pede-se muito a construção imediata da tão falada “Via Expressa Barradão”, que fará ligação direta pela Paralela ao Santuário rubro-negro, diminuindo assim congestionamentos em dias de jogo e melhorando a acessibilidade. E não somente isto: segundo a gestão, com a via pronta, o time poderá alcançar patrocinadores e empreiteiras interessadas em reformar as estruturas do Manoel. Quanto a isto, Falcão foi categórico e afirmou, novamente, que tudo depende mais dos outros do que do próprio Vitória, o que não é mentira:
– Será mais fácil se a obra da “Via Expressa” sair. Precisamos resolver o problema da mobilidade do estádio pra que os investidores se aproximem do nosso estádio e a gente possa, finalmente, partir de forma efetiva pra modernizar o Barradão – respondeu.
Outros assuntos
Conhecido como um dos times que mais revelam jogadores não só no Brasil, mas no mundo, colocando no futebol nomes como Dida, Bebeto, Vampeta, David Luiz e entre outros, o Esporte Clube Vitória sempre investiu nesse quesito. As diviões de base do time são os pupilos do Conselho e da Diretoria. Em 2013, Ney Franco também soube se beneficiar disto. Um grande exemplo é a revelação do volante Marcelo. Pensando assim, não só o treinador, mas também toda a gestão, juntando o futebol de fora (contratados) com os de dentro (jogadores da base), é possível sim que o time faça uma campanha ainda melhor em anos vindouros, e até melhor que aquela de 1999 de um elenco misto entre experientes e jovens promessas das diviões de base. Para Falcão, a importância é verdadeira seja no que se refere às divisões de base ou ao profissional:
– O Vitória já é agressivo na base. Nosso orçamento de 2013 pra 2014 é muito próximo (entre R$ 60 mi e R$ 70 mi). Sei que o número da nossa folha será próxima. Temos que obter mais resultados com os mesmos investimentos – revelou ao portal.
Algumas vezes já indagado sobre o plano de sócios, o Sou Mais Vitória, Adilson Baptista, diretor de marketing do Leão, já contou que em 2014 teremos novidades. A gente espera, o presidente também:
– No Sou Mais Vitória, estamos com algumas novidades que iremos anunciar em breve. O fortalecimento da nossa parceria com o Futebol Melhor, sorteios que irão motivar o torcedor a trazer amigos para se associarem – concluiu a entrevista.
Esperar para ver
Também, claro, não adianta formar opinião, seja a favor ou contra, assim tão cedo. É certo que a diretoria antiga – que é a mesma atual – errou, mas também soube se desculpar, assim como poderá continuar se desculpando e dando a volta por cima. Sim, muitos criticam a tal política “pés no chão”, porém sejamos sensatos: ela também já mostrou seus pontos positivos. Afinal, será que se os pés tivessem ficados no alto durante todo esse tempo, teríamos, hoje, um time livre de grandes déficits e dívidas? Será que jogadores deixariam de vir para cá por medo de “calotes” e promessas mentirosas? Às vezes, loucuras não são bem-vindas.
Por outro lado, sempre buscamos as melhores contratações, aqueles jogadores que cheguem, vistam a camisa e definam. Contudo, tudo tem seu custo e infelizmente nem todo mundo pode custear. Daí, então, nasce o primeiro passo: se associar. Somente assim você estará ajudando o Vitória a se tornar cada vez mais forte e imponente no cenário futebolístico nacional. Depois, aí sim, você critica e busca indagar, afinal, pode você exigir se não se doa?
Foto: Reprodução / TV Itapoan
