Início Entrevistas Caíque Sá, do geladinho ao Sonic Rubro-Negro

Caíque Sá, do geladinho ao Sonic Rubro-Negro

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Foto: Tiago Caldas/Arena Rubro-Negra

De fala mansa, mas ciente de onde quer chegar, o lateral-direito Caíque Sá concedeu entrevista exclusiva ao Arena Rubro-Negra nesta semana e contou um pouco do caminho que percorreu no futebol desde Riachão do Jacuípe, onde nasceu, até chegar ao Vitória. Da família humilde, mantida a base da venda de geladinhos da mãe guerreira, até o apelido de Sonic Rubro-Negro pela característica velocista, Caíque busca cada vez mais espaço no Leão e promete esforço total pela arrancada do Vitória no segundo turno do Brasileiro. “Eu vou dar muita alegria à torcida do Vitória ainda”, sentencia.

Arena Rubro-Negra: Como foi a sua trajetória no futebol até chegar ao Vitória?

Caíque Sá: Então, meu primeiro ano de futebol profissional foi na Jacuipense em 2011, com 19 anos. Naquele ano, o Jacuipense não conseguiu o acesso para a Primeira Divisão do Baiano. Já em 2012, nós conseguimos o acesso com o excelente treinador que nós tínhamos, o ex-jogador do Vitória, Rodrigo Chagas e o auxiliar dele, Uéslei Pitbull, que me deram grande apoio e foi quando eu pude jogar todos os jogos. Naquela época, eu era volante. Já na Copa Governador do Estado, em 2012, o Uéslei, que assumiu a equipe, precisou de um lateral-direito e me colocou onde sou feliz até hoje (na lateral). Em 2013, eu joguei o Baiano pela Jacuipense e depois fui emprestado ao Sampaio Corrêa. Em 2014, joguei o Baiano novamente pela Jacuipense, depois joguei a série D pela Jacuipense. Foi quando fui contratado pelo Confiança de Sergipe. E aí joguei o Sergipano, a Copa do Nordeste e a Série C e fiquei no Confiança até o final de 2016. Já em 2017, disputei o Catarinense pelo Joinville, fui o segundo melhor lateral-direito do campeonato e hoje estou aqui no Vitória.

Arena Rubro-Negra: Quais foram as dificuldades que você encontrou no início da carreira?

CS: Olha, eu ralei muito. As dificuldades sempre existem em qualquer área. Mas eu sempre dei meu melhor e hoje estou muito feliz no Vitória. Graças a Deus, isso foi fruto de muito trabalho. Minha família sempre me apoiou, mesmo com as dificuldades. Minha mãe sempre me ajudou, com as condições mínimas que tinha. Uma pessoa tão humilde que vendia geladinho e pãozinho para sustentar a nossa família. Minha mãe foi uma guerreira, sempre buscou dar o melhor para nós. E agora, quem tem de correr atrás para dar o melhor para ela sou eu.

Arena Rubro-Negra: Você passou pela Jacuipense, que é aqui no estado, mas teve de ir lá para Santa Catarina, se destacar lá, para que o futebol do Vitória pudesse te visualizar e contratar. Você acredita que os times baianos, em geral, tem essa dificuldade de olhar, analisar e buscar o jogador do interior?

CS: Eu acredito que, às vezes, a solução pode estar no interior. Mas no futebol cada um pensa de um jeito. Cada olhar é diferente. No momento em que você está em um clube pequeno, ninguém enxerga. Mas quando você vai subindo degrau por degrau, consegue chegar ao objetivo que é de jogar em um clube como o Vitória. Quem sonha chegar em um grande clube, nunca deve desistir. Eu, quando joguei aqui pela Copa Governador do Estado contra o Vitória, falei que ia jogar nesse clube. E, graças a Deus, consegui realizar esse sonho.

Arena Rubro-Negra: Você chegou ao Vitória em maio, mas só começou a jogar mesmo em julho. Mais de dois meses só treinando. Por que tanta demora de te colocarem em campo?

CS: O que eu acho que pesou mais foi porque eu nunca tinha jogado a série A do Brasileirão. E aí, a comissão técnica ficou com medo de me colocar em campo. Mas eu já tinha jogado contra Flamengo e Sport e isso para mim nunca foi motivo de medo. Aqui, eu treinava bem, fazia o que o Pet e o Gallo (treinadores da época) pediam e, quando a oportunidade apareceu, pude aproveitar.

Arena Rubro-Negra: O Vitória veio de três bons resultados até chegar à derrota amarga contra o Avaí. O retrospecto e o desempenho da equipe melhoraram depois da chegada do treinador Vágner Mancini. Foi o novo técnico que mudou tanto assim a equipe? Porque o time hoje está mais confiante.

CS: A chegada do professor Mancini foi muito importante. Não sei bem o que aconteceu, mas hoje o clima já mudou. O time está se doando em campo fazendo como ele pediu para dar a volta por cima. Infelizmente, nós jogamos muito bem contra o Avaí, mas a bola não quis entrar. Isso faz parte. O Avaí fez igual como fizemos contra o Flamengo, em que nós fomos com a equipe fechada, a espera do erro deles e conseguimos a vitória. Mas nós temos tudo para sair dessa situação, só depende de nós. Agora, vamos buscar esses três pontos lá contra o Corinthians. Como nós fizemos contra o Flamengo.

Arena Rubro-Negra: Recentemente, você foi perseguido pelos colegas para receber uma ovada no dia do aniversário. E como, diz o ditado, fugiu para as colinas. Agora, a rapaziada, além de Sonic, te chama de Homem-Aranha. Qual apelido que mais te agrada?

CS: Eu não ligo para apelido. Eu acho que isso é brincadeira dos amigos. Faz parte. Quando me chamam de Sonic, Pônei, Homem-Aranha, eu dou risada porque eu gosto da resenha também, não ligo (risos).

Arena Rubro-Negra: Essas brincadeiras mostram que o ambiente está melhor?

CS: Com certeza. Você vê todo mundo dando risada, todo mundo trabalhando com alegria. E é isso que é importante. Agora, é dar sequência nessa alegria com a arrancada do segundo turno, com mais vitórias.

Arena Rubro-Negra: Você está emprestado ao Vitória até o final do ano. Qual é o seu pensamento para o futuro? Outros clubes te procuraram ou o Leão é a sua prioridade?

CS: Eu tenho contrato com o Joinville até 2019. A mim não chegou nenhuma proposta. Se chegou, foi ao meu empresário. Mas acho que agora não é o momento de estar com a cabeça em outros clubes. Minha cabeça hoje está no Vitória. Nós estamos em um momento difícil e devemos estar focados o máximo possível para que os resultados venham. Se for para acontecer, que seja a vontade de Deus e que seja bom para mim, para o Vitória e para o Joinville. Eu tenho certeza que com o apoio que os jogadores e a comissão técnica têm me dado aqui, eu vou dar muita alegria à torcida do Vitória ainda.


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