Embora inaugurado em 1986, o Barradão não se tornou instantaneamente a casa do Vitória. Pelo contrário, o estádio que ainda não possuía, de fato, sua conclusão definitiva, acabou sendo deixado de lado pelas gestões que sucederam o responsável pela inauguração, José Rocha.

Para se ter uma ideia, em cinco anos de existência o Manoel Barradas recebeu somente quatro partidas, todas amistosas. O estádio foi abandonado e teve suas instalações depredadas, com fios elétricos, portas, janelas e equipamentos sanitários roubados, o gramado sem condições da prática esportiva e as arquibancadas em estado de deterioração.

Somente em 1990 é que, com o apoio do governo estadual, o Barradão voltou a receber atenção dos mandatários rubro-negros. Em 1991, o recém-eleito presidente Paulo Carneiro programou uma reinauguração para o estádio, uma semana após o rebaixamento do Vitória para a segunda divisão. Ele queria criar um “fato novo”, para afastar a impressão ruim de um descenso nos seus primeiros dias de mandato.

A reinauguração do Barradão aconteceu no dia 25 de agosto daquele ano, em um amistoso diante do Olímpia, do Paraguai, encerrado com um empate em 1 x 1. O Leão contou com um reforço midiático em campo, o ex-atleta rubro-negro Mário Sérgio.

"Esse é um momento histórico do nosso clube. Foram anos de luta, de sofrimento para ver a reinauguração desse estádio. O Vitoria é isso: força, fé e garra", discursou Paulo Carneiro, ao lado dos ex-presidentes José Rocha e Ademar Pinheiro Lemos Junior.
“Esse é um momento histórico do nosso clube. Foram anos de luta, de sofrimento para ver a reinauguração desse estádio. O Vitoria é isso: força, fé e garra”, discursou Paulo Carneiro, ao lado dos ex-presidentes José Rocha e Ademar Pinheiro Lemos Junior.

Mas ainda havia um grande empecilho na trajetória do Barradão. O Santuário não possuía iluminação artificial, o que inviabilizava os jogos noturnos. No entanto, mesmo com a dificuldade, o Vitória conseguiu mandar quase todos os jogos do torneio estadual no estádio, aos sábados e domingos durante o dia, disputando apenas uma partida com mando de campo rubro-negro na Fonte Nova, por ser em uma quarta-feira, evidentemente à noite.

Após isso, o Manoel Barradas viveu um novo período de estagnação. Entre 1992 e 1994 foram apenas 26 jogos disputados, sendo 15 partidas oficiais e 11 amistosos. O interessante é que o Leão saiu invicto desta sequência, vencendo 18 e empatando outras 8 partidas. O Barradão mostrava sua força.

Graças ao vice-campeonato nacional em 1993, o Vitória garantiu o apoio do governo estadual de Antonio Carlos Magalhães e do seu sucessor, Antonio Imbassahy, ambos rubro-negros, para instalar as torres de iluminação artificial. Em 1994, o sistema Siemens de “750 lux horizontal” foi inaugurado e o Leão enfim decretou o Barradão como, de fato, a sua única casa.

Era o início do divisor de águas na história do Esporte Clube Vitória.

Continua…

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