Acostumado a ver camisas dez de grande classe e fundamentais nos elencos a qual faziam parte, a torcida do Vitória já se encontrava incomodada com as atuações de Renato Cajá com o manto rubro-negro. Mesmo com as fracas exibições, Cajá poucas vezes integrou o banco de reservas.
Tendo na história atletas como Ramon Menezes e Petkovic, o Rubro-Negro baiano se viu obrigado a resolver o problema que estava atingindo as arquibancadas de forma que estava se encaminhado para a perda de paciência dos leoninos.
Famosos por armarem as jogadas, empurrarem os jogadores ao ataque e a ser o ponto de escape de qualquer time que se preze, o camisa dez tem perdido um pouco da sua importância nas equipes, é verdade, mas isso também é decorrente ao crescimento do nível técnico de jogadores de outras posições. Exemplo do nosso lateral Juan, que sempre jogou na ala, mas vem se destacando também no meio de campo.
Cajá, então, começou a se manifestar e criticar o torcedor que “pegava no seu pé”. “Os caras (torcedores) invés de apoiar vem ao estádio para criticar. Lá fora o apoio é dado de forma diferente”, disse. A partir desta declaração uma relação de amor e ódio se instalou entre jogador e arquibancada. Substituído por diversas vezes no intervalo e no segundo tempo, Renato Cajá se viu a mercê de vaias e de diversos clamores que pediam a sua saída da equipe titular.
Fator Ney Franco
Quando o técnico Ney Franco assumiu a equipe, Cajá teve uma segunda chance. O articulador ganhou a confiança do comandante e passou a ser exigido constantemente pelo treinador. Mas a grande atuação não vinha e a torcida continuava a criticar a escalação do atleta. Com a volta de Maxi Biancucchi aos treinamentos, comentaristas e torcedores já armavam o time titular sem o atual camisa dez.
Mesmo com todas essas especulações, Renato Cajá continuou no time. Na partida contra a Ponte Preta a sombra de Maxi voltava a rondar o meia e uma boa atuação era quase que obrigatória por parte do jogador. E a boa atuação aconteceu. Renato Cajá começou tímido, mas depois do gol ganhou mais confiança e literalmente incorporou um verdadeiro camisa dez.
Cajá, cobramos porque sabemos do seu potencial. Sabemos da sua qualidade com a perna esquerda e sua inteligência no setor de meio campo. O torcedor não quer um camisa dez estilo Messi ou Neymar, mas sim um atleta que vista o manto e saiba a responsabilidade de atuar como dez do Vitória. O seu desempenho contra a Ponte ainda não foi o ideal, mas já superou, e muito, várias atuações que você teve este ano. Então é isso, Cajá. Comprometimento e garra não fazem mal a ninguém. Pelo contrário, isso fará com que você seja um dos grandes responsáveis pela conquista desse sonho rubro-negro que é conquistar a vaga na Taça Libertadores da América.