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Goleiro do Vitória por 14 anos, Borges convive com diabetes e dificuldades financeiras

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Salários desconexos em relação à milhões de brasileiros, blindagem feita por dezenas de assessores e exposição constante na mídia: estes são alguns dos atributos que os jogadores de alto nível são acostumados a conviver no atual cenário do futebol nacional. É uma realidade com a qual os atletas de um clube tradicional do país, como o Vitória, estão acostumados. No entanto, em décadas passadas, o futebol ainda não reunia cifras exponenciais e profissionalismo amadurecido para garantir independência financeira aos ex-atletas. Prova disto é o ex-goleiro rubro-negro Borges que, aos 56 anos, trabalha como cozinheiro num bar que aluga campos sintéticos, no bairro de Cidade Nova, em Salvador. Convivendo com diabetes há sete anos, o ex-arqueiro, que defendeu o Leão por 14 anos, vive com dificuldades e procura outro emprego que lhe dê condições de cuidar da saúde.

“Eu perdi uns 45 kg. Para eu me recuperar tenho que sair de lá. Então, estou pedindo aos meus amigos para me arranjarem um trabalho melhor para eu poder cuidar da saúde”, explica, em entrevista ao Arena Rubro-Negra. “Lá, minha saúde está piorando cada vez mais. Eu só saio do trabalho para dormir. Não dá para fazer dieta e nada”, acrescenta.

A rotina atual de Borges contrasta com a dos tempos de atleta. Divorciado e morando sozinho no próprio bairro em que trabalha, ele inicia sua jornada diária de trabalho às 18h e larga às 2h. Faz a comida, entrega aos clientes e limpa a cozinha. “Eu vinha trabalhando com futebol e dava para fazer a dieta direitinho. Eu estava trabalhando em outro bar, na Rua da Força, na Mouraria, era de manhã. Dava para dar uma malhada e tudo. Depois que entrei nesse bar aí, não dá para fazer nada”, lamenta.

Ele é um dos jogadores com o período mais longevo dentro do Vitória. Esteve no clube entre 1982 e 1996. Nem sempre como titular, foi campeão baiano cinco vezes, vice-campeão da Série B e do Campeonato Brasileiro de 1993, num dos maiores elencos da história do clube.

Após a aposentadoria dentro dos gramados, ainda esteve no clube para uma importante conquista internacional: a antiga Nike Premier Cup Sub-15 – Etapa Mundial, em 2001. Foi campeão sobre o River Plate, em Berlim, num torneio que teve o Real Madrid como terceiro colocado. Ele era o treinador de goleiros da categoria.

Foto: Reprodução / Revista Placar

Depois do Vitória, ainda como jogador, rodou por clubes como Ypiranga, São Francisco do Conde, Bahia, Guarani de Divinópolis-MG e Confiança-SE, onde encerrou a carreira, em 1998. Como treinador de goleiros, esteve também no rival Bahia, além de Camaçari, Fluminense de Feira, Palmeiras Nordeste, Alecrim-RN e, por último, no PFC Cajazeiras, onde disputou a Série B do Campeonato Baiano de 2017. Perguntado se aceitaria uma proposta de um clube de menor estrutura do futebol, ele é enfático em negar. O motivo: a falta de calendário da modalidade para agremiações fora das principais divisões. “Time de interior eu não vou, não. Não tenho minha carteira assinada, não trabalho o ano todo. Eu só trabalho agora de carteira assinada. Me dê a garantia de um ano de trabalho, porque, senão, fico trabalhando dois ou três meses e não dá”, explica.

MÁGOA COM O VITÓRIA

Decepção é a palavra apontada por Borges como sentimento que possui hoje pelo clube. “Eu falo só com o pessoal que trabalha lá e Rodrigo [Chagas, treinador do sub-20] e Paulo Musse [treinador de goleiros do sub-20]… Emerson [Melo, coordenador das categorias de base] está lá na base”, revela. Ele também diz ter relação com o supervisor de futebol rubro-negro, Mário Silva.

“Eu não sou de ir no Vitória. Eu não gosto de ficar pedindo nada a ninguém, não. Eles não olham para ex-jogador nenhum, não. Não é igual ao Bahia que ajuda muita gente que está precisando”, cobra.

No entanto, mesmo com o esquecimento por parte da instituição nos últimos anos, ele tem esperança de voltar, sobretudo com a volta de Paulo Carneiro á presidência. “Espero que o Vitória me procure. Seria uma boa trabalhar com os meninos pequenos… Eu cheguei lá primeiro até que Paulo Carneiro. Eu cheguei em 1982 e ele em 1989″, conta. “Por conta dessas matérias na imprensa, alguns jogadores e algumas pessoas estão tentando arranjar alguma coisa”, emenda.

AJUDA

O Vitória, por meio de sua assessoria, repassou à imprensa os dados para quem quiser ajudar Borges.

Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 4824
Operação: 013
Conta poupança: 5976-8
Nome: Francisco Borges de Souza


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