Por Tiago Bittencourt*
Ainda não recebi contato de torcedor do Vitória em Vila Velha (ES), nem em São Luís (MA), nem em Cuiabá (MT), nem em Porto Alegre (RS), nem em Rio Branco (AC). Mas, deve ter esse povo por lá. Talvez, sem conhecerem outro rubro-negro para assistirem aos jogos, tirarem fotos com o manto sagrado e postarem no Facebook, ou mesmo alguém que saiba quem é esse Mansur que tanto criticam.
É uma alegria enorme encontrar um torcedor igual quando você mora em outro estado. Se se juntarem para promover o nome do Vitória, nem se fala. Criar uma torcida do clube fora da Bahia é algo de outro mundo.
A representação da identidade cultural de um povo está fortemente vinculada aos comportamentos das classes populares, aquelas que se mostram pelas ruas. E o que pode ser mais popular no Brasil do que o futebol?
Torcedor adora estádio cheio. Reforça o sentimento de pertencimento.
O ser humano não gosta de solidão.
Agora guarde essas duas palavras: identidade e pertencimento.
Bem, as pessoas têm níveis diferentes de apego ao clube que torcem. Nível 1: gosta um pouco de futebol e torce por um time só para constar. Nível 2: até têm camisa oficial, mas prefere ficar num barzinho com os amigos do que ir a um jogo. Nível 3: é dos loucos que, por exemplo, tatuam o escudo do time nas costas. Como eu.
Voltamos aos que moram fora da Bahia. Identidade e pertencimento são fatores que incentivam as reuniões destes torcedores emigrantes. E terminam por marcar território.
Aí, pergunto: como manter motivados os dos níveis 1 e 2 de apego quando eles estão a 1050 km, 1600 km, 2600 km, 3100 km, ou até 4500 km de distância da sua terra natal? Ou melhor, do Barradão, estádio que é como outra casa para o torcedor do Vitória.
Minimamente, o time precisa fazer jogos razoáveis, ter regularidade de resultados positivos e conquistar um título aqui, outro ali.
Não é o que acontece com o Vitória atualmente.
Quando vim morar em Brasília, ouvi relato de que diversas tentativas de agrupar a massa rubro-negra foram feitas. Talvez a falta de uma maior organização tenha contribuído, mas a fase tenebrosa no porão do futebol brasileiro, a Série C, e o entorno disso pesaram.
Hoje, para a Torcida Vitória Candango, criada quando 2014 já caminhava para o buraco, nem mesmo a tragédia do Campeonato Baiano deste ano é capaz de enfraquecer. Temos muito a crescer ainda, mas chegamos a um nível de estruturação que, nestes momentos difíceis, prevalecem os sentimentos de identidade e pertencimento.
Há iniciativas de torcidas rubro-negras em outros estados que precisam se desenvolver mais, outras estão apenas dando os primeiros passos e há aquelas que ainda estão por ser impulsionadas. Como fazer para que elas não se dissipem diante dessa fase horrorosa que vivemos?
Alguém disse que o futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes. Essa coisa “das menos importantes” é capaz de resgatar lembranças e emergir emoções. É isso que deve estar na cabeça de cada um.
Por isso, o email tiagobittencourt@arenarubronegra.com.br está aberto para receber informações e fotos de rubro-negros fora de Salvador. Divulgaremos sempre por aqui.
Pode dizer com toda certeza: vale a pena ser Vitória em qualquer parte do mundo.
ESTAMOS CONTIGO EM QUALQUER LUGAR!
*Tiago Bittencourt é jornalista e integrante do Vitória Candango, torcida do Leão no Distrito Federal – www.vitoriacandango.com.br.