Mudança de postura, retomada da confiança e uma rápida reação dentro do campeonato. Essa foi a tônica da primeira coletiva pós-jogo do técnico Vagner Mancini, que alcançou um empate sem gols diante do Cruzeiro, no Mineirão, em sua reestreia pelo Vitória.
“É interessante falar sobre isso porque eu também vi dessa forma. Vi o Vitória, durante 15, 20 minutos, bem fechado atrás, que era uma estratégia montada para que a nossa equipe tivesse como estudar o Cruzeiro dentro da partida. A partir dos 20 minutos, a equipe passou a se soltar mais. No início do segundo tempo, jogou muito mais no campo de ataque que o Cruzeiro. A partir dos 15 minutos, houve um certo equilíbro e o Cruzeiro passou a dominar. Enfim, eu vi um Vitória com uma postura muito interessante, de uma marcação forte no início do jogo, saindo rápido nos contra-ataques. Eu já havia percebido nesses dias de treinamento. Cheguei no clube na quarta-feira, senti uma equipe que sai rápido, faz uma transição meio-campo e ataque com muita velocidade e que precisava, no meu ver, de um pouco mais de organização. Pedi que nos estudássemos um pouco no começo do jogo, porque era importante que, com o decorrer da partida, a gente fosse se soltando gradativamente, e isso aconteceu. O Vitória teve chance de ganhar o jogo, assim como o Cruzeiro, mas a gente leva, além de um ponto importante, a certeza de que nós podemos fazer melhor no campeonato. Hoje foi uma mostra daquilo que a gente pode fazer quando há entrega. Não que não houvesse antes, mas essa entrega com obediência tática, organização e equilíbrio, tem tudo para dar certo”, afirmou.
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O novo treinador rubro-negro seguiu elogiando a postura da equipe na partida, além de comentar sobre o que pode ser importante para uma melhora dentro da competição.
“Se fosse feita essa pergunta antes da partida, eu iria dizer que o mais importante seria deixarmos uma excelente impressão para essa partida, fora de casa, diante do Cruzeiro, que na quarta-feira eliminou o Palmeiras [na Copa do Brasil], vinha de um jogo duríssimo. Era muito importante que a nossa postura fosse interessante. Depois do jogo, me sinto feliz porque vi uma equipe que pode melhorar muito, pode brigar em igualdade de condições com qualquer equipe, jogou dessa forma aqui, teve chance de vencer a partida, não se intimidou, estudou bem o Cruzeiro. Assim como naquele jogo diante da Chape, o Vitória também teve chances reais de levar a vitória. É lógico que é um início de trabalho, muita coisa para ser feita, ser acertada. O time ainda tem alguns apagões que me preocupam, mas, ao longo da competição, com certeza a gente vai melhorar e eu acredito muito na saída do Vitória do Z4. Pode, sim, ter uma bela reação”, projetou.
Mancini foi questionado se havia entrado no jogo com o intuito de buscar o empate, passando pela mudança de algumas peças, como a entrada do zagueiro Ramon, que atuou improvisado como volante.
“A entrada do Ramon era exatamente para que ele fosse um volante, à frente da zaga, porque não tendo o Willian Farias, a gente perde muito no sentido de marcação, todos os outros volantes do Vitória têm um sentido de marcação, mas também tem muito jogo, e eu tinha que ter alguém que ganhasse a primeira bola, tivesse força física… Por isso a opção de escalar o Ramon nessa função. É lógico que o empate acaba te beneficiando, porque você jogou fora de casa, mas diante do que foi a partida, a gente até lamenta de não ter levado a vitória, que seria sensacional. Acho que, para uma virada de campeonato, um início de trabalho, empatar fora de casa diante do Cruzeiro te dá moral, mas o mais importante de tudo, aquilo que já falei aqui na entrevista, foi a postura da equipe, a entrega dos jogadores dentro de uma estratégia que foi montada em três dias para o jogo. Estou aproveitando um lastro que eles já têm, de outros técnicos que aqui estiveram. É importante agora, que eu vá dando à equipe a minha cara”, enfatizou.
Depois disso, o assunto voltou a ser a retomada da confiança e autoestima, e como isso já pôde ser aplicado nesta partida, tendo em vista a impressão trazida pelos atletas após dois treinamentos comandados pelo novo treinador.
“É interessante porque nesses dias iniciais fiz exatamente isso. Tentei usar não só a parte tática no treinamento, como também a sensibilidade de perceber quem estava mais confiante no momento. Num time de futebol, não dá para você mudar todos os jogadores, por mais que haja pressão, a gente tem que tentar manter uma base. Tentei ao longo desses dias, que não foram muitos, mas que me deram a chance de enxergar alguns atletas que estavam emocionalmente melhores. Não quer dizer que essa equipe será a de quarta-feira, mas eu tenho que manter pelo menos 90%, para que eu passe a ganhar um padrão como time”, destacou.
Por fim, aproveitando que o Vitória volta a jogar em casa na próxima rodada, o técnico foi perguntado sobre um outro aspecto importante: a força do rubro-negro no Barradão. Já projetando a próxima partida, Mancini antecipou algumas mudanças que deverão ser feitas na equipe.
“É importante passar para o atleta que você jogar dentro do Barradão, com sua torcida a favor, você tem que ter intensidade, porque isso é o que faz a torcida do Vitória levantar, aplaudir e jogar junto com o time. Não sei se será o mesmo time, até porque o Yago lesionou-se, e certamente daqui até a quarta-feira ele não tem tempo hábil para voltar. Nós havíamos feito um revezamento entre Fernando Miguel e Caíque. O Fernando jogaria hoje, o Caíque vai jogar na quarta-feira, e, a partir de quinta-feira, vou definir quem vai seguir jogando. Em algumas outras posições, talvez a gente faça isso daí também, muito mais em função de um desgaste excessivo, não só deste jogo de hoje, mas do ano, que vem sendo massacrante com todas as equipes. Achei que o Vitória sentiu um pouquinho no final, e a metodologia de treinos está diretamente ligada a isso daí, espero que com a minha forma de trabalhar a gente tenha um ganho. Embora tenhamos tido até chances para ganhar a partida, acho que fisicamente a gente pode render mais”, concluiu.
Os atletas se reapresentam na manhã desta segunda-feira (31), quando haverá uma atividade destinada àqueles que atuaram por menos de 45 minutos. Os titulares terão um trabalho na academia. O próximo adversário será a Ponte Preta, nesta quarta-feira (2), às 21 horas, no Barradão.