Início Colunas Memórias do Leão Manoel Barradas: o homem por trás do nome Barradão

Manoel Barradas: o homem por trás do nome Barradão

852

Foto de Manoel Barradas. (Cŕeditos: Barradão: Alegria, Emoção e VItória)

O nome Manoel Barradas é ventilado na torcida rubro-negra durante muito tempo. Símbolo de um patrimônio enriquecedor do clube, o Barradão, estádio-santuário com mais de três de décadas, rende homenagem a um ex-dirigente e desportista do Esporte Clube Vitória.

Manoel Henrique da Silva Barradas nasceu em 23 de outubro de 1906. Português, era filho de Antônio Augusto da Silva Barradas e Laura Figueiredo Barradas. Mudaram-se para o Rio de Janeiro quando ele ainda era pequeno. Seu pai era literato e também fazia documentários experimentais, com temas voltados para a seca do Nordeste. O filho tomou o gosto do pai pela sétima arte, e acabou vindo a Salvador pela primeira vez em 1925 a custo de seu trabalho no audiovisual.

Foi na Boa Terra que conheceu Eloyna, com quem se casaria mais tarde. Em 1940 foi concedida por Getúlio Vargas a sua naturalização. E já estabelecido na capital baiana, começou a investir nos cinemas. Comprou o cinema Glória na Baixa dos Sapateiros, o qual mudou o nome para Aliança. E mais tarde, o cinema Guarani.

Se dedicou também ao ramo dos esportes. Se na capital federal fora desportista de Fluminense e Flamengo, na Bahia, dedicou-se ao Vitória, onde foi remador em provas disputadas pelo clube na Enseada dos Tainheiros. Daí em diante, participou da diretoria do clube. Em 1944, quando era o diretor de esportes, ofereceu para o artilheiro Siri, cinco cruzeiros por cada gol numa partida contra o Galícia. O craque não perdoou e fez sete na goleada em 9 a 1.

Em 1947, Barradas assumiu a presidência do clube. Nesse ano, lidou com o infame ‘caso Gringo’. Na ocasião, o craque do escrete do Vitória, conhecido como Gringo, fugiu para assinar contrato com o Flamengo. O imbróglio se sucedeu nas federações e Manoel teve que rodar cidades como Aracaju e Rio de Janeiro para impedir que o Flamengo levasse o atleta facilmente. Massacrado pela opinião da imprensa, ele quase entregou o cargo de presidente por desanimar-se com a situação. Na época, o Vitória ainda era clube amador e os contratos tinham poucos fundamentos, facilitando que clubes profissionais levassem os atletas preteridos.

No ano seguinte porém, continuou ativo como presidente do clube, tentando até mesmo marcar amistoso contra a equipe do Southampton, que encontrava-se no Brasil. Deixou a presidência em 1949 sem concretizar seu sonho de obter para o Vitória um estádio próprio. Tentou adquirir para o clube o Campo da Graça, o que não se sucedeu.

Apresentação da maquete do Barradão. Manoel Barradas encontra-se no centro da imagem. Ao seu lado direito o governador João Durval Carneiro, e a sua direita o presidente do clube José Rocha e o arquiteto Lev Smarcevski. (Créditos: Barradão: Alegria, Emoção e Vitória)

Porém, com o projeto do Barradão em curso, tocado por amigos pessoais seus, acabou a homenagem do nome do caldeirão rubro-negro cabendo a ele. A ideia inicial era de por o nome do governador João Durval Carneiro (seu genro), mas foi rejeitada pelo próprio, que propôs o nome do sogro para a nova praça esportiva.

Desta forma, o Barradão foi programado para ser inaugurado em 23 de outubro de 1986, aniversário de 80 anos do homenageado, mas acabou sendo inaugurado no dia 11 de novembro por conta de alguns atrasos. No dia da inauguração, Manoel, que era conselheiro do clube, emocionou-se e hasteou a bandeira do Vitória no mastro fincado no solo da nova casa rubro-negra. Realçando o sentido do antigo hino vermelho e preto que dizia: ‘O teu pavilhão, nós vamos erguer’.

Manoel Barradas hasteando a bandeira do Vitória na inauguração do Barradão. (Foto: Mário Bonfim)

Ali ele já convivia com a cardiopatia. Por um bom tempo, continuou visitando o estádio para ver como o mesmo estava sendo aprimorado, mas seu estado de saúde mais tarde o impossibilitara de prosseguir observando. Faleceu aos 87 anos, no dia 15 de maio de 1994, dois dias após o aniversário de 95 anos do Leão.

Obs: Informações retiradas do livro Barradão: Alegria, Emoção e Vitória.


Deixe sua opinião