Dia 21 de março de 2015, o Barradão recebia um pequeno público, algo em volta dos mesmos 5 mil de sempre. A vantagem era do rubro-negro, já que tinha vencido a primeira partida por 2×1. Seria irracional pensar que sairíamos dali eliminados em plena quarta de final do Campeonato Baiano. Aconteceu, e da pior forma possível. A esperança estava nos pés do maior artilheiro do estádio no final do jogo. Mas… Foi bizarro, algo jamais visto e sentido, mas o choro não descia, a raiva e a perplexidade imperavam.

A esperança era a Copa do Nordeste. Melhor campanha mesmo sem convencer 100% dos torcedores. Após um empate com gosto de “quero mais” em Fortaleza, a certeza de que dessa vez seria diferente. 11 de abril de 2015, um bom jogo, disputado até demais. Um santo fazendo milagre lá atrás e um renegado resolvendo lá na frente. Rogério abriu o placar e a eliminação no baiano por um momento foi esquecida. Por pouco tempo. Mais uma vez eliminados dentro do nosso santuário. Pior: mais uma vez pelo Ceará. Algo começava a se engasgar na garganta. O sentimento que antes era de amor passava a ser de revolta. A tristeza veio no dia seguinte, assim como as piadas, mas o choro custava a descer. Parece que ele mesmo falava que não era o momento certo.

O que já era ruim podia ficar pior? Claro! Faltava a cereja do bolo. Dia 19 de maio: o Asa de Arapiraca, pela Copa do Brasil. A que menos doeu, é verdade. O que doeu mesmo foi o cântico da torcida adversária em pleno Barradão: “Ão, ão, segunda divisão!” Oxente, mas o time alagoano nem estava na Série B! Viramos motivo de piada mesmo não sendo a piada.

A Série B chegou e com ela o volume das críticas. Presidente novo, uniforme vertical, jogadores afastados e novas peças chegando. A primeira partida mostrou que não seria nada fácil. Mais um revés dentro de casa. Veio Wesley Carvalho e Vágner Mancini, uma dupla que mudou o Vitória em pouquíssimo tempo. A caminhada todos já sabem como acabou.

Dia 21 de novembro de 2015: o dia da festa. Arena Fonte Nova lotada, primeiro mosaico da torcida, celebridades nas arquibancadas e mais uma vez eu ali. Cheguei a afirmar durante a Série B: “Acesso é obrigação! Não vou comemorar!” Obrigação era, sabemos disso, mas vai falar isso para o coração. Depois de um primeiro tempo tenso, onde os rivais estavam vencendo suas partidas, eis que aos 15 minutos do segundo tempo veio a mão divina. Escudero, chamado de Escudeus por parte da torcida, viu o impossível. Ali eu já estava em êxtase. Estava sem acreditar que o camisa 11 tinha feito aquilo. E logo as lágrimas vieram, aquelas mesmas lágrimas que custaram a cair contra Colo-Colo, Ceará e Asa. Aquelas lágrimas que pareciam falar: “Você não vai mais chorar de tristeza”. Aquelas lágrimas que fizeram um gigante de 1,90 de altura desabar. Parecia Davi e Golias. Uma pedrinha o derrubou. Um gol fez com que tudo viesse à tona.

Não deu tempo nem de enxugar as lágrimas e logo vieram o segundo e terceiro gol. Atrás deles, um filme. O filme que tinha tudo para acabar como terror, mas que assinou como uma bela e linda história de amor. Ao apito final e ao perceber a faixa escrita “Pra Série A sou eu que vou” cair das estruturas da Arena, a ficha caiu. O fardo nas costas foi retirado e a alegria, ainda contagiante, foi espalhada por onde olhava e andava.

E o choro? O choro deu adeus. Me disse que nunca mais viria em forma de tristeza, viria apenas em forma de alegria e acompanhado de um belo sorriso.

Subimos.


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